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RESENHA FESTIVAL DOSOL – FOLHA DE PERNAMBUCO

NATAL (RN) – Existem alguns detalhes na música independente que só conseguem ser percebidos quando se está no Festival DoSol, que terminou no último domingo em Natal. O produtor do evento, Anderson Foca, comanda a troca de palcos, dá uma bronca na banda que atrasou e dá entrevista tudo ao mesmo tempo. Ele, e quase sua equipe inteira, cantam todas as músicas das atrações. Na noite de encerramento, durante o show do Matanza (RJ), até subiram no palco e pularam no público, junto com a onda de “mosh” que marcou o festival.
Este foi o único evento da Associação Brasileira de Festivais Independentes (Abrafin) realizado totalmente sem patrocínio. Foca e sua equipe conseguiram reunir 47 bandas numa maratona que começava às 15h e só encerrava de madrugada, numa dinâmica de correria entre dois palcos para quem não quisesse perder um só segundo. O DoSol trouxe ao Nordeste um formato de festival ainda inédito na região, similar ao Goiânia Noise. No lugar de valorizar palcos grandes, os shows aconteciam em duas casas fechadas, com um espaço para circulação.
Nessa peneira de tantas bandas, se destacaram shows do Motherhell (PB) e Monophone (CE) na primeira noite, Arquivo (RN) e Rockefellers (GO) no sábado e Ravanes (RN) e Ataque Periférico (RJ) no encerramento. O DoSol conseguiu, com bandas apenas de médio porte, uma das melhores escalações de atrações principais. Cachorro Grande, Rock Rocket (SP) e Matanza teriam sido suficientes para fazer deste um bom festival, mas Jason (RJ), Honkers (BA) e Zefirina Bomba (PB) fizeram momentos verdadeiramente inesquecíveis.
O DoSol movimentou outros dois festivais no Nordeste. O “Aumenta”, que é Rock na Paraíba, e o “Ponto CE”, em Fortaleza. Jason e os australianos do Nation Blue foram as únicas a tocar nos três palcos. A banda carioca agora é acompanhada pelo baterista Barba, ex-Los Hermanos, que arriscou uma comparação. “A única coisa em comum entre os festivais era o Nordeste, porque todos foram de estilos bem diferentes. Um lembrava tipo festival de verão, de tão grande”, e sobre os formatos, não teve duvida “gostei mais desse aqui em Natal”.
Quem estava mais impressionado eram os “gringos” do Nation Blue. “Na Austrália não existem festivais assim. Se você juntar dez bandas, as pessoas só chegam no final para assistir a mais famosa, aqui todos estão desde de tarde, isso é ótimo”, comparou o baixista Matt Weston. Além do novo formato, a produtora DoSol dá novos passos à frente na música independente. Criando um selo totalmente virtual, eles lançam singles na Internet e conquistam um público cantando todas as músicas dos shows. Prática que influenciou outras bandas locais, como a Jane Fonda, que já aparece como herói local, atraindo o maior público entre os potiguares.

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