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RESENHA FESTIVAL DOSOL – TRIBUNA DO NORTE

Sob o Céu da Ribeira

07/08/2007 – Tribuna do Norte

Tádzio França – Repórter

Dois palcos separados em um galpão e um bar, mais de 40 bandas e um pique quase atlético para acompanhar tudo em três dias. A terceira edição do independente Festival DoSol, ocorrida fim de semana passado na Ribeira, exigiu uma disposição abnegada do público rocker de Natal. Haja fôlego. Segundo a organização, 4.500 pessoas passaram pelo evento durante três dias, com picos de público sexta e domingo, e diferentes interesses pelos grupos apresentados. No geral, constatou-se que os headliners (atrações principais) brilharam merecidamente, e que um certo apelo para além do meio “indie” ainda se faz necessário num festival de música.

O DoSol 2007 trocou o extenso largo da rua Chile por um pequeno “estreito” fechado entre o sobrado do poeta Ferreira Itajubá e o Armazém Hall – que será inaugurado oficialmente na próxima sexta como nova casa de shows da cidade. A novidade, mais econômica devido a falta de patrocínio do festival, e que poderia se mostrar um incômodo para o público, acabou funcionando como um filtro para a audiência dos shows. A cada troca de palco – feita de meia em meia hora – a platéia “migrava” de um show a outro. Quem não estava interessado na banda da ocasião, ficava de fora, conferindo o burburinho.

O ponto negativo nessa história fica mesmo é para a Lei Câmara Cascudo, pois sem patrocínio o festival DoSol teve que perder terreno e retroceder ao invés de avançar. Quem sabe na 4ª edição.
Sexta-feira com jogo ganho

Na sexta-feira, o palco do Armazém Hall foi inaugurado “não oficialmente” pela banda local Baby Please. O rock de boa pegada blues e country levado pelo estilo moderadamente afetado do vocalista, embalou bem os primeiros ‘maratonistas’ rockers da noite. Pode-se dizer que a sexta foi o dia com a maior variedade de estilos dentro do rock. Se de um lado o Vitrola tentava mostrar que jaquetas de couro, riffs de Elvis Presley e outros clichês (como tocar “My generation”, do The Who) ainda são ‘cool’ para o rock, o sexteto cearense Monophone preferiu apontar para a “modernidade”: mostraram referências do rock atual – barulho, pianos, melodia presente e dançabilidade com funk de branco à Talking Heads. Mas faltou coesão para tantas idéias.

O Peixe Coco, banda local com boa estrada, já resolveu melhor sua mistura de rock vigoroso com acento funk. De leve, a banda incorporou o beat eletrônico e grave do DJ Papel (DuSouto); descompassou um pouco, mas agradou. Destaque para a cover do General Junkie, “Típico local”, que levantou a platéia. Mas, quando o assunto é hardcore – gênero tocado por várias bandas da noite e do festival – o pernambucano Vamoz deu lição: espasmo sônico bem resolvido que deu gosto de ouvir. Também de Pernambuco, o Volver enveredou pelos refrãos assobiáveis, de apelo indie. O grupo tem moral entre o povo mais antenado, percebe-se.

As bandas que já vieram e “venceram”, e que de “indie” têm só a atitude, justificaram o bom público da sexta. O carioca Mop Top instaurou a festa no Armazém Hall, com muita gente pulando, dançando e cantando suas letras; a versão bem pessoal de “The KKK took my baby away”, dos Ramones, deve ter espantado – um pouco – a pecha de “Strokes brasileiro”. O gaúcho Cachorro Grande já tem apelo e presença das bandas estreladas do pop nacional. Sabe conjugar levadas dançantes, rock clássico, blues, country, e até um baladão r&b romântico que fez a alegria dos casais presentes. A banda tem a postura de quem tem o público na mão. Jogo ganho.
The Honkers é destaque

O sábado repetiu o feito de ser o dia de menor público do DoSol.. A primeira seqüência de shows, a partir das 15h30 da tarde, investiu no hardcore sem dó nem piedade. O grande público pós-adolescente fortaleceu o clima de “matinê da pesada”. Após uma leva de pouca variação entre si, a noite esquentou de fato com os goianos do Rockafellers, que investiu na pose de matutos do Texas, e tocou country na velocidade do hardcore. Muita “marra”, pose de vaqueiros do mal e a pauleira correndo feito um touro bravo na pista, agradou em cheio.

Algumas bandas locais puderam exibir a empatia que possuem junto ao seu pequeno público. Caso do Jane Fonda e do Zero8Quatro: metal novo e punk velho que muita gente na platéia sabia cantar. O goiano cult Violins propôs o som mais plácido da noite, com melodias algo britânicas, letras em português e mensagens. A recepção foi fria. O duo brasiliense Lucy and the Popsonics pôde disparar suas batidas electro mais à vontade no pequeno bar DoSol do que no gigantesco palco do Mada, meses atrás. Mesmo assim, teve um problema de banda roqueira: a corda da guitarra quebrou.

Mas, em presença de palco, ninguém superou o baiano The Honkers. Enquanto a banda destilava hardcore, ska e rockabilly com muita propriedade, o vocal Rodrigo Sputter decretava a balbúrdia: subiu na janela por trás do palco e cantarolou “Stir it up”, de Bob Marley, com os pés balançando; muitos espasmos depois, correu para o mezanino, pendurou-se na grade, atirou uma cadeira lá de cima, voltou ao palco, deixou o guitarrista só de cueca, baixou as próprias calças e…bom, os mais puritanos devem ter se chocado. Depois dessa, sobrou para o paulistano Rock Rocket encerrar a noite com um festival acrobático de moshs dado pela platéia. Ultimo ato no teatro do rock.

Domingo de rock pesado e público recorde do festival

Como um liquificador humano, o terceiro e último dia do festival Dosol foi o que mais trouxe público para baixo dos palcos. Duas mil “cabeças” caminharam pelo pequeno trecho da rua Chile, entre o Armazém Hall e o DoSol. Cabeças girando, roupas pretas e rodas de pogo, era o cheiro da celebração do ritual que misturava bebida, agressão sonora e descarrego de energia.

O dia do metal e do hardcore começou pontualmente às 15h30, com as bandas potiguares Traumam, Psicomancia, Ravanes, Comando Etílico e Verdade Suprema, que fizeram o Pôr-do-sol tremer. O verdade Suprema começou sua apresentação às 17h30 com um público tímido. Com a característica de um grupo de rap, suas letras misturavam amor e ódio, chegando ao ponto de numa base de ragga sair o com o refrão “meu bem não vou deixar você partir”. O Ataque Periférico do Rio de Janeiro foi fiel a proposta do hardcore, que significa, ao pé da letra, uma variação extrema de algo. O som pesado dos cariocas eram pontuados pelo vocalista que anunciava o nome da próxima, sempre com referências a satã. Na mesma linha, o Insurrection Down manteve agitada a ciranda de pogo, em que o público se joga uns contra os outros, no ritmo do som.

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3 Comments

  1. Parabens!!!!!!

    O festival doSol está totalmente de parabens!!!

    apesar de não ter apoio da prefeitura fez um evendo
    simplismente inesquecivel para muitos ali presentes.

    Principalmente Eu …

    Sempre tive vontade de participar de um pogo …
    mas o medo de sair dali todo machucado não deixava ^^

    mas… a ultima banda do evento … sendo Matanza …
    Eu não poderia fazer essa disfeita né?!

    Completamente alucinado pelo som marcante dessa banda,
    enlouqueci completamente …

    Meu primeiro “pogo” com a banda Matanza …
    nunka vou esquecer ^^

    Parabens Galeraaaaaa

    Vocês que administram o evento são certamente os
    melhores realizadores de eventos deste mundo !!!

    Não canso de repetir…
    PARABENS GALERAAAAAA

    muito rockkkk

    flw ^^

    xD~~

  2. Ei foca pense num “jornalista” porreta que cobriu o evento! kkkk
    onde dhabo agente tocou base de “ragga” e cantou “meu bem não vou deixar vc partir” kkkk
    vou postar no youtube o publico “timido” trocando soco la embaixo pra o jornalista se lembrar se ele tava no mesmo festival!
    aproveitando agente até podia levar o cover do ramones que o the sinks levou na sexta!!! kkkkkkkk

    PS:E eu que pensei que eu tinha bebido!

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