Por Anderson Foca
Pandemia né? A gente tentando ver o futuro, lembrando do passado e vegetando no presente. Até que eu tava em boa posição no game, alojado na praia de Búzios naquele meio de ano de isolamento. Tinha conhecido de jeito bem parco Igor Fortunato em Janeiro lá em Mossoró, que é de onde ele vem, mas já tinha ouvido e visto seu talento como cantor e ator em outras oportunidades. Apita o zap com Igor me chamando pre’u opinar em composições que ele tinha guardado e resolvido lançar durante a pandemia. É sempre um momento tenso quando rola esse tipo de ação. Qual seria a reação dele seu eu não tivesse gostado? Quem me conhece sabe que se perguntam eu falo, mesmo bem longe de ser o rei da razão.
Comecei a dar o play nas músicas e fui amando aquilo. Pedi mais músicas e vi que ali tinha um fogo que há tempos eu não via. Fortunato é um compositor sólido, vivido e parece amar e desamar a serviço das canções de tão imagéticas e bem narradas que são suas letras. Ele também é perigoso, explosivo, mas ao mesmo tempo amável e amigo, quase um combo perfeito pra o nascedouro de um grande artista. Movido a ansiedade e realização, como todo culturete correria é.
Fui ser o diretor artístico desse trabalho com desafios bem grandes a seguir. Separar o ator do cantor foi logo o primeiro deles e na base da conversa fomos nos moldando. Senti a crueza das músicas e para isso decidi fazer uma gravação sem reboco e acabamento. Só uma banda tocando sem overdubs e um grande cantor defendendo suas ideias. Todo mundo nu. Recrutei os meus amigos que gostam de rock e desafios Yves, Ana Morena e Thiago. Batizei-os e assim criamos esse combo que você já pode ouvir por ai no que estamos chamando de Fortunato e os Jovens de Ontem.
Posso dizer com tranquilidade: tinha muito tempo que eu não me deparava com uma banda tão sólida, alinhada com músicas tão boas. Experimente agora que você não vai se arrepender.
