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RESENHA FESTVIAL DOSOL – JORNAL DE HOJE 1ª EDIÇÃO

Encerrado mais um Festival DoSol o saldo que fica é: coragem. Coragem da organização mesmo sem o dinheiro das leis de incentivo em levar a idéia adiante e fazer uma festa bonita. Se as atrações não agradaram a todos, e essa é a idéia de qualquer festival bom que se preze, umas por serem repetidas e outras por não terem lá tanta qualidade, a verdade é que o público prestigiou e gostou.

Os destaques da sexta foram The Sinks, Vamoz! (foto a esquerda) e Bugs. Duas potiguares e uma pernambucana. O The Sinks pelo rock simples, mas bem feito. Coisa que muitos tentam fazer e não conseguem. O Vamoz! é uma aula de guitar band, presença de palco e entrosamento. Barulhenta o suficiente para expulsar muitos do Rock Bar. Já o Bugs não é novidade para ninguém em fazer show bom, então, não é novidade ser destaque.

Paolo a cada dia se solta mais e as guitarras soam mais altas. Quem ficou devendo foi a Volver. Deixou de lado a equação bem feita entre rock sessentista e rock “moderno” para abraçar apenas o moderno. Ou para ser mais preciso, a banda deu uma strokizada no som. Termo não criado por mim. Foi tu Honório? Ou foi Alexis? Não lembro. O Cachorro Grande fechou a noite com um show bom. Teve muita gente que chiou. Não achei ruim não. Claro que prefiro as pedradas as baladas. Mas o show foi bom.

Em relação ao público, cerca de 1500 pessoas foram verificar o novo formato do festival dividido entre o DoSol Rock Bar e um galpão chamado de Armazém Hall. Em um espaço da rua Chile mais estreito, o que aproximou (no domingo espremeu) o público e as bandas. No meio um espaço para bater rango com espetinhos e cachorro quente. Capitaneados pelos pais e irmã de Foca. É isso mesmo, a família toda estava ajudando o evento a ser sucesso. E fique aqui registrado que o cachorro estava muito bom. Para os chegados ao vegetarianismo não tinha opção. Parte do público era composto por uma molecada com cabelo milimetricamente despenteado, que provavelmente estava lá para ver o Moptop. Aqueles que uns dizem ser a cópia brasileira dos Strokes e outros dizem ser uma banda boa com sonoridade própria. Boa concordo, com sonoridade própria não.

Sábado foi uma maratona impossível de ser cumprida por todos, por mim inclusive. 20 bandas começando antes das 16h. Destaques: Zefirina Bomba, The Honkers, Rockfellers, Bonnies e Jane Fonda. O Jane Fonda aonde vai arrasta a molecada para cantar as músicas em coro. Não gosto, nem dos berros de BS e nem do som que eles fazem. Mas ao que se pretendem fazer é bem feito. Os Bonnies fizeram um show bom, morno. Esperava mais. Problemas no cabo da guitarra de Tampa prejudicaram a banda, mas o show foi bom. Com direito a pedestal jogado para o alto que deixou Geladeira indignado. Se pega no Côco de alguém ia ser feio. Rockfellers veio de Goiânia para fazer um som que muitos disseram ser parecido com Hellacopters. Sinceramente prefiro os goianos, já que a presença de apenas uma guitarra torna o som mais pesado. Boa presença de palco do guitarrista cowboy. O Honkers (foto a esquerda) veio da Bahia para fazer mais uma apresentação incendiária. Para muitos a melhor do festival. Rodrigo Sputter fez de tudo que podia. Até roçar a bunda no guitarrista que estava só de cueca. Tocaram ska, tocaram rockabilly e em momentos mais violentos um psychobilly surgiu. Zefirina Bomba fez o show de sempre. Muito barulho. Viola noise comendo no centro e bateria e baixo no talo. “Aneurysm” findou a excelente apresentação. Rock Rocket (foto a direita) fez festa. Tocaram todos os hits da banda para o público cantar e por fim estavam no palco os integrantes do Honkers e do Zefirina. Como diria Fred 04: Tremenda Fuleiragem. Bola fora foi a Supergalo que mesmo tendo Fred, ex-Raimundos na bateria, e um rock meio pop, não agradou. Simples demais diante do que fizeram os outros.

O público, cerca de 1000 pessoas, continuava travestido de indie (seja lá o que for isso), ota ou não. Um amigo até comentou: “Rapaz, tá difícil saber o que é homem e mulher”. Hahahaha. E aí Fred 04? É ou não uma tremenda fuleiragem? Tinha até um moleque com a camisa do Bonde do Rolê. Mas por pouco tempo. Um dia, mais precisamente.

Quando o domingo chegou, trouxe consigo o maior público. 2000 pessoas. Quase todos de preto, é claro. Os indies? Um ou outro mais corajoso. O resto foi pra onde a maré levava e vestiu preto. Destaques para Jason, The Nation Blue, Levante, Expose Your Hate e Drunk Driver.

The Nation Blue veio da Austrália com um hardcore bom. Somado a isso integrantes meio insanos que de vez em quando resolvem se quebrar no palco. O ferimento na testa do guitarrista comprovava a história. O público mantinha a roda de pogo tímida. O show do Jason, que foi antes, levou a roda de pogo no DoSol Rock Bar quase as vias de fato. Um cidadão biritado não levou na esportiva as investidas violentas e quase saiu no tapa, quase. O público se jogou do palco, se bateu abaixo dele e cantou as músicas. Cantar é modo de dizer. Levante e Expose Your Hate mostraram boas performances cada um na sua praia. Hardcore com Metal e Trash Metal respectivamente. Desde a primeira vez que vi um show do Drunk Driver gostei. E aposto neles, se quiserem e fizerem esforço. Muito bom show apesar dos problemas técnicos. As cusparadas de cerveja chegaram ao auge deixando todos os integrantes molhados, até Catraca na bateria. E era do palco para o público e na via inversa. Muito bom show encerrado com cover de “O Dotadão” e bateria chutada abaixo.

Matanza fechou o festival com chave de ouro lotando o Armazém Hall e abrindo uma roda de pogo muito grande. Jimmy no palco se transforma e toma conta da putaria com o countrycore da banda. Porrada atrás de porrada a banda destila seus rocks embebidos de cerveja e letras de violência e ode a vida desregrada. A massa balançou de um lado pro outro sem controle espremida frente ao palco.

Quem tocou no bar, com exceção das headliners, foi beneficiado pelo aperto que fazia com que o público fizesse as vezes de vocalista em várias ocasiões e fosse mais bem recebido. O festival acabou e ficou uma ótima imagem de organização e força de vontade, tirando problemas que ocorrem em qualquer evento. Sem falar que agora os produtores podem botar o dedo na cara de quem quiser e dizer: “eu fiz um ótimo festival sem patrocínio”.

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