POR ALEX DE SOUZA
O segundo dia do Festival DoSol, neste sábado (4), foi um teste de fogo para qualquer roqueiro que se preze. Ao todo, 20 bandas desfilaram pelos palcos do Armazém Hall e do DoSol Rock Bar, traçando um verdadeiro panorama da cena musical independente brasileira e também das atuais tendências da música pop.
Foi possível perceber uma nítida divisão entre grupos que buscavam uma sonoridade mais de ‘indie’ (o que hoje em dia pode significar uma multiplicidade de influências) e os que se mostravam dissidentes e/ou seguidores do punk californiano – mais dançante e, às vezes, mais fútil.
Das 10 primeiras bandas da noite, saiu no lucro quem se apresentou no palco do DoSol. Além de uma proximidade do público, que compareceu em menor número que no primeiro dia, essas bandas puderam contar com um som mais saudável aos ouvidos alheios. O som do Armazém Hall estava tão insuportavelmente alto, que qualquer morcego num raio de cinco quilômetros deve ter ficado surdo, o que deve pegar mal nesses tempos ecologicamente corretos.
Toy Gunz e Lotus, bandas da casa, fizeram os primeiros shows. O Toy Gunz ainda está bem verde, numa pegada típica do Ramones, mas surpreendeu a velha guarda ao levar um cover de Blue Suede Shoes, de Carl Perkins.
A Secks Collins (SP) é mais uma a embarcar na onda emo e levou o público com menos de 17 anos à loucura. Os shows de Fliperama e Joseph K? também não trouxeram grandes novidades. Os rapazes do Arquivo mostraram uma evolução significativa nas novas composições da demo “Música para Meninas”. Com riffs bem colocados e letrinhas de amor, não fizeram feio.
A banda Enne, de Minas Gerais, fez tudo certinho, com boas músicas e um forte acento indie, mas sem empolgar a platéia.
As melhores do primeiro tempo do sábado foram mesmo a Stellabella (RJ) e o Red Run (CE). Rock nervoso, com letras em português e nítidas influências do grunge, com direito até a cover do Nirvana, levantou a galerinha que se concentrou em frente ao palco. Assim foi o Stellabella. Outra pancada foi o Red Run, que conseguia jogar até um certo ar new wave à apresentação. Sem pontas soltas.
O show do Allface é aquilo mesmo que todo mundo já conhece. A banda ganhou um reforço, com a entrada de Ana Morena no baixo, dando espaço a uma segunda guitarra, e mostrou que, se existe banda com público certo em Natal, são eles, o Jane Fonda e o Zero8quatro.
Os Rockfellers vieram para mostrar porque Goiás tem uma das melhores cenas rockers do país. Tocando um hard pesadíssimo, com fortes pitadas de country, apresentaram o set mais consistente da noite. Pau de dar em doido.