Existiria banda de rock sem foto? Ou melhor, existiria algum produto sem imagem? Não. A imagem é tão importante quanto a música que o artista faz. As roupas, os instrumentos, os acessórios. Tudo, geralmente, é feito de acordo com o espírito que a banda quer passar com suas músicas e apresentações. E o público compra por se identificar.
Hoje em dia, em todo evento musical, show do mais fuleiro que seja, lá estão as câmeras digitais, registrando as peripécias dos “astros” e do público para em instantes já estarem na realidade virtual para deleite de todos. Mas nem sempre foi assim, as câmeras já custaram muito caro. Era preciso comprar os filmes (lembram do filme?), abrir a câmera e colocar o filme, fazer as fotos com cuidado no enquadramento, na luz, e depois revelar. Isso mesmo, revelar. Ir numa loja, pagar pelas fotos. Hoje fotografia é coisa banal. Qualquer um compra uma câmera, faz as fotos (de qualquer maneira, se não prestar é só apagar e fazer de novo), baixa para o computador e imprime em casa mesmo. Ou então salva num cd. E tome programas para trabalhar a foto.
Outrora a fotografia foi considerada arte, hoje é coisa banal para a maioria. Mas ainda há quem veja a fotografia como uma arte, afinal, ela é irmã do cinema. E quem não trata a imagem como algo qualquer, faz dela um registro que pode se tornar histórico. Não fosse essa visão, não fosse os registros de centenas, de milhares de fotógrafos mundo afora, o rock não seria o que é. E Bob Gruen não teria lançado seu livro Rockers. Bob Gruen, entre outras coisas, foi o único que acompanhou o Sex Pistols. E foi ele o responsável pela última foto de John Lennon vivo. Sem falar nas inúmeras fotos históricas da cena Punk de Nova York. Ainda hoje ele segue fotografando bandas, como o White Stripes.
PEIDEI, mas não fui eu
Recentemente uma camiseta causou um certo frisson. Peidei, mas não fui eu. Se fosse apenas a frase solta, não daria em nada, no máximo sairia nas frases da “Veja”. Mas a frase estava estampada numa camiseta, ou seja, uma imagem. Por trás dessa frase-imagem há todo um contexto, todo um significado que muitos não entendem. Imagem vende. Não bastasse isso, quem vestia a camiseta era Lobão, centro de uma discussão de traição de ideais depois de abandonar o discurso pró-independência e assinar com a Sony. Será que é uma ironia com ele mesmo? Paralelamente o país passava pela novela Renan Calheiros. Lobão foi a Brasília com a camiseta. Aí fedeu. A prova de que a frase-imagem tem poder foi o fato de que numa entrevista para um programa da TV Senado, pediram para ele tirar a camiseta. Ele continuou a vestir a fedorenta em shows e a frente do “Debate MTV”, um programa que está mais para caos do que para debate, exatamente por tê-lo a frente. Muita gente deve ter se perguntado quem está por trás da frase e da camiseta. Lobão? Não. Quem criou foi José Maria Palmieri. A idéia surgiu da indignação diante da realidade brasileira, principalmente em Brasília. No Brasil mesmo quando tudo fica provado contra o cidadão, a cara de pau fala mais alto. Peidei, mas não fui eu.
Tudo começou com uma conversa entre Palmieri, Lobão e Regina, sua esposa. Palmieri falou da campanha que ia lançar chamada “PEIDEI, mas não fui eu”. Lobão abraçou a causa e diante da empolgação do lobo, Palmieri fez a camisa que entregou a ele dois dias depois no aeroporto Santos Dumont onde Lobão estava partindo para divulgar o show acústico. Chegando a Brasília, como foi dito acima, a coisa fedeu. Na carta-manifesto que Palmieri enviou a amigos, pode-se ver um misto de humor e indignação: “Um movimento democrático onde ricos e pobres se identificarão. Um movimento que começou silencioso mas deve explodir a qualquer momento com a convulsão das massas. Junte-se a nós e filie-se hoje mesmo ao PMNFE, mesmo que você não tenha mão amarela, aqui o que vale é a força invisível de cada um nesta marcha contra a cara-de-pau da classe política brasileira”. Mas o que a campanha “PEIDEI, mas não fui eu” tem a ver com fotografia de rock? Duas coisas: o poder da imagem e o fotógrafo João Maria Palmieri.
Palmieri em 1991, quando cursava Sociologia na UNB, aprendeu sozinho a fotografar. O rock já estava na sua vida por meio de um de seus irmãos que abriu com amigos o primeiro bar punk de Brasília, o Radicaos. Aos 12 anos Palmieri viu Legião Urbana, Plebe Rude, Capital Inicial, todas no início de carreira. Em 1991, Brasília possuía muitas bandas de rock boas, logo ele juntou a fome com a vontade de comer. Uma das bandas era o Little Quail and The Mad Birds, uma outra chamava-se Raimundos. Em 1993 ele fez uma exposição fotográfica intitulada Brasília-1992 Rock. Nesta época os Raimundos estavam parados e ao sair da exposição, Fred ligou para o Rodolfo: “Rodolfo temos que voltar com os Raimundos”. Segundo Palmieri a importância da exposição foi ter dado uma cara de cena ao que estava acontecendo lá. “Com a exposição o nome ficou mais conhecido em Brasília e muitas outras bandas me procuraram. No inicio de 93 a Revista Bizz fez uma matéria sobre essa cena e Carlos Eduardo Miranda me procurou para que eu fotografasse os Raimundos que nem disco ainda tinham. Esse trabalho para a Bizz me deixou muito animado para mudar para São Paulo e vi que algo iria acontecer a partir dali”. Palmieri se interessou pela fotografia muito cedo, aos 4 anos de idade, por influência do irmão mais velho que além de Medicina fazia fotografia por hobby. Entre 1991 e 1996 Palmieri também acompanhou o Little Quail: “Éramos como irmãos” e fez fotos de Ramones, Buzzcocks, Angra, entre outros. Fez também a capa do Júpiter Maçã. Em 2005 fez a capa e a matéria para a revista inglesa Straight no Chaser e acompanhou o DJ Gilles Peterson no Rio e SP entrevistando vários nomes da música Brasileira para podcasts da BBC Radio. Paralelo ao trabalho rockeiro, Palmieri fez até fotos publicitárias para o Banco do Brasil, prove de que seu trabalho é bem diversificado.
Camisetas políticas e de humor
Não bastasse contribuir com a fotografia para o rock, para a política e para a publicidade, Palmieri também se envolveu com camisetas de humor. “Angeli e Laerte sempre gostei desde adolescente e o Manara também foi muito marcante. O trabalho do francês Jano acho espetacular. Hoje no Brasil gosto muito do trabalho do Fido Nesti e MZK. O Allan Sieber também me agrada. Gosto da simplicidade no traço. Também sou fã do Henfil e ainda me impressiono o quanto é atual”. Para começar o trabalho das camisetas com desenhos de cartunistas, o fotógrafo contou com o apoio de Adão Iturrusgarai. Mas ele revela que esse negócio de camisetas sempre o atraiu: “Lembro aos treze anos, quando morava em Brasília em 1984, eu tinha uma camiseta da contra capa do disco Hyena, da Siouxie. A imagem era ela de quatro olhando para cima com aquele visual, e o logo em vermelho. Fiquei muito triste quando um amigo invejoso puxou minha camiseta até rasgar, só porque ele não conhecia nada de rock. Em 95 também participei de uma exposição da Vision Street Wear (atual Cavalera), onde cada fotógrafo dava sua visão da marca, eu peguei só as t-shirts para fotografar. Elas tinham estampas de cartazes de shows de rock da cena grunge. Fiz também foto de moda e também fui sócio da minha ex-namorada numa loja de roupas muito bacana na Vila Madalena em São Paulo. O Adão me ajudou a começar a marca. O Adão é um irmão”.
Gostou? Quer uma camiseta legal? É só acessar: Este Lado Para Cima, lá estão as camisetas de cartunistas, de bandas e a famosa PMNFE. E de hoje em diante, antes de bater aquela foto fuleira na câmera digital, pense duas vezes, ela pode ser uma foto histórica. E você personagem dela.
DEMO/CD Criar Som “Grand Look” (2005 – Alternative Recs)
Banda brasiliense segue um estilo musical ainda pouco dinfundido aqui em Brasilia, o famigerado D-beat. Na verdade só conheço duas bandas que seguem este estilo no DF o Besthoven e agora o Grand Look ambos do GamaPunkCitY.Apesar de serem bandas do mesmo estilo, tem diferenças gritantes entre si e forma de tocar bem peculiares. Grand Look é o CD de estreia da Demo “Criar Som” com 7 musicas: Pesadelo, Sob o signo da Morte, Homens-residuos, Criar Som (a unica composição melódica), Multidões subnutridas, o Sentinela do Abismo, e completa esta DEMO com Forças do Chaos. Tudo nesta DEMO me chama a atenção desde a musica bem elaborada um verdadeiro caos sonoro, passando pelo exelente vocal de Guto Valério e pelas composições da banda. A DEMO foi gerada no velho estilo Faça você mesmo, cd silkado, tudo muito bem feito apesar de achar que a banda poderia ter tido um melhor acabamento no encarte.Banda na ativa desde Dezembro de 2004 me parece que Brasilia acaba de ganhar mais uma legitima banda punk aos moldes de bandas oitentistas e ajudam a manter a chama punk acesa tanto visual como musicalmente.Banda recomentada apenas para fãs de Hardcore em estado bruto.
Banda formada por: Guto Valério (Vocal – Noisy Vochäos), Raynan Trabia (Guitarra – War Guitars), Neno (Baixo – Bass Disruptor), Felix (Bateria – Infernal Drum d-beater)Bandas Influentes: Anti-Cimex, Crude SS, Crow, Avskum, Discharge, Fear of War, Shitlickers, Puke, Appendix, Varaus, Nausea (U$A), Lobotomia, Skárnio, Broken Bones, Armagedom, Sacrilege, Heresy, Concrete Sox, Discard, Mob 47.
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