DoSol é foda mesmo…
Por Sérgio Vilar
Só elogios. É o que leio a respeito do Festival DoSol no twitter, em resenhas de jornais e depoimento de músicos e produtores. Nelsonrodriguiano, sempre concordei com a burrice da unanimidade. E achava que precisava tirar a prova. Sete edições de um dos maiores eventos musicais do Estado e nunca tinha ido – uma falta grave para um repórter de Cultura. Aproveitei a presença da Orquestra Contemporânea de Olinda e zarpei para a Ribeira. Antes, perguntei a Foca se venderia ingresso por volta das 21h. É que uma “reca” de amigo quis ir junto. Foca disse que eu era convidado. E entrar de graça só me atiça mais ainda a procurar defeito, só pra mostrar o contrário. Sou meio assim, do contra.
Fui lá com a patroa. Um casal amigo já tinha entrado. A primeira impressão foi agradável. Nem tanto por dar de cara com Alex de Souza na fila do banheiro químico. Mas pelo banheiro ser limpo. Isso é inédito em eventos do tipo. Pelo menos em Natal. A barulheira comia solta no Centro DoSol. Um enxame de gente por lá, pela rua, pelo Armazém Hall… Pensei se ali eu teria encontrado o primeiro defeito. Esperei mais um pouco pra ter certeza, sentir o clima. E achei que não. Ou ainda não. Talvez para os próximos anos fique pequeno, visto o crescimento do Festival. Por enquanto, o aperto ainda se traduz em “calor humano”.
A fila para comprar cerveja nem era tão grande. Com o “calor humano” ali, devia estar bem maior. Não sou tão fã da cerveja “estupidamente gelada”, e a temperatura da “galega” estava boa. Desceu redondo. Tanto que uma certa hora minha cabeça começou a girar. Estava ficando bêbado e o defeito não aparecia. Foi quando começou o show da Orquestra Contemporânea de Olinda. “Há de aparecer alguma coisa: som reiêra, briga, “calor desumano”, ou alguma coisa”, pensei. Nada. Showzaço. Ainda estou anestesiado. Meu coração virou batuque. Virei criança dançando ciranda; recifense em ritmo de frevo e maracatu. Se era fã, fiquei mais ainda. E tudo por causa do infiliz do Festival.
Não me dei por vencido. Nem por bêbado. Arregalava os olhos como podia. Resistia. “Sou brasileiro e repórter, e não desisto nunca”. Mas nem o cheiro de maconha era tão forte a ponto de gerar uma linha de reclamação. A galera presente também não era tão estereotipada como pensei, pelo menos para escrever uma piadinha, um trocadilho infame a respeito. E quando já me considerava vencido pelo Festival e pela cerveja, eis que justo ela me aparece como salvação. Sim, faltou cerveja! Perguntar a hora do fato é quase indagação inquisitorial. Mas passava das 0h, penso. Ainda assim, quis ficar. O tanque de combustível tava cheio. E o clima tava bacana. Fui convencido pelos amigos do contrário e fui embora, mas com a sensação de que o DoSol é foda mesmo; mesmo sem cerveja.