Os caminhos do rock
Músicos e produtores falam sobre a cena potiguar no dia mundial do rock
Ele nasceu causando pânico moral e hoje, embora não esteja totalmente domesticado, não só incorporou-se bem ao sistema como é uma de suas maiores vigas de sunstentação. O rock é o estilo musical que vende mais CD?s no mundo e hoje é comemorado o seu dia. Não exatamente pela data de seu nascimento, o que seria difícil de precisar, mas foi instituído no Live Aid de 1985 a data de 13 de julho como Dia Mundial do Rock. O evento tinha o intuito de captar recursos para aplacar a fome na África.
Ainda em seu berço o rock já se apresentava híbrido, com elementos de gospel, blues e jazz. A mutação continua e hoje o estilo em alguns casos incorpora a música eletrônica e também absorve a músical regional. Por outro lado, algumas bandas novas têm claramente resgatado sonoridades de décadas anteriores.
Vale registrar a morte anteontem de um personagem importante na história do rock, Syd Barret, um dos fundadores do grupo inglês Pink Floyd. Ele tinha 60 anos e vivia recluso em Londres, não tendo a cauda da morte revelada. Não participou da fase de maior destaque da banda, época do lançamento dos discos The Dark Side of The Moon, Wish You Were Here e The Wall. Porém Barret foi fundamental na formação do som psicodélico da banda.
O Diário de Natal ouviu produtores, músicos e diretores de selos sobre a mudança da cena rock potiguar nos útimos anos e abordou pontos como espaços para tocar, veiculação de trabalhos nas rádios e gravadoras.
Regionalização
O músico e produtor Anderson Foca comentou que ??as possibilidades de uma banda despontar para o cenário nacional são muito maiores hoje em dia. Já temos dois festivais, um rock bar e quatro selos. Aquela idéia de que a banda pra se dar bem, deveria ir para o sudeste está mais enfraquecida. Eu desejo um reforço da regionalização e setorização da cultura visando criar mais subsídios para novas bandas. A carreira de músico é muito incipiente em todo o mundo, portanto, se um jovem deve realmente viver de rock?n?roll, deve colocá-lo como uma questão prioritária??.
Foca também citou a necessidade de haver uma maior determinação por parte dos músicos e produtores. ??Eu acordo s seis horas da manhã e passo o dia voltado para isso. Só paro s dez da noite. A coisa deve ser encarada de maneira mais aguerrida, uma vez que o rock não é o estilo musical que tem a maior procura na nossa cidade. Acredito que as várias ações individuais vão resultar num coletivo interessante??, comentou Anderson.
Já o músico Paolo Bruno, baixista e vocalista da banda Bugs, falou sobre a perda das ilusões das bandas com o avanço da tecnologia. ??A praticidade da tecnologia gerou uma situação mais concreta, ou seja, ninguém fica mais esperando a grande chance como se esperava anteriormente. Havia muita ilusão ao se esperar o chamado de uma gravadora e estourar lá fora. Vejo isso como uma coisa boa. Com a pirataria, as gravadoras hoje estão cada vez mais seletivas. Só apostam em bandas que gerem lucro imediato.
Independente
O investimento de médio prazo acabou. O jeito é a galera se virar com a independência, mas Natal está crescendo e há uma necessidade de se criar um circuito. Ainda vejo uma necessidade de ir para os grandes centros, contudo é necessário elaborar uma uma sustentação mais sólida por aqui mesmo??, opinou Bruno.
Marcelo Morais, proprietário da Velvet Discos, percebe uma melhora na cena. ??Está bem melhor. Hoje temos festivais consolidados, uma vez que o Festival Do Sol já foi sucesso na sua primeira edição. Percebo na loja uma procura por bandas locais bem maior do que há seis anos. Considero haver uma melhora no que diz respeito ao espaço nas rádios, embora só tenhamos duas. Mas sei que as próprias bandas, com poucas exceções, têm pouco empenho em divulgar o seu trabalho aos programadores. Por outro lado, praticamente todas as bandas têm site ou comuniddades no Orkut. O rock vai sempre se reinventar, ultimamente ele vive de revivals, como esse dos anos 80 expresso em bandas como The Killers e Fraz Ferdinand.
Rodrigo Cruz, editor do site Rock Potiguar, acredita que a cena local está passando pela melhor fase de sua existência.??Há um profissionalismo maior por parte das bandas e a internet facilitou muito a vida delas. As bandas que estão se destacando estão mais autorais. Não acredito ainda numa auto-sustentabilidade, embora seja perceptível um aumento do público. Muitas bandas ainda mandam os vídeos para festivais como Ceará Music, Goiânia Noise Festival e o Porão do Rock em Brasília.