Por Alexis Peixoto– 13/04/2012
Boa parte do que foi escrito sobre Aracnophilia nesse mês e meio desde que o disco saiu parte do princípio de que se os Red Boots são só dois caras, guitarra e bateria, então eles obrigatoriamente tocam um rock com cara de (ou que quer ser) blues. Não que esse papo esteja de todo errado – “Tony’s Joint” é a música que faltou para fazer de El Camino um disco melhor – , mas enterrar a banda nessa vala só por conta da formação é no mínimo preguiça e, em estado mais grave, falta de estudo mesmo. Exemplos para contrariar a máxima de que nem toda dupla é blueseira não faltam e nem é preciso recorrer aos indies lá de fora pra isso: estão aí Julia Says e Robot Wars para não me deixar mentir.
No caso dos mossoroenses, o tal do blues está presente na receita, mas como elemento secundário. Vem ali num riff, numa frase ou numa letra que versa sobre a “vida loca” e pronto. O grande atrativo do disco é condensar essa e outras influências dentro dos limites – logístico e musicais – que a formação da banda supõe.
“Suicide”, primeiro single do álbum a cair na rede, é um exemplo emblemático. Construída num espaço mais delimitado que cena de crime, a música é praticamente toda em cima de um riff curto, que se repete às raias da asfixia durante os três minutos da faixa, com pequenos desvios de percurso. E é isso. Outras faixas – não por acaso as melhores do disco – seguem essa receita. “Hunter” é ainda melhor que a supracitada, com crueza punk e muque de thrash metal.