De: Cuiabá-MT
Selo: Independente
Para quem gosta de: Queens of the Stone Age, MQN, Amp
Cuiabá já deu mais que bons motivos para prestarmos atenção ao que vem de lá. Seus dois maiores expoentes, Macaco Bong e Vanguart, não apenas estavam no sentido contrário do que estava em evidência quando começaram, como conseguiram transformar seus gêneros – rock instrumental e folk – no centro das atenções desse meio. Sendo assim, quem começa a aparecer na programação de festivais de fora e no horário nobre dentro de casa, como a The Melt, vira motivo de grande expectativa.
Quando o trio começou em 2003, tinha outro nome e outra formação. Se chamava Headache e chegou a já chamar atenção da cidade nesse primeiro momento. Tanto que, em 2005, o nome deles criou eco até a cidade vizinha, Brasília, onde outro grupo com o mesmo nome ameaçou eles de processo caso não organizassem outra cerimônia de batizado. Quando viraram a The Melt, já tinham parte dos integrates originais fora. Quando foram convidados para tocar no Calango no ano seguinte, passaram a achar que podiam chegar mais longe. Passaram então por mais mudanças, para formar então essa banda que aparece aqui agora.
Esse vai e vem de integrantes também refletiu na música deles. A proposta original de rock garagem, simples e cru, se transformou em uma experiência pesada de stoner rock. Não é tão parecido assim com aquele que a Macaco Bong marcou na região, mas um que é mais rápido e direto, cantado em português e inglês. Com pouco tempo, chega até ser arriscado dizer que esse é o som definitivo da banda, já que eles nem lançaram o primeiro EP ainda, mas o fato é que por onde eles passam, chamam atenção. Bastou tocaram na mesmo noite do MQN para a própria banda Goiania subir no palco e cumprimentar eles.
Sendo de Cuiabá, capital nacional dos coletivos, eles também estão envolvidos com as ações do Espaço Cubo. A relação com a política da cidade conseguiu render um apoio financeiro para eles quando foram convidados para tocar no Bananada. Coisa que não acontece com bandas que nem lançaram mais do que três músicas no MySpace. No bate papo rápido que eu tive com eles, falaram sobre a história deles, sobre essa relação política e o que acontece lá no Centro Oeste do país. Quem respondeu foi o Diego Oliveira, guitarrista e backing vocal da banda.
O que vocês escutam por ai, quando não estão tocando e ensaiando? O que é que faz a cabeça da The Melt?
Ah gostamos muito de Kyuss , Melvins , QOTSA , Led zeppelin , Nebula , Amp , Mqn , Macaco Bong, Black Sabbath , Deep Purple , Jimi Hendrix , Motorhead , Dozer , MC5 , Nação Zumbi , Black Drawing Chalkers , The Atomic Bitchwax , Beatles , Pink Floyd , Cream , Mutantes , Foo FIghters , AC/DC , Fuzzly , Desert Sessions , Rhox , Lopes , Alice in Chains e ai vai..
Lembro que antes mesmo de gravar um primeiro EP, vocês já tinha conseguido apoio da prefeitura para comprar passagens até o Bananada. Como é essa relação das bandas de rock de Cuiabá com a política pública?
Pois é, a gente conseguiu a grana de apoio aquela vez. Mas só que até hoje não nos pagaram, ja to até ameaçado de morte hahahaha! Com a gente foi só essa vez mesmo, mas tem varias bandas que já captaram essa grana dos órgãos públicos , melhorou bastante em relação aos anos anteriores a 2003 onde só apoiavam banda de pagode, sertanojo, lambadão e os estilos típcos como o siriri e cururu. Eu fico puto da vida quando vejo bandas de sertanejo que realmente consegue viver mesmo recebendo esse apoio da prefeitura e do governo estadual. Poxa, se eles já tem a grana necessária para gravar, viajar e fazer shows gigantescos aqui, porque não deixam o pouco que tem pra quem realmente precisa, como as bandas de rock que contam na maioria das vezes com garotada nova que ainda estuda e faz faculdade e não tem condição de pagar R$ 5 mil pra gravar um disco.
Acho até que em função disso acaba desestimulando vários talentos que largam a musica pra trabalhar e estudar e garantir algo mais denso. Mas mesmo com tudo isso tudo, o que está acontecendo no cenário rock Cuiabano é graças ao apoio da Prefeitura e do Governo estadual. O Festival Calango, a Semana da Musica e vários outros Festivais aqui são graças a esses apoios que vem crescendo de forma positiva e organizada. O Espaço Cubo é um guerreiro que luta bravamente nessa questão e que faz de tudo pra melhorar o cenário não só local más o cenário nacional.
A banda está começando a tomar forma agora. Vocês já tocaram fora de casa, já estão no horário nobre dos festivais locais. Até onde pretendem chegar com a The Melt? A banda já está vindo antes do trabalho?
Pois é, o ano de 2008 foi excelente pra banda. Foi o ano que nós estávamos muito bem envolvidos com o cenário local, participamos praticamente de todas as produções dos eventos que aconteceram em Cuiabá. Desde carregar caixa até timbrando guitarras, mas só que começaram as cobranças em casa. Do tipo “e ai não vai arranjar um emprego pra ajudar a pagar as contas?”, “Não vai fazer faculdade?”. Neste momento o Fornalha (baixista) está trabalhando das 8h às 6h; eu estou fazendo faculdade e o nosso baterista, o Edson, está terminando o segundo grau. Em função disso estamos fazendo tudo na medida que não atrapalhe os estudos e o trabalho, mesmo porque infelizmente não da pra viver ainda da nossa musica.
E tudo isso que vocês conquistaram foi sem lançar ainda um disco. Vocês acham que ainda é importante lançar um álbum completo? Como vocês estão programando essa parte da carreira da banda?
Não, não achamos que seja importante lançar um disco completo de 12 faixas, confesso que estávamos empolgados em lançar um esse ano, mas nosso projeto foi negado pela secretaria estadual e nos impossibilitou de realizar o nosso CD e em função disso. Estamos preparando um EP de quatro a cinco faixas com ótima qualidade sonora pra esse ano ainda. Estamos batalhando pra conseguir captar dinheiro necessário para gravação que não é muito barato. Estamos falando de estúdio especialista no gênero rock, que são muito poucos e caros, mas acredito que esse ano sai algo sólido do The Melt.
Dois dos principais nomes hoje do cenário independente vieram de Cuiabá. As pessoas passaram a esperar mais da cidade. Isso influência vocês de alguma forma? Existe uma pressão para saber quem vai ser o próximo Vanguart e Macaco Bong?
É, Cuiabá já esta sendo um grande revelador de talentos. E te digo que não são poucos. Isso nos influência no sentido de fazer musicas com qualidade e de nos reinventar a cada momento que se compõe uma musica. Não queremos ficar taxados num único estilo, como vem acontecendo ultimamente dizendo que somos stoner (N.D.E.: Ops!). Apesar de glorificar esse estilo queremos aparecer sempre com coisas novas. Cara acho que essa pressão para saber quem vai ser o próximo Vanguart ou Macaco Bong pode acabar atrapalhando no desenvolvimento da banda, então a gente não fica arrancando os cabelos por causa disso, queremos o reconhecimento pela nossa musica.
Pensando nisso, quem vocês recomendam ai de Cuiabá para nós ouvirmos? Quais são as bandas legais da cidade que ainda não chamaram atenção dos festivais, jornais e blogs?
Aqui em hell city o que mais temos são bandas boas podemos citar Rhox, Snorks, Fuzzly, Lops, etc. O difícil é essas bandas não chamarem a atenção, porque estão sempre trampando e levam super a sério a questão musica/banda. Por isso sempre estão sendo vistas por blogs, jornais, etc…O lance é trampar para fazer a parada foda, para chamar atenção mesmo porque quem não é visto não é lembrado.
O cara citou 2 vezes o Fuzzly é uma banda que curto há um tempo, na praia do Medula, Turbo Negro e Black Sabbath. Tem qualidade sonora e nas composições, falta rodar o país metendo as caras. Sugiro até como um nome pro Festival DoSol.
FUZZLY É FUDIDO MESMO, JÁ SAQUEI NOS MYSPACES DA VIDA!!!
FODA!