Abril Pro Rock aposta em nomes internacionais e em revelações da nova safra da cena brasileira
Festival pernambucano realiza 18ª edição durante todo o mês, mas com os shows principais nesta sexta-feira e sábado.
Por Luciano Matos, Salvador/BA
Em poucos anos, o Festival Abril Pro Rock, em Recife, passou de palco de resistência do rock local para espaço de revelação de nomes para gravadoras. Com a crise da indústria e o fortalecimento do mercado independente, se consolidou como um dos principais eventos para apresentação da nova cena brasileira.
Com esse histórico nas costas e a responsabilidade de continuar interessante, o festival comemora seus 18 anos com um evento espalhado durante todo o mês em Recife, mas com foco nos dias 16 e 17, quando recebe alguns dos nomes mais relevantes da música atual no Brasil e convidados estrangeiros.
De volta ao Pavilhão do Centro de Convenções, o festival será palco nos dois dias tradicionais de mais de 20 bandas nacionais e internacionais. Entre os gringos, o ex-vocalista do Iron Maiden, Blaze Bayley; a banda americana Agent Orange, umas das primeiras a misturar punk com surf music, e a inglesa The Varukers, que realiza turnê mundial comemorando 30 anos de punk hardore. Eles se apresentam no primeiro dia do evento, sexta, tradicional noite voltada para o rock pesado.
No sábado, o festival recebe um dos fundadores do hip hop e do funk, o DJ e produtor norteamericano Afrika Bambaataa, e o Instituto Mexicano Del Sonido, projeto do DJ e produtor mexicano Camilo Lara, que funde música popular com programações eletrônicas.
Se os estrangeiros ajudam a tornar o festival atraente, são os nomes da música brasileira contemporânea que o tornam atualizado e ainda mais interessante.
Veteranos como Ratos de Porão, na sexta, e Pato Fu, no sábado, servem como chamariz para a nova geração.
A noite de sons mais pesados traz ainda respeitados nomes do heavy metal nacional. Destaque para os paulistas da Claustrofobia, que, com 16 anos de estrada, começam a chamar atenção na Europa, de onde acabam de chegar de uma turnê, e para os mineiros do Eminence, que também estão com um pé no exterior.
A noite é completada com as bandas pernambucanas Terra Prima, Inner Demons Rise e Alkymenia, além do quarteto instrumental de surf music The Mullet Monster Máfia.
Diversidade Outra tradição que se tornou característica do Abril Pro Rock é a capacidade de reunir numa mesma noite uma gama de artistas de diversas sonoridades. A programação do sábado comprova que isso ainda é levado em conta, mesmo que o acento esteja mais no rock.
Além dos nomes citados acima, que tal mesclar o bom indie rock dos locais do The River Raid com a música brasileira do alagoano Wado? Ou o projeto 3 na Massa, com várias cantoras e um clima sensual de cabaré, com o som dark dos cearenses do Plastique Noir.
Há ainda o hard rock e mod dos sergipanos da Plástico Lunar, o garage rock do Bugs, do Rio Grande do Norte, e algumas das apostas do cenário independente, o rock pop do Nevilton, a tropicália moderna do Mini Box Lunar e o rock instrumental dos baianos da Vendo 147.
Festivais reforçam circuito para nova geração de bandas e artistas pelo País
Além do Abril Pro Rock, vários festivais também com foco na música independente e em novos artistas acontecem nas próximas semanas, reforçando um circuito que tem feito uma nova geração de artistas e bandas circularem pelo país. Essa semana acontece a edição carioca do Festival Fora do Eixo, que começou em São Paulo, no último fim de semana e segue no Rio de Janeiro com nomes como Canastra, Brasov, Black Drawing Chalks, Porcas Borboletas, Do Amor e Macaco Bong.
Em Palmas, no Tocantins, acontece de 15 a 17 de abril o 7º Tendencies Rock Festival, que faz um apanhado das bandas locais mescladas com novos nomes do cenário nacional e alguns nomes de maior peso. Entre eles estão o ex-Legião Urbana, Dado Villa-Lobos, a reencarnação dos Raimundos e a atração internacional Blaze Bayley, ex-Iron Maiden.
Em Goiânia, de 19 a 22 de maio, será realizado o Festival Bananada, conhecido por apostar em nomes que estejam despontando até mesmo no cenário independente, além de reforçar o cenário local. Comprovando isso, a edição desse ano tem como destaques nomes como Burro Morto (PB), Nevilton (PR), Camarones Orquestra Guitarrística (RN), Plástico Lunar (SE), Caldo de Piaba (AC), os baianos da Vendo 147, além de 25 bandas locais, entre elas a badaladas Violins e Black Drawing Chalks.
A temporada de festivais nesse primeiro semestre tem ainda o Festival Goma, em Uberlândia, Minas Gerais, que aproveita algumas bandas que estão realizando turnê pelo país, como os paraibanos do Burro Morto e Nublado e a Camarones, de Natal, além de artistas da região.