Clipping

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O Festival DoSol já começou. Depois de uma pequena prévia no DoSol Rock Bar com shows de seis das melhores bandas independentes do cenário nacional, mais a local Allface, para a gravação do programa MTV Banda Antes, a cidade já pede por mais. Começa a contagem regressiva para os três dias de música independente que irão rolar nos dias 04, 05 e 06 de agosto, no Largo da Rua Chile. A equipe do Rock Potiguar esteve na casa do produtor Anderson Foca para saber mais sobre o Festival que, embora ainda esteja em sua segunda edição, já promete se equiparar a outros grandes eventos musicais dos grandes centros brasileiros.

Qual a principal diferença entre o Festival desse ano e o do ano anterior, em relação à estrutura? Houve uma evolução?

Anderson Foca – Houve uma evolução técnica já de cara, de um dia a mais. Ano passado a gente fez um sábado e um domingo e esse ano já estamos começando na sexta-feira. Isso já é uma evolução muito grande. E também a prévia, que a gente conta como um dia oficial do Festival. Ano passado a gente teve uma banda, que foi o Ludov e teve o Base Livre lançando cd. Esse ano a gente teve seis bandas de fora e mais o Allface, gravando programa pra MTV. Isso já foi um avanço bacana, já deixou a cidade com cara de que está pronta pra um grande evento, um grande festival. Em relação a estrutura, é muito parecida com a do ano passado. Os shows vão começar no DoSol Rock Bar, com exceção da sexta que já começa lá fora, dois palcos grandes… Agora, a gente tem um upgrade na estrutura física do pessoal do fornecimento. Esse ano a luz é de Castelo Casado, que é a melhor luz do estado, o palco vai ser maior… Na questão de som, amplificadores, também foi feito um upgrade. Esse ano vamos ter uma ambientação melhor no Largo (da Rua Chile) também, uma luz especial pro evento.

E qual o critério de seleção para as bandas entrarem no Festival?

É basicamente o mesmo de todos os festivais de música independente do Brasil. A gente recebe alguns cds e assiste muito show. Eu tive a oportunidade esse ano de ir pro Goiânia Noise, Senhor Festival, pro Porto Musical…Então, pude ver vários shows Brasil afora. Porque se você ouvir só o cd é complicado. As vezes você escala uma banda pelo cd e a banda não responde a bronca no palco, então você tem que ter um lastro maior. E como eu tenho uma rede de informação muito grande entre produtores musicais e artísticos, toda banda que a curadoria do Festival se interessava, a gente ia perguntar sobre essa banda, o que ela tava fazendo, onde tava tocando. Acho também que é muito salutar pros festivais que haja um rodízio. Em relação às bandas de fora, a gente não repetiu nenhuma que veio no Festival passado por uma questão de estética nossa. E nem repetimos bandas de fora que tocaram no MADA, até para dar a possibilidade das pessoas daqui terem um leque maior de bandas que elas possam assistir. E pras bandas locais, a gente deu prioridade às bandas que tão lançando ou lançaram cd esse ano, que já estão com um trabalho mais atualizado, que tão na correria, tocando. Quase todas que estão lançando disco, estão no Festival.

Quantos discos você recebe por mês, em média, pra avaliação?

Por mês eu não sei te dizer, cara. Mas esse ano a gente bateu um recorde, que foi foda: recebemos cerca de 800 cds. Do Goiânia Noise, eu voltei com uns 150. Do Porto Musical, eu saí com mais uns 70, 80. E como a gente não tem um período de inscrição – a gente só diz quando vai sair a escalação oficial, mas recebemos material o ano inteiro – batemos essa casa de quase 800 cds. E dentre esses muita coisa boa, que infelizmente não entrou no Festival.

Teve alguma em especial que deu uma pena de deixar de fora?

Ah, várias. Várias mesmo. Sapatos Bicolores mandou cd, que é uma banda fudida de Brasília. O Eskimó, que é a banda do Patrick Laplan (ex-Rodox e ex- Los Hermanos), que é do Rio e pra mim foi um dos melhores EPs que eu ouvi no ano passado. Terminal Guadalupe, que foi o material mais curioso que eu recebi. Muitas bandas ótimas, o Rollin’ Chamas, de Goiânia, Violins…Putz, tem tantas.

Como é que a mídia local vem tratando o Festival? Há um apoio, ou ainda existe aquela mentalidade de que o que é daqui não vale a pena?

Acho que nos últimos quatro ou cinco anos a gente tem quebrado um pouco esse paradigma de que se é daqui não é bom, as pessoas não consomem ou não funciona. A mídia tem dado muito espaço, a gente tem conseguido bastante espaço nos cadernos de cultura…Porque o Festival não é só um festival em si: tem a prévia, tem o Pensando Música… tudo isso foi gerando pautas. O resultado está muito satisfatório, o clipping de tudo que já saiu até agora é muito grande e a tendência é aumentar. E nas TVs, com essa coisa da prévia, acho que fomos em todas, dar entrevista, falar sobre o Festival…Algumas vieram com uma curiosidade a mais, outras mais rasteiras, mas sempre dando espaço. Eu acredito que a mídia dá espaço a partir do momento em que você torna a sua ação importante. E isso em qualquer área: economia, política, cultura… Se as pessoas da cidade estão dando uma importância ao Festival, então a mídia reflete o que as pessoas querem ver.

Então, a mídia local hoje dá mais apoio do que anos anteriores?

Eu acho que sim. Hoje a gente tem programa de TV, que é pago pelo projeto da lei do Festival, mas o pessoal da RedeTV cedeu o espaço, vendeu bem mais barato, viabilizou para que o programa pudesse ir pro ar. Só isso já é foda, né? É uma coisa bem incomum pra Natal. O espaço está sendo bem mais satisfatório, então a tendência é a gente preencher os espaços. Não é só porque agora é o Festival que todo mundo dá espaço e depois vai esquecer. Depois do Festival vai ter banda lançando disco, gravando, fazendo clip…E esse material precisa ser veiculado.

O Festival DoSol já pode ser considerado uma vitrine nacional?

Vocês que têm que dizer isso na verdade, né? Quem tem que dizer isso são as bandas, as pessoas que trabalham na área…O meu papel não é esse. Agora, me orgulha receber bandas de fora que sabem o que está acontecendo por aqui. Como foi na prévia, por exemplo: todas as bandas que tocaram, foram bandas que a gente já conhece de outros lugares, que já sabem o que a gente faz, que já sabem o que esperar. E hoje em dia, o circuito Nordeste é o mais aguardado pelas bandas. E isso é o reflexo do que a gente faz aqui que chega até lá. Antigamente, pra eu conseguir que a MTV viesse aqui eu tinha que ir até São Paulo, bater na porta deles, apresentar o projeto. Hoje não, eles já mandam e-mail, perguntando se podem vir cobrir o Festival DoSol. Isso é uma diferença muito grande, de referencial. É por isso que a gente precisa entender um pouco mais o momento. Esses shows que estão acontecendo aqui em Natal nos últimos três, quatro anos, incluindo o MADA, têm sido um negócio absurdo. Hoje o cara que está aqui em Natal, viu os melhores shows independentes do Brasil dentro da cidade, sem precisar sair. Sem contar as bandas daqui, que não estão fazendo vergonhas às que vem.

Então Natal já é um pólo do cenário independente? As pessoas de fora têm prestado atenção no que se produz aqui?

Claro. Compare: ano passado, saindo do Festival DoSol, o Allface foi tocar no Goiânia Noise e Os Bonnies no Bananada, graças à presença do Fabrício (Nobre, produtor) por aqui, que viu os shows e chamou as bandas pra tocar lá. O Experiência Ápyus tocou no FMI, em Maceió, junto com Wando, Tom Zé, Bomsucesso Samba Clube. O Jane Fonda também fez alguns festivais… Então, a tendência é que a gente desperte cada vez mais curiosidade. Olha quem vem pro Festival esse ano: o Fabrício vem de novo, O Paulo André (do Abril Pro Rock e Porto Musical), a Fabiana Batistela, que faz o Curitiba Rock Festival E vem gente daq
ui do Nordeste também, Alagoas, Paraíba…

Que banda da cena potiguar que já não existe mais você queria ter no Festival?

O General Junkie. Eu gravei eles, produzi o disco deles. Ano passado a gente até cogitou gravar um segundo disco, mas infelizmente não foi possível. E tem também o Groisman, que tinha como vocalista o Roberto Sadovski, que hoje é editor geral da SET e é um potiguar. Seria muito bom se eles fossem ativos e pudessem aproveitar esse momento.

Por Alexis Peixoto e Henrique Pereira
29/07/2006

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