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SUOR, LÁGRIMAS E SALIVA

NAMORENA NEWS

Eu ando meio avessa às redes sociais. Tenho postado só pra cumprir tabela com cards oficiais e amenidades por causa de um sentimento de saturação mesmo. Vi uma matéria dizendo que a nova geração tem se afastado das redes sociais (que na verdade são plataforma de publicidade, né Martín Giraldo?) e que por isso estamos entrando FINALMENTE no declínio desse formato de interação (deve surgir outro pior ainda, mas me deixa ter esperança).

Eu tenho uma crença que é a seguinte: quanto mais a corda da tecnologia (que dá suporte a tanta coisa legal, mas também a coisas bizarras (será?) com a deep fake) puxa pra um lado, fazendo a gente viver num mundo comandado por algoritmos e perdendo completamente a ciência do que é real e do que não é, mais o outro lado da corda, aquele fincado na experiência presencial, palpável, olho no olho, sangue, suor, lágrimas e saliva, se fortalece.

Nunca foi tão importante o presencial, nunca foi tão fundamental estar junto fisicamente da outra pessoa. E não é uma questão da pós pandemia, é um sentimento a partir desse mundo online mesmo. Quando a minha mãe reclamava que eu não ia vê-la por causa da agenda enlouquecida da “produtora guerreira”, e eu dizia “mas mãe, a gente passa o dia todinho falando no zap”, e ela “mas no zap eu não consigo olhar no seu olho e ver como você está.” Eu entendo isso agora.

E apesar da gente tá cansado de saber que equilíbrio é tudo, um pouco de salada, um pouco de droga, a vida consiste nessa busca e acredito sinceramente que nunca encontrando. Eu estou retomando de forma constante a minha atividade online porque eu estou arrasando no encontros presenciais, vendo, ouvindo e conversando com muita gente incrível, e acho que preciso falar sobre isso. Retomar o “Namorena News”, por exemplo. Esse quadro onde imito o folhetim dos anos 90 ainda em papel da minha mãe (sempre ela) “Clotilde News”, onde ela exercia “a controvertida e excitante função de assessora de imprensa de si mesma” (sic) e distribuía pelo correio com os amigos e leitores curiosos.

Tem tanta coisa incrível acontecendo no mundo e acho legal falar sobre elas. Para ilustrar, um pouco das minhas últimas semanas: estive em contato com duas cenas importantes e rotas fundamentais nesse Brasil fora do eixão pra música brasileira. Vou fazer posts específicos sobre essas cenas porque realmente merecem. Em Cuiabá, conheci o SUMAC, que alegria presenciar um espaço como esse e ver uma turma tão engajada em fazer a coisa virar. Em Maceió, fui pela primeira vez ao Festival Carambola, vi shows arrebatadores de Margareth Menezes e Chico César e reconheci a cena de Maceió. Foi lindo voltar e voltarei muito. Em São Paulo, estive na NAVE dos parceiros queridos da Mídia Ninja, conversas necessárias de como o futuro da música brasileira passa incontestavelmente pela coletividade. No outro dia, eles ainda promoveram um encontro incrível com Maria Marighella que perdi porque estava em Cuiabá, fazendo aquilo que meu coração manda, fortalecendo a rota da música, o que fortalece também. Ainda em São Paulo, fui no lançamento do projeto fundamental e em contínuo desenvolvimento que é o WME. Revigorante ver tanta mulher incrível junta, guerreiras sem romantismo, brabas com orgulho e acolhedoras quando tem que ser. Me enche de esperança.

Quase não dormi nessa última semana, cheguei em Natal com uma demanda de trabalho absurda, porque a música e arte é movimento e o DoSol leva isso muito a sério. Só no primeiro semestre vamos ter DoSol Interior, Incubadora Dosol, Te Encontro na Música, muita circulação, a nossaSede Cultural com vários shows especiais, as bandas gravando e em breve (afinal, trabalhando para isso) circulando também e tem a vida, né gente? Que é isso e muito mais. E aí sempre surge “nossa como dá conta?” Eu acho que a vida né feita pra dar conta, não. A vida é pra seguir em movimento, fluída, às vezes tranquila, às vezes potente, às vezes difícil, mas sempre indo.

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