Matérias Especiais – Festival DoSol 2006
por: Lais Eiras
O mês do desgosto começa muito bem para o cenário independente nacional.
Já faz tempo que o eixo Rio-SP deixou de ser o palco principal dos acontecimentos do mundo do rock. Grandes festivais pipocam a todo momento Brasil afora apresentando o que há de melhor no cenário independente. Goiânia já se firmou como pólo de festivais com o Goiânia Noise e Bananada. O Nordeste já vem conquistando seu espaço na rota dos festivais há algum tempo com o Abril Pro Rock e, mais recentemente, com o MADA e Festival DoSol. Este último tem sua segunda edição marcada para agosto, em Natal.
Realizada pelo selo/produtora DoSol, a segunda edição do festival promete ser palco para uma sexta-feira regionalista, um sábado rock e um domingo “camisa preta”. Com muitas bandas locais, o festival conta também com a participação de headliners como Mundo Livre, Devotos e Dead Fish.
Além de shows, o festival terá também palestras; “Pensando Música – Ciclo de Palestras e Debates para o crescimento da Música Potiguar” visa discussões em busca do fortalecimento da cena local.
Seguindo a tendência dos festivais independentes, dois acontecimentos endossam o caráter do festival DoSol não apenas como show, mas como ponto de troca de idéias: o encontro do grupo de discussão Nordeste Independente e a reunião de Fanzines, com pessoas que produzem este importante meio de comunicação pelo país afora para troca de idéias e informações.
O grande atrativo da programação, além do ecletismo, é o convite a conhecer melhor a cena potiguar. A chance de debater idéias, além de ouvir boa música, enriquece o evento. Impossível não cumprir o objetivo de fortalecer o cenário independente.
Confira a entrevista com Anderson Foca, organizador do Festival:
O que vocês esperam do festival DoSol este ano? O que o público pode esperar?
O Festival está muito bem escalado então podemos esperar uma grande festa da música independente. Temos bandas de praticamente todas as vertentes se apresentando, três dias de rock com quase 40 atrações. Lançamentos de cds, clips, palestras e o melhor, muito rock n roll na veia! O público pode esperar, informação, novidades e ótimas bandas que é o que um festival de música independente pode oferecer de mais interessante.
Como nasceu o festival DoSol?
O Festival DoSol nasceu da idéia de termos um evento anual que pudesse conciliar e celebrar o que fazemos durante todo o ano no dosolrockbar e no selo. É uma espécie de comemoração anual da DoSol. Claro que o festival tem um alcance muito maior em toda a cena potiguar e até do Nordeste. Sem o dosolrockbar e os contatos e bandas que recebemos durante o ano inteiro seria muito difícil realizar um festival como o DoSol.
Como foram escolhidas as bandas? Qual foi a principal preocupação de vocês neste momento?
Tem uma curadoria que trabalha nesta escalação. Recebemos mais de 800 discos esse ano o que é um número realmente impressionante. Também fomos a vários festivais, assistimos shows, perguntamos opinião de outros produtores e aí sim escolhemos as bandas. Damos prioridade aquelas bandas que estão em divulgação dos seus discos para que o mercado independente, do qual fazemos parte, se fortaleça. A nossa preocupação maior é ser eclético, colocar bandas aptas a fazer bons shows e nunca esquecer de mostrar o novo, o inédito, o surpreendente. Acho que é por aí.
Como está o cenário independente em Natal? Você acredita que a realização de festivais como o MADA e o DoSol seriam uma causa ou um reflexo de um cenário favorável? É possível apontar alguns nomes mais promissores da atual cena potiguar?
O cenário independente de Natal vai muito bem, principalmente quando fazemos uma comparação com outros estados mais próximos, que estão com realidades econômicas e geográficas semelhantes. O MADA e o Festival DoSol nasceram em momentos diferentes. Acho que ao MADA se aplica a coisa da causa, foi o primeiro, o que se manteve em pé e é realizado até hoje. O Festival DoSol já é reflexo do trabalho do selo, das bandas e de muitas pessoas que correm atrás de uma melhora das condições do rock potiguar. Ter dois eventos com um porte nacional numa cidade como Natal é algo muito legal e que poucas cidades conseguem fazer. Todas as bandas que tocarão no Festival Dosol desse ano são bandas que estão com os trabalhos mais consistentes do momento. As que tocaram no MADA também. Todas estão num ótimo momento e quem puder assisitir aos shows vai conferir o que estou dizendo!
Qual seria o papel de um festival como o DoSol sob o ponto de vista das bandas, em especial as bandas de Natal?
Acho que o festival tem um papel disseminador das bandas muito importante. O Festival dosol , além de trazer imprensa do Brasil inteiro ainda tem informativos na televisão, na rádio, na internet, pod cast, site atuante e atualizado todos os dias. Isso reverbera o trabalho das bandas escaladas, atiça a curiosidade do público e todos saem ganhando. Acho que esse é o papel de um festival independente, tentar espaço para as bandas que seriam improváveis se o evento não existisse, ou pelo menos muito mais difíceis.
Previsões para o futuro
Quem, na opinião da correspondente do Zona Punk, vai “bombar” no Festival DoSol:
Parafusa (PE)
Mesclando regionalismo, samba, MPB e dose extra de lirismo, a banda pernambucana promete encantar e fazer dançar no primeiro dia do festival. Vá se ambientando em www.parafusa.com.br. Vale dar uma conferida no clipe “A história do Boi Tatau”.
Bois de Gerião (DF)
Rock, pop e ska fazem parte da receita da banda brasiliense, que também traz boas letras, com temática leve. A guitarra do ex-Prot(o) Rafael Farret pode ser considerada uma das melhores do país. Há chances do público ser presenteado com algum cover como no Porão do Rock, a inesquecível “No one knows” do Queens of The Stone Age. Promete agitar no segundo dia.
Walverdes (RS)
Também atração do sábado, da outra ponta do país, uma banda com presença de palco marcante. Gustavo Mini se torna um gigante a frente do power trio gaúcho. Anticontrole é o mais elogiado trabalho da banda que lançou ano passado Playback, com menos alvoroço, mas tão bom quanto.
Allface (RN)
A banda de Anderson Foca mistura Weezer, hardcore, boas letras e vocal limpo. Já há algum tempo se apresentando em festivais do Nordeste, é um dos expoentes do rock potiguar. Têm como “Billie Holiday” e a novíssima “6.000 anos” duas de suas melhores músicas. O Allface se apresenta no domingo.
Astronautas (PE)
Após mudanças na formação, muitos shows e sucesso do CD Electro-Cidade, os pernambucanos dão uma pausa na gravação do novo disco para se apresentarem em Natal. Rock e tecnologia fazem parte da estética inovadora do Astronautas. Destaque para a presença de palco do frontman André Frank. Eles estarão no palco no domingo.