Algumas bandas passam toda carreira querendo se encaixar perfeitamente em um rótulo. Outras têm como ambição passear pelas possibilidades da música, com o objetivo de não fazer “mais do mesmo”. O Seu Zé é o segundo tipo de banda. Isso mesmo, você não vai encontrar o cênico circense nesse disco novo. Em A Comedia Humana(2010) Seu Zé anda introspectivo.
A banda começou em 2003 com muita influencia do blues, xote e baião, e como aponta Lipe Tavares, vocalista e baixista do grupo, “foi daí que surgiu uma simbologia do nordeste”. O músico diz que a mudança de sonoridade foi um processo natural iniciado ainda no primeiro álbum, o Festival do Desconcerto. “Muito dessa imagem regional da banda foi culpa das três primeiras músicas: Plantando no céu e colhendo no inferno, Antônio Conselheiro e Coroné, que logo caíram no gosto do público, e acabamos usando para criar uma identidade para banda, mas não era o tema central de todas as músicas do CD.”
O disco A Comédia Humana foi feito na raça. Cinco anos após o lançamento do primeiro trabalho, a banda lança o CD sem nenhum apoio de edital ou patrocinador. O dinheiro usado para confecção foi todo retirado dos cachês que a banda apurou nesse intervalo de tempo. A idéia inicial era fazer quatro EP’s, com uma faixa multimídia cada. O primeiro chegou a ser lançado com o subtítulo de “Solidão”, “mas a idéia morreu no primeiro, tentar encaixar as músicas dentro de uma temática tava ficando forçado. Então resolvemos apostar em um disco só, com mais qualidade. A gente ainda acredita no disco, no CD bem acabado”, explica Lipe.