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ROCK CUIABANO: ENTREVISTA COM O MACACO BONG (MT)

Por Felipe Gurgel

Mais que uma banda, o Macaco Bong é quase uma entidade da música independente. Produtores do Instituto Cultural Espaço Cubo (MT), os cuiabanos carregam consigo duas novas formas de encarar a música: fazem um rock instrumental forte e bem trabalhado; além de assumirem a gestão da própria carreira. O título do 1° álbum recém-lançado, Artista Igual Pedreiro (Monstro Discos / Fora do Eixo Discos), é notório e defensor disso. A visão tem vingado e a banda chega ao Nordeste pela terceira vez. Ao Ceará, mais exatamente. Nesta quinta, 24, eles fecham a noite de mais uma edição do Projeto Pôr do Som, em Sobral, a 230km de Fortaleza. Sobrajazz e o Fossil completam a programação, que começa a partir das 20h. De graça.

Na sexta, 25, já na capital cearense, o Macaco é headliner da programação gratuita do III Festival BNB de Música Instrumental, no Centro Cultural BNB. Eles fecham uma seqüência dedicada ao instrumental contemporâneo, com as locais O Garfo e Fossil novamente, a partir das 16h. Encerrando a turnê, os “Bongs” são a atração de mais uma edição comemorativa dos 5 anos do projeto Noise 3D, a partir das 23h, no Music Box (Centro Dragão do Mar), em Fortaleza.

O baixista Ney Hugo falou da breve turnê. Pelo Ceará, ele, Bruno Kayapy (guitarra) e Ynaiã Benthroldo (bateria) nunca estiveram antes e Ney confirma a surpresa em conseguir circular pelo Estado mesmo em período de alta estação.

– O trio cumpre uma seqüência de três shows pelo Estado. Da forma que se definiu, essa turnê é surpreendente para vocês?
Ney: Com certeza. E vem acompanhada de uma sensação de satisfação. As únicas apresentações do Macaco na região Nordeste foram em Natal (RN), no MADA (2006), e em Recife (PE), no Rec Beat (2007). Como conseqüência do tamanho e abrangência desses festivais, a banda teve uma divulgação ampla na imprensa do Nordeste e até uma discreta, porém interessantíssima, formação de público. Inclusive em estados vizinhos, como o próprio Ceará. Vai ser massa.

Dia 25 vocês tocam no Festival BNB de Música Instrumental e a mídia local tem destacado que vocês, O Garfo e o Fossil – duas bandas cearenses de instrumental contemporâneo – farão um dos dias mais distintos do que se espera normalmente de um evento desse perfil. Você crê que estamos no melhor momento da música instrumental dentro da cena independente?
Ney: Certamente. Com a queda do esquema antigo do mercado fonográfico, as bandas, de um modo geral, começaram a ter muito mais autonomia em suas composições. Afinal, sem vínculos, ninguém teria que atender a nenhuma necessidade estética que o mercado (e/ou a gravadora impusesse). E, ao mesmo tempo, a cena independente surge com bandas de rock. Os roqueiros de outrora hoje produzem rock instrumental porque há demanda por esse tipo de sonoridade. Demanda essa criada pelos festivais independentes, que abriram espaço para novas manifestações artísticas e, conseqüentemente, estimularam o público a consumir novas sonoridades. Isso vale tanto para as bandas instrumentais, como para outras originalidades. É o caso do Porcas Borboletas (MG) ou do Trilobit (PR).

– Qual é a responsabilidade do Macaco Bong nisso?
Ney: O Macaco é uma das bandas que fazem parte desse time, que começaram a investir na cena independente como um todo. Seja como banda, investindo em viagens, prensagem, distribuição do material. Seja como produtores do Espaço Cubo, o que envolve um trabalho diário em cima da construção desse mercado, que ainda não está consolidado, mas caminha a passos largos.

– E qual é a referência que vocês, de Cuiabá, têm da cena do Ceará?
Ney: Temos contato justamente com as bandas que tocam conosco, no caso o Fossil, que já se apresentou em evento organizado pelo Espaço Cubo em Cuiabá. Temos também contato com o Coletivo Soma, que vem realizando ações culturais. Também com o próprio Noise 3D. Além disso, conhecemos também o Montage, que já se apresentou aqui nos festivais Grito Rock e Calango, e O Quarto das Cinzas, que já se apresentou no Calango e no Festival Fora do Eixo, realizado em São Paulo.

– Para fechar, vocês estão cientes de que Sobral é a cidade no Brasil que este ano registrou o maior número de terremotos?
Ney: Vixe, não sabia disso. Literalmente a terra vai tremer então (risos).

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