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RESENHA FESTIVAL DOSOL – SEGUNDO DIA (NO MINUTO) – PARTE 02 – PARTE 01

 POR VINICIUS MENNA

 Um é pouco, dois é bom, 20 é demais!

Nunca se viu tanta banda boa amontoada numa noite só, na cidade… DoSol.

A segunda metade do sábado (4) de Festival DoSol foi cansativa. Também pudera. Vinte bandas estiveram nos palcos do DoSol Rock Bar e Armazém Hall.

Banda já consagrada na cena rocker potiguar, a Jane Fonda subiu no palco do Armazém Hall com o jogo ganho. As músicas foram cantadas em coro pelo público que acompanha o grupo onde quer que ele vá.

O show foi regado a muito peso, um dos fortes da banda, em conjunto às letras radiofônicas. Um new metal numa linha pop. Influências? Certamente eles já ouviram muito Deftones.

Rodrigo BS foi destaque no show. Sua voz rasgada e o cabo do microfone enroscado ao braço, performance já conhecida do público natalense, empolgou o público.

Assim que a Jane Fonda acabou, era hora do grupo potiguar Zero8quatro fazer barulho no DoSol Rock Bar. Mais pesados do que nunca, eles aparentam ainda estar no mesmo ritmo dos shows de festivais anteriores. A banda não mudou muita coisa, mesmo após a troca de bateristas.

Agora com as baquetas de um antigo fã do grupo, a sonoridade do Zero8quatro continua competente, mas sem novidades do que já vinha sendo apresentado anteriormente. Esta pode ser a hora de investir em novas composições e idéias mais originais.

Apesar de um show que não traz nada de novo ao mundo do rock, o Zero8quatro fez uma apresentação que teve seu valor, certinha e bem executada.

Em seguida, o Violins, de Goiás, mostrou um rock de letras românticas e efeitos de teclado. Soma-se a isso o peso de uma guitarra distorcida que gera baladas agressivas.

O estilo da banda não contagiou o público do festival, que se deslocou do DoSol Rock Bar para o Armazém Hall, mas o show apresentado teve seus méritos, sendo bem executado.

Neste momento, as pessoas aparentavam estar um pouco dispersas. A incessante sucessão de bandas no dia era de deixar qualquer um com um parafuso a menos.

Chegou então a vez dos brasilienses do Lucy and the Popsonics. O DoSol Rock Bar ganhou um número considerável de pessoas, mas não chegou a lotar nem de longe. No início da apresentação, a voz um pouco baixa da vocalista deixou a desejar.

O grupo, ou melhor, a dupla – uma guitarra e um baixo somados a sampler – lembrou um Franz Ferdinand Feminino. Batidas pop e dance com baterias eletrônicas e efeitos de sampler deram à sonoridade do Lucy and The Popsonics um revestimento anos 80.

O que agitou mesmo o público – masculino – foi a declaração da vocalista Fernanda que, com a demora na resolução de alguns problemas técnicos, anunciou ao microfone: “Vou fazer uma striptease enquanto isso”.

O show ficou parado por um bom tempo. Entenda-se por “bom tempo” cinco minutos de pausa, o que é muito para quem tem meia hora para deixar seu recado em um festival.

Ao final do show do Lucy and the Popsonics, o Armazém Hall exibiu a apresentação mais insana do Festival DoSol. Subiu ao palco a baiana The Honkers, que deixou o público que ainda não conhecia o grupo de orelhas em pé.

O que impressionou mais do que o som da banda foi a performance do vocalista Rodrigo Sputter, que com suas estripulias acabou desviando os olhos do público para os momentos cômicos-apavorantes-e-quase-trágicos.

Sputter subiu as paredes do Armazém onde o cabo do microfone quase não chegava. Sentou em uma janela que dava para o telhado que tinha por trás do estabelecimento e aproveitou para cantar dando uma voltinha por lá. E, ainda, por um bom tempo, cantou sentado ali mesmo.

Mas, calma, até o fim da resenha do Honkers você vai se apavorar. Eles tocam um som que vai do punk e hardcore até o reggae e o ska. Um dos momentos interessantes foi a brincadeira que fizeram com a música Still It Up, de Bob Marley.

Momento de pânico: após loucuras e estripulias que nem cabem nestas linhas, o vocalista Rodrigo Sputter subiu para o camarote do Armazém Hall e ficou um tempo pendurado por lá. Pra finalizar, jogou uma cadeira de plástico nos desavisados que conversavam durante a apresentação.

Depois, veio o Zefirina Bomba, da Paraíba. Um dos melhores shows do festival, a banda mostra um amadurecimento. Com um violão turbinado – um captador de guitarra foi encaixado nele – o peso não faltou à apresentação.

O trio de baixo, bateria e violão toca um hardcore rápido e gritado, com melodias estranhíssimas. Foi um show de responsabilidade. Após as estripulias do The Honkers, a subida do guitarrista e vocalista Ilson nas vigas do DoSol Rock Bar nem surtiu um efeito tão grande no público.

O show do Supergalo, na seqüência, já não empolgava quase ninguém. Mas é claro. Vinte bandas num dia só merece algumas pausas. O público mostrava-se saturado por tanta zoada no pé do ouvido.

Apesar de ter feito um show correto, sem falhas, a banda não mostrou nada de inovador. É um rock bem simples, o que não tira o mérito de sua apresentação. As melodias da Supergalo tem potencial para virarem hits, pelo jeito bobinho de ser.

Os Bonnies esquentaram um pouco mais as coisas mesmo com um público reduzido. Na penúltima apresentação da noite, os vocais revezados dos Bonnies entre os três integrantes da frente – Olavo Luiz, Arthur Rosa e Thiago Araújo – conquistaram até um público para dançar.

Os vocais gritados e o rock pedreiro do grupo são bem conhecidos na cena de Natal. A apresentação foi boa, um tanto morna, mas boa. Ao final, o bom e velho rock and roll prevaleceu.

Acompanhem cena a cena. Arthur pegou o pedestal com o microfone e jogou para o alto. O pedestal caiu de ponta cabeça no chão. O mesário faz um gesto e esbravejou um palavrão de letras cheias… É o rock, companheiros.

Finalizando a super-maratona de bandas, a paulista Rock Rocket faz um show no Armazém Hall para um público cativo.

Uma seqüência insana de moshes permeiou a apresentação do trio, que apesar de ter a faca e o queijo na mão para um bom show, não mostrou nada de novo e não chegou a empolgar aqueles que pediam por um rock mais elaborado.

Com um discurso de adolescente inconseqüente, só quem curte a banda é a meninada mesmo. O trio fez um show redondinho, mas não demonstrou nada demais para tornar-se um grande nome do rock brasileiro.

Público
O sábado apresentou um público menor em relação à sexta-feira (3), que teve 1.500 pessoas. Cerca de mil pagantes estiveram no Festival DoSol para ver a seqüência insana de 20 bandas aglomeradas numa noite só.

O saldo é positivo. A equipe está de parabéns. Não faltou nada ao público, a não ser um pequeno descanso entre uma banda e outra. Quem esteve lá certamente terminou a noite com o ouvido zunindo.

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