Festival DoSol: Sem Lei de Incentivo, Mas Honesto!
Confesso não entender muito bem os mecanismos, engrenagens, lorotas e afins que se estabelecem por trás das leis de incentivo à cultura do RN. Não entendo e, sinceramente, não sei se tenho o interesse necessário para me debruçar sobre o tema.
O que sei, e isto é um fato, é que, com a edição deste ano do Festival DoSol – que movimentou Natal no fim de semana que passou -, Anderson Foca periga mandar um claro recado para os “habitués das ‘muletas’ públicas” de incentivo.
O evento, seu formato e produção funcionaram bem na maneira concebida por Foca: duas casas – o DoSol Rock Bar e o Armazém Hall – que de modo às vezes não tão sincronizado assim revezavam as atrações. Nos três dias de festival foram 47 bandas e, podemos afirmar assim, se deu uma verdadeira maratona de rock’n’roll.
A produção, pelo que vi no primeiro dia do festival, esteve de parabéns: segurou a peteca com responsabilidade e fez, senão com a “pompa e circunstância” que muitos desejavam, um evento honesto. A alternância entre palcos foi uma boa idéia: botou o povo, na boa, para circular e interagir com os ambientes, pessoas, bandas, imprensa e produção.
No ano anterior o Festival DoSol pecou pela dispersão do público: a Rua Chile me pareceu grande demais para os que participaram do evento. A idéia dos dois palcos entre o Armazém Hall e o DoSol foi um boa sacada. Tudo bem que o som nos dois ambientes descambava em algumas apresentações, mas, mesmo assim, o saldo foi impressionante.
É preciso dizer ainda que – mesmo com o som apresentando problemas e a aparente irregularidade entre as bandas – o set satisfez os que se mostraram dispostos a encarar a parada.
Por sua vez, existe algo que também precisa ser dito e repetido sobre o Festival DoSol: Anderson Foca foi corajoso ao peitar a organização do evento sem as leis de incentivo à cultura. Um evento como o DoSol – em que toda uma cadeia produtiva é organizada e movimentada – não deve sair barato…
Diante desta iniciativa, acredito que o DoSol iniciará uma necessária reflexão e eventual redefinição destes mecanismos – especialmente quando estes, em sua grande maioria, detêm contrapartidas sociais, senão inócuas, inexpressivas.
Não acredito que o DoSol tenha conseguido fechar seu último dia com algum lucro; creio que Foca e seus colaboradores terão alguns dias com “dores de cabeça” a saldar. Entretanto não julgo isso como um ponto negativo: experiência e acertos decorrem de experiências como essa.
O público de rock’n’roll apático, uma cena que não une, bandas que não se entendem (ou quase não) e o inexpressivo apoio aos eventos locais – exceto quando tais ocorrem sob as “asas” das muletas de incentivo à “cultura” e os “parceiros” podem sair “no lucro” – contribuem para que iniciativas como o DoSol nos impressionem.
A sexta-feira do DoSol – único dia em que pude conferir o evento – me provou que, com esforço e algumas parcerias – é possível movimentar qualitativamente o cenário local.
Ok, dirão alguns, que o Foca investiu o que não tinha no evento por não conseguir acesso às leis: entretanto, espero, como conversamos durante o primeiro dia do festival, se tal iniciativa se confirmar como tal poderemos questionar alguns “deslizes” na concessão de tal benefício para outros eventos.
Respondendo a pergunta que Foca me fez na sexta-feira: o Festival DoSol foi honesto e, contrariando o que possam dizer, funcionou muito bem neste formato. Esqueceu a grandiosidade eventual e apostou, com razão, na sua real dimensão: ser um “grande” festival não significa ser honesto com suas pretensões.
O Festival DoSol conseguiu mandar seu recado muito bem. Quem não entendeu a ironia por trás do evento que trate de fazê-lo…
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Eu só me pergunto uma coisa: como eu podia “odiar” esses dois cidadãos, meu deus?!
Huahuahuahauhauahuahuahau
AAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHH!!!!!
=D
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