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RESENHA DE DISCO (MEMÓRIA): LCD SOUNDSYSTEM – SOUND OF SILVER

Por Bruno Nogueira (popup)

Quando me disseram que o novo disco do LCD Soundsystem era muito melhor que o primeiro, minha reação foi “preciso ouvir de novo, tem algo errado”. Na hora, mantive minha opinião: super chato. Mas quando voltei as faixas aqui no computador, pensei que todo mundo que me falou bem estava ouvindo o disco em algum MP3 player desses portáteis. Veio o estalo… peguei um fone e descobri o segredo. James Murphy é um gênio. “Sound of Silver” deve ser o primeiro álbum feito para ouvir com fone de ouvido. Todos os barulhinhos saindo direto de uma caixa de som perdem a graça.

E quem é esperto se ligou que isso não deixa o disco individualizado. Muito pelo contrário. Get Innocuous abre o repertório com barulhinho insuportavelmente grudante e, se ouvido num volume ensurdecedor, é capaz de criar alucinação. Consigo imaginar uma festa inteira – começo, meio, banheiro e fim – apenas com esse “Sound of Silver”. Afinal, tudo que a gente escuta no exagero dos volumes de um fone de ouvindo cai perfeitamente na pista de dança. Feito para doer nos ossos, são nove faixas que são muito melhores que aquele primeiro disco duplo inteiro.

Tem pelo menos uns cinco hits certos. E todo eles em sequência. Na segunda música eu já estava com uma tremedeira na perna, pensando “preciso tocar isso muito algo em algum lugar”. Como passava das 23h, eu não tinha muita opção. E é por isso que eu preciso dizer que esse novo disco do LCD Soundsystem tem alguma coisa de nervoso. “Aperriado”, em bom pernambuquês. Era quinta-feira e eu não tinha dinheiro para sair pela cidade com um pendrive na mão para pedir desesperadamente para alguém tocar isso bem alto. E de tanta falta de opção, fui abrir uma cerveja.

Em North American Scum – e nessa hora eu já estava ouvindo o disco pela quarta vez – eu me dei conta que, no fundo, esse “Sound of Silver” é muito mais para vodka que cerveja. Na minha opinião, essa música é a melhor de todo o disco. É a nova Daft Punk Playing at My House, com direito a mensagem política. Alías, uma coisa que ficou clara ainda na primeira vez que ouvi é que James Murphy anda muito mais deprê. E acho que prestar muita atenção nisso – coisa que fiz no começo – também deixa a gente deprê. Ele está cheio de “nós somos o lixo da America do Norte”, “nós contra eles” (no velho trocadilho do ‘us’, que é nós em inglês, com a sigla U.S, de United States).

Se tem algo que não mudou, nessa overdose toda de músicas, foi a que da nome ao disco. Eu não explicar muito bem o motivo, mas acho que é pq a voz grave não funciona com o LCD, que é tão agudo. E tem esse batidão quase 7 melhores da jovem pan. Voz grave, com baixo grave por trás, com batidão baixo astral = algo errado. E se isso é o que dá nome ao disco, bom, então tem algo ainda mais errado. Mas, paciência. Um para nove é uma boa proporção, maior que muito disco legal até.

O que pega de surpresa é a última música. Essa sim, a realmente deprê do disco. E talvez uma das melhores de todas. “New York I Love You” é linda, lentinha, com um clima de nariz fungando de tristeza. A frase título se completa no refrão com “but you bringing me down”. Lembrei de uma entrevista que li com James Murphy que o título era “o rei de Nova York”. Se a relação do “rei” com a cidade está mal e isso significou um disco tão bom… então fique mal James Murphy. Fique muito mal. Nós agradacemos.

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