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RESENHA DE DISCO (MEMÓRIA): CARBONA – APUROS EM CINGAPURA

Por Bruno Nogueira (popup)

Fazer rock, simples e direto, no Rio de Janeiro não é trabalho fácil. A confirmação vem de cinco, de cada cinco bandas que falam no assunto. Perto dos 10 anos de estrada, a Carbona é um exemplo clássico disso. Para começar, nunca é apenas rock. É “Bubblegum”, “rock de praia”, “surfcore”, uma fila de definições confusas. Em cima dessa onda, o trio brinca de se redefinir. No oitavo disco, “Apuros em Singapura”, lançado pela revista OutraCoisa, eles lançam a fase ” 3.0″ (referência no próprio site deles). Mais rápido, forte, maduro e agora 100% em português.

Com tanto tempo de experiência, Henrique Badke, Melvin e Pedro Roberto já devem ter um mural de diplomas sobre como fazer músicas que grudam. Elas tem aquele “efeito repeat”, que quase nos força ouvir cada canção pelo menos três vezes seguidas. Guitarras fortes, músicas com energia positiva. Em “Vide Bula”, que abre os trabalhos, vem a primeira surpresa. A marca registrada da banda, o vocal anasalado e agudo, foi embora. A medida que fica mais “hard rock” (fugir de subgêneros ainda vai ser difícil), a Carbona ganha nova personalidade.

Ouvir os oito discos da banda em seqüência é um exercício perigoso. Poderia levar uma mente maldosa a pensar que o Carbona são – e de certo modo eles são mesmo, por terem influências semelhantes – precursores da febre do emocore no Brasil. Talvez, por terem sobrevivido tanto tempo, a banda consiga representar espírito de épocas diferentes. O rock adolescente que era feito nos anos 90 contra o que é feito agora. Reflexões que, num papo rápido, eles avisam logo que não estão muito interessados.

“O Rio tem traços culturais muito forte, por causa do samba e agora com o funk, são músicas que estão muito presentes na cidade”, comenta Badke, vocalista e guitarrista da Carbona. “Por isso, o rock sempre aparece como coadjuvante. E é inevitável que exista uma união forte em todos os sub-gêneros do rock”, explica. “Se a gente fosse dividir aqui o punk rock do emo e do guitar rock, não ia sobrar quase nada”, completa.

Sobreviver nesse cenário de fusão é a maior conquista da Carbona. “Quando comecei em 1993, ainda com outra banda, eram tempos mais difíceis, a dica é ter força de vontade”, lembra Henrique Badke. De shows no extinto Dokas, no Recife, até esse momento atual, o trio carioca já passou por quase todas as etapas do rock. E acerta o passo agora, abrindo mão de lançar disco como artigo de luxo e fazendo parceria com a revista OutraCoisa. Nas bancas e acessível.

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