Beastie Boys – Check Your Head
EMI
Primeiramente gostaria de esclarecer que este disco é fundamental na discoteca de qualquer mortal que queira entender o turbilhão de informações que foi os anos 90. Veja bem, tudo começa pela capa, três garotos brancos que fazem rap quebram alguns paradigmas e posam de maneira harmonicamente desleixada com seus instrumentos. Se você não percebeu, até então, o petardo é de 92, nenhuma banda rap se atrevia a tocar instrumentos! Quiçá ser fotografada e apresentar um material sonoro que é um liquidificador sônico que emula música latina, rock, punk, garagem, jazz e, por que não, música brasileira! Os Beastie Boys são caras antenadíssimos.
Este disco é um daqueles exemplos para colocar junto do “White Álbum” dos Beatles, “Nevermind” do Nirvana, “Rocket to Rússia” dos Ramones, “Da lama ao Caos”de Chico e Nação, “Ten” do Pearl Jam, “Samba Esquema Novo” do Jorge Ben, “Blood Sugar Sex Magik” do Chilli Peppers, você entendeu né?. É uma bolacha perfeita do início ao fim.
Agora, “Check Your Head” estava frente do seu tempo. Lançado no momento errado. O mundo pop não estava preparado para tanto e a indústria fonográfica foi tomada de assalto pelo furacão Nirvana e seus companheiros de Seattle, colocando assim o Beastie Boys aquém de sua atenção merecida. Este foi um material todo gravado na California, aonde esses novaiorquinos montaram uma puta estrutura com estúdio, pista de skate e o caramba, para esquecer as influências da costa leste, consumir muita maconha e os mais diversos grooves. Capitaneados por Mario Caldato, produtor requisitado hoje pelo Planet Hemp, Bebel Gilberto e outros bambas da música nacional.
“Check Your Head” apresenta 20 canções da onde destaco todas as instrumentais e “canções climáticas”, cheias de ecos, samplers bem sacados, baixos graves, moogs, teclados vintage e muito wah-wah. É muita lombra junta, para os ouvidos não iniciados é bom ir com calma no andor. Quanto aos raps escute os definitivos “So What’cha Want”, “Gratitude” e “Jimmy James”. E pra turma do hardcore tem “Time For Livin’”, cujo clip é um festival de tombos de skate do início ao fim. Não dá para ficar descrevendo muita coisa, a solução é correr atrás e escuta-lo muito. Pra mim é uma influência, um disco de referência. Necessário.
por Caio Vitoriano