Clipping

REPERCUSSÃO FESTIVAL DOSOL – ROCKPOTIGUAR.COM.BR – SEGUNDO DIA

Festival DoSol, segundo dia |

Abrindo o segundo dia do Festival no palco do DoSol Rock Bar, as 17h20, a banda Drunk Driver apresenta ao bom público já presente seu dito Stoner Rock. As influências são diversas e levam a um rock direto sem virtuoses. Já na segunda música a corda de uma das guitarras quebra. Rafael do Distro acode a banda. Seguem-se músicas do disco de estréia que contém nove músicas, todas rápidas, pesadas e cantadas em inglês. A banda agradou quem estava presente.

A segunda a subir ao placo foi a Distro. Rafael, Beloni, Arthur e Vinícius fazem um som que de cara soa hardcore melódico, apesar da banda dizer que sofre influências do punk e do power/pop da década de 90. O público continuou tão bom e atento quanto antes.

A terceira e última banda a se apresentar no palco do bar foi a banda Doris. A banda tem como vocalista Ana Morena, também produtora do festival. A linha que a banda segue é de surf music e punk rock. E em alguns momentos até me lembrou Ultraje a Rigor com suas músicas rápidas e de letras escrachadas. Mais uma vez corda de guitarra quebrada, dessa vez de Vinícius. E logo após trocar rapidamente, eis que ela quebra de novo e assim permanece até o fim da apresentação.

DeadFunnyDays foi a banda que abriu os trabalhos na rua, no palco principal. Guitar band de músicas rápidas e atitude de palco. A banda lembra At the Drive-In e bandas que seguem o estilo. A essa altura o público começava a chegar, ao que parecia ser em peso. Mas apenas parecia. A frente do palco os amigos e admiradores curtiam o som de guitarras altas e vocal alternado. Hora lento e calmo, hora gritado. E esse é o quesito que ainda me deixa reticente, tem momentos que não entendo o que é cantado.

2 Fuzz veio do Ceará para mostrar um rock sem rótulos. Ao escutar a banda se tem a impressão de que estão misturados grunge, new metal, progressivo e outras tendências. Apesar de bom instrumental e letra bem cantadas em inglês, a banda não teve boa receptividade do público.

Já a banda carfax veio de Pernambuco. E para confirmar que nem só de mangue vive a cidade. A banda assume influências diversas como: samba, funk e eletrônica. O que resulta num rock diversificado com vocal masculino e feminino. Todos os integrantes tocam vestidos de vermelho e preto. Um som peculiar que também não esboçou grandes reações do público.

Os Los Canos veio da Bahia e trouxe consigo seu punk rock bubble gum. Ramones e Carbona são lembrados ao ouvir a banda. Apesar do som ser ao estilo punk, as letras são açucaradas e engraçadas. Uma, por exemplo, fala duma menina que o cara está afim, mas ela não gosta de garotos. O público se revela através de aplausos e gritos. A trupe do Autoramas chega ao local e Gabriel pára e curte um pouco. O vocalista da banda, Dudu de Carvalho, revelou antes do show que ainda este ano o disco deve sair. Não saiu ainda porque está sendo gravado “de favor”.

Em seguida mais uma potiguar, o primeiro power-trio da noite: Bugs. A banda continua com o rock barulhento que a caracteriza, e Paolo apresentou-se mais solto, com o baixo a frente da guitarra de Denilton. Na bateria Augusto (DeadFunnyDays, Automatics) continua o bom trabalho de seu antecessor Joab. O público continuou se esquentando para as bandas que viriam a seguir. E o Bugs fez sala da melhor qualidade.

O que poderia destoar no segundo dia do festival terminou tornando-se uma grata surpresa. A banda de ska-rock Bois de Gerião. Alternando o peso das guitarras com o suingue do metal (sax e trumpete), a banda fez uma apresentação que contou até com versão do The Clash, outra banda que gostava muito do ska e do reggae. Uma coisa que chamou a atenção foi a semelhança da voz de Rafael Farret com a de Samuel Rosa. A banda tocou até uma versão para o tema de Batman em ska, muito bom. Precisamos de mais bandas de ska, principalmente em Natal, onde a onda hardcore impera.

Em seguida a banda mais aguardada do festival por muitos. Walverdes. O trio completou na noite de apresentação 13 anos de atividades e presenteou o público com peso, muito peso. Mais uma banda que não se pode rotular. Fica em evidência influências de hard rock, grunge, punk. O baixo, assim como no Bugs, soa tão alto quanto a guitarra, o trio formado por Patrick, Mini e Marcos continuou a série de apresentações que mexeram com o público. Rafael “Farinha” do DeadFunnyDays era um dos mais entusiasmados com a banda, agradeceu algumas vezes em forma de cusparadas de cerveja, o que fez os seguranças se mexerem um pouco. “Classe média baixa records/Refrões ao lado” talvez tenha sido a música do dia. Ela possui uma das melhores introduções que conheço no rock nacional. E por fim, a banda mostrou de onde vem a guitarra tão pesada, uma música do Black Sabbath.

Quem viesse depois teria um jogo duro pela frente. E foi a potiguar Revolver. Todos trajando o velho uniforme preto com gravatas. A banda, com Felipe dos Grogs no baixo, tocou as músicas do disco de estréia e fez o público dançar ao som do velho rock sessentista. Juntamente com “Rock blues bar” e outras canções do disco de estréia. A banda trouxe também uma fina chuva para esfriar a sequência de pedradas e dar fôlego para o que vinha pela frente.

E quem veio foi mais uma potiguar. A nova velha banda Memória Rom. Banda de Rômulo Tavares que surgiu nos anos 90 e deu uma parada. Voltando agora e já com um disco. O som é calcado nos anos 80, com mais peso em algumas músicas. O único titular é o próprio Rômulo que conta com auxílio de outros músicos a cada show. Um dos presentes nesse show foi Paulo Milton do Trio Sam, banda de jazz muito boa.

A chuva deu uma trégua para o MQN mandar seu hard-stoner-rock. Fabrício Nobre, do selo Monstro Discos, encarna muito bem o espírito da banda. Boa presença de palco dele e do baixista que cuspia pra cima de vez em quando. O próprio Fabrício entre uma música e outra tratava de instigar o povo que a essa altura tinha esfriado um pouco. “Talvez por causa da “massa” potiguar que ele disse ser muito boa. E entre uma cerveja derramada na cabeça e jogada ao público e mais uma cusparada de Rafael Farinha veio “Burn, baby, burn” e outras da banda goiana. Aquecimento para o encerramento com Autoramas e Forgotten Boys. Mas antes tinha Zero8Quatro.

A banda potiguar foi escalada no momento crucial do evento, entre três grandes atrações nacionais. Para não desapontar, mandaram as músicas do disco de estréia, pularam muito sobre o palco e, a exemplo do MADA, Magdiel desceu para cantar junto do público. Improvisou um rap e agradou os fãs da banda presentes. Fim de mais uma apresentação num grande festival, a banda, que divide opiniões com seu rock-rap-new metal, parte agora para o eixo Rio-São Paulo para testar seu som por lá.

Em seu terceiro show em Natal, a banda carioca Autoramas mostrou mais uma vez seu som pop de primeira. Coreografias, simpatia, rock rápido e pesado com pitadas de pop fizeram a alegria de muita gente a frente do palco. Punk, New Wave, Jovem Guarda e rock sessentista em geral. A banda passou recentemente pela Europa e trouxe na bagagem a experiência de como são os festivais de lá. O baixo saturado, a guitarra hora pesada, hora rápida e rasteira como a bateria de Bacalhau deram vida a hits que não tocam nas rádios como “Carinha triste”, “Fale mal de mim”, “Nada a ver” e muitos outros. Botaram muitos para dançar e cantar as músicas dos três discos já gravados. Tocaram também uma do quarto que sai este ano e quando pediram uma do Guitar Wolf, Gabriel respondeu: olha que eu sei hein…Mas preferiu tocar um sucesso chamado “Blue Shoede Shoes” de um tal Carl Perkins. Fim de mais uma ótima apresentação.

A última banda contou com um público reduzido, mas quem ficou deve te gostado do que viu. A banda Forgotten Boys está estourada por todo o Brasil, mas esteve pel
a primeira vez em Natal. Com nove anos de carreira e alguns discos na bagagem a banda soltou os sucessos deles e do mais recente chamado “Stand by de D.A.N.C.E.”, nome também da música que abriu a apresentação. Tocaram também “Cumm On”, “Também não vou ficar”, “5 mentiras” e muitas outras inspiradas em Ramones, T-Rex, Dead Boys, Stooges e tudo que remete ao rock rápido do punk e adjacências. Beirava as duas horas da manhã e a maratona que começou as 17h20 fazia a cada instante mais perdedores. Pra quem foi embora mais cedo, perdeu bons shows. Quem ficou foi presenteado e saiu satisfeito.

O ponto negativo do dia fica pelo público abaixo do que eu esperava, afinal, excelentes bandas dos mais variados estilos passaram pelo palcos. Mas isso é normal, fica evidente o caráter alternativo do festival em vez de festivo. O bom disso é que só vai quem gosta. O Rock Potiguar entrevistou o pessoal do Autoramas e passou duas horas com o Forgotten Boys, onde até caranguejo eles comeram. Nas próximas semanas tudo isso vai ao ar.

Veja as fotos da noite.

Por Hugo Morais
hugo @rockpotiguar.com.br
08/08/06

Previous ArticleNext Article

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *