Uma visão sobre shows internacionais
No segundo dia do ciclo de palestras promovido pelo Festival do Sol foi relatada a experiência de Fabiana Batistella, produtora de shows internacionais. Fabiana foi responsável por trazer e produzir/co-produzir bandas internacionais como Pixies, Weezer e Super Grass. Também estiveram presentes o jornalista Alexandre Matias e o editor da revista Outra Coisa, Adilson Pereira.
Agenda lotadíssima e dificuldades financeiras foram as maiores dificuldades apresentadas por Fabiana para se trazer uma banda gringa ao Brasil. ‘‘As bandas americanas, por exemplo, ao vir para cá deixam de fazer quatro shows nos Estados Unidos. Na média eles cobram 20 mil dólares de cachê, ou seja, perdem uns 180 mil reais só por estarem viajando’’, explica. Ela ainda passou os custos de um show como o do Placebo, vindo recentemente ao país para a turnê do Claro que é rock.‘‘O cachê custou 40 mil dólares. Passagens foram mais 30 mil reais. Quando adicionamos gastos com vistos, som e iluminação o custo total atingiu R$ 182.500’’. Fabiana diz não ter tido muitos problemas com exigências dos músicos, mas reclama do comportamento dos produtores. ‘‘Tenho mais problemas com os tour managers. Eles são muito afetados. O manager do Weezer era um ‘pé no saco’. Ficou afetado com um aglomerado de fãs no hotel em que estavam exigiu a saída deles. Mas o curioso é que os fãs não era do Weezer, mas sim da Avril Lavigne’’.
O jornalista Alexandre Matias, além de fazer uns free-lances para a Folha de São Paulo e revista Bizz, é o editor do blog Trabalho Sujo. Ele ressaltou a importância dessa nova mídia para a divulgação da cena independente do rock. ‘‘O Trabalho Sujo para mim é prioridade. Eu sou blogueiro em primeiro lugar, depois vem o trabalho para os outros meios’’, afirma Matias que também trabalha na gravadora Trama. Ele salientou que só no blog seus publicados de modo integral. ‘‘Embora cortem pouco, há sempre umas ‘limpezas’ dos meus textos da Folha e da Bizz’’, conclui.
Adilson Pereira, editor da revista Outra Coisa, contou sobre a nova experiência de distribuição proporcionada pelo veículo. ‘‘No que diz respeito às vendas, o problema não é vender centenas de milhares de cópias, mas sim achar que o que não vende centenas de milhares não é legal. Nosso formato deu certo e temos orgulho do trabalho feito com a banda Cachorro Grande, que começou a ser conhecida depois de encartado o seu CD na quinta edição da revista. Como diria Lobão, nosso principal garoto-propaganda, a Outra Coisa é projeto híbrido de cultura independente e guerrilha poética’’, coclui Pereira.
Durante três dias o Festival do Sol reuniu na Ribeird bandas como Mundo Livre SA, Ludov, Dead Fish e Autoromas. Nomes locais como o Du Souto e Simona Talma impressionaram o público. Também foi gravado um especial Banda Antes MTV e vários jornalistas da mídia especializada no país estiveram presentes.