A flautista, cantora, compositora e saxofonista paraibana Mari Santana lançou nesta quarta-feira (15) o EP “Doces Águas”, trabalho de estreia da artista. Bacharel em música e mestre em etnomusicologia pela UFPB, Mari já participou de vários projetos no estado, como flautista e cantora, e agora dá início à carreira solo.
Composto de três faixas, o EP foi todo escrito por Mari Santana e Gabriel Moraes, com a colaboração de Bixarte na música “Abre Caminho”, e de Mestra Doci em “Doces Águas”. A banda que acompanha a artista é formada por Sérgio Soares, Drica Souza, Igor Wendel e Elma Virgínia.
“Para mim esta é a realização de algo que eu estava querendo há muito tempo. Eu venho da favela, venho de comunidade, e a carreira cultural normalmente é um lugar que não é tido para nós. Conseguir fazer música e lançar com meu nome, para mim, é começar a existir dentro de um lugar social que nos é negado. Concretizar esse EP é um passo importante na minha carreira e também o começo de algo muito maior”, diz Mari.
Segundo a cantora, as composições expressam a caminhada dela ao longo de mais de 10 anos de carreira como integrante de grupos da cena de João Pessoa, Pernambuco e Rio Grande do Norte. “Eu sempre gostei muito de estudar, a música para mim é ciência, e o disco é o resultado de tudo isso, das minhas pesquisas acadêmicas, do entendimento do meu corpo e das realidades que a gente tem, da sonoridade afrodiaspórica do Nordeste, que é muito forte. Meu trânsito entre as várias formações que atuei resultam nestas composições”, diz.
Em relação à sonoridade, conforme Mari, as canções passeiam por vários estilos, que vão do maracatu ao samba de roda, passando pelo ijexá e o alujá, com um pouco de rap e jazz. “A maior inspiração, na verdade, é a cultura popular. Eu penso em um tema, desenvolvo um pouco e depois trago uma improvisação. Eu sou brincante e essas músicas trazem isso, da dança, do festejo. Independente de rótulos, minha música tem a mesma raiz, que é a música negra, a música indígena”, completa.
A produção musical de “Doces Águas” ficou por conta dos paraibanos Daniel Jesi e Guirraiz e o EP é lançado por meio de uma parceria entre a FERVE (RN/PB), o estúdio BBS (João Pessoa) e o DoSol Combo Cultural (RN).
O EP “Doces Águas” foi produzido com recursos da Lei Aldir Blanc, por meio da Secretaria Especial de Cultura do Ministério do Turismo do Governo Federal, e também do Fundo Municipal de Cultura, através da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope) da Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP).
Sobre Mari Santana
Mari é flautista, cantora, saxofonista e compositora. É arte educadora, aprendiz, brincante e tem sua música alicerçada na cultura negra nordestina. Artista da periferia de João Pessoa (PB), é bacharel em música e mestre em etnomusicologia pela UFPB. Como integrante do Tryá, ganhou junto ao trio o prêmio Funarte de Música Brasileira, que possibilitou o lançamento do disco “Trilhando Caminhos”.
Na carreira musical, atuou em diversas formações, como peças teatrais, exposições, coros sinfônicos, grupos camerísticos e big bands. Entre os destaques estão a participação no projeto armorial Orquestra Nordestina Unha de Gato e na Banda Sinfônica José Siqueira, da UFPB. Como cantora, participou como contralto na Camerata José Siqueira, integrada à UFPB, no Coro Sonatis da UFPB e no Madrigal atuante nas Paixões de Cristo de João Pessoa.
Atualmente, além da carreira solo com o EP de estreia “Doces Água”, integra como flautista e backing vocal da banda que acompanha o poeta e cantor Filosofino, fazendo um trio com o beatmaker Daniel Jesi.
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