Por Marcos Bragatto, Rio de Janeiro
Meus amigos, às vezes chega a hora, enfim, de se ter uma opinião definitiva. Ao invés de dizer, cravar, sentenciar. Pois eu lhes digo que demorei muito a chegar a conclusão que, enfim, vou revelar. Demorei a chegar a essa conclusão, mas a encontrei ontem à noite – quem diria – no Circo Voador, talvez o lugar em que mais eu fiz reflexões em toda essa vida de velho homem da imprensa. Ou seja, demorei a concluir, mas não vou hesitar e espalhar aos quatro ventos o que há pouco defini. Pois o Nightwish é muito melhor com Tarja Turunen. Pronto, falei.
Quem me conhece sabe que nunca fui de alvoroço. Como jornalista, jamais fiz parte dos alvissareiros, novidadeiros e afins. Por isso, desde que li aquela famigerada carta escrita por Tuomas Holopainen, em 2005, e assinada por todos integrantes da banda dando um pé na bunda da graciosa vocalista, não me desesperei. Calejado que sou com as saídas e entradas de vocalistas e com as mudanças de formação das bandas no mundo o rock, não entrei em desespero. Já vi várias substituições darem muito certo. Querem uma? Brian Johnson irreversivelmente no lugar de Bon Scott, no AC/DC. Outra? Bruce Dickinson no de Paul D’ianno, no Iron Maiden. Aliás, as duas pegando as respectivas bandas em grande fase. Uma terceira? David Coverdale no Lugar de Ian Gillan no Deep Purple.
Como vimos, este velho homem da imprensa (e do rock) não é de se lamentar pela a saída de fulano ou sicrano. No caso de Tarja, muito menos. Como disse a torto e a direito, soprano é o que mais se tem por aí, dentro dos conservatórios de música. Difícil seria encontrar um compositor extraordinário como Tuomas Holopainen. Entre as boas músicas feitas e arranjadas por ele e a voz dela, fiquei decididamente com a primeira opção. Ocorre que, aproveitando a mudança, Tuomas resolveu não mais ter uma soprano em sua banda, mas uma cantora de sotaque mais pop, com a óbvia intenção de enfraquecer as inevitáveis comparações entre substituída e substituta. Ponto pra ele de novo.
Quando comecei a ter contato com o novo Nightwish, antes mesmo de o disco sair, através do single “Amaranth”, adorei. A música, observem, segue exatamente a fórmula vencedora de “Nemo”, o maior hit da história da banda. A novata Anette Olzon cantando muito bem uma música colante pra dedéu. Saiu o ambicioso “Dark Passion Play” e vi que se tratava, de cara, de um trabalho extraordinário, com várias boas composições e arranjos que foram elaborados para arrebentar de vez e mostrar quem é o bam bam bam da boca. Um disco que atropelou qualquer resquício eventualmente deixado pela antiga vocalista.
Enquanto isso Tarja Turunen, com quem pude conversar no final do ano passado por telefone, para fazer uma matéria para a Revista da MTV, embora empolgada com tanta coisa nova que lhe acontecia, cortava um dobrado para compor algo interessante, e, ao mesmo tempo, formar uma boa banda para sair em turnê. Acabou fazendo de “My Winter Storm” um álbum irregular e, como acontece no futebol, reunir grandes nomes da música pesada não resultou numa boa banda, em cima do palco. Eu, cá com os meus botões, decidi esperar os shows de parte a parte. No final de agosto, vi, junto com outras testemunhas uma apresentação dela que beirou o razoável, no Canecão.
Pois foi ontem, meus amigos, que pude tirar a pulga que habitava a parte de trás da minha orelha. Num Circo Voador que não chegou a lotar, vi o Nightwish com a nova vocalista. Ressabiado pelas notícias de que a moça abandonara o palco em Belo Horizonte por causa de um colapso vocal ou por ter surtado ao ser molestada por fãs (até hoje não se sabe o que aconteceu), fiquei cabreiro. E tinha fundamento minha desconfiança. Antes mesmo de a moça começar a cantar e mostrar latentes deficiências vocais, percebi, no primeiro segundo, que lhe falta o élan que sobrava em Tarja para exercer a função. Mais ainda. Falta-lhe indumentária, postura, “punch”, “vibe” e o escambau.
Vejam que disse tanta coisa e nem cheguei até a voz. Se no disco foi excelente, ao vivo foi quase um desastre. E, se não foi, é porque poucas músicas da “era Tarja” entraram no repertório, e as escolhidas não eram as que exigiam um alcance de voz mais rebuscado, e isso sem falar na cada vez maior participação do baixista Marco Hietala como cantor. E que o show durou pouco mais de uma hora, coisa inadmissível pra artistas novos (de idade) e já com um bom estofo em termos de repertório. O público carioca fez de tudo para agradar a moça, mas ela simplesmente não serve. E Tuomas sabe disso. Ou vocês acham que o cara vai dar vazão à criatividade dele, na banda dele, através de alguém que não consegue interpretar o que ele inventa?
Antes de o show começar, já dentro do Circo Voador, encontrei com o grande Vilela, que além de notório tricolor, produz eventos ligados ao metal e realizou o show do Nightwish de 2004, para um Canecão lotado, que ele mesmo classificou como “épico”. Vilela disse que, naquele ano, 3300 pessoas foram ao show, e eu, num raciocínio matemático intuitivo cheguei ao resultado que diz que menos gente foi ver, hoje, Nightwish e Tarja, cada um no seu quadrado, somados os públicos. Ou seja, com a separação, ao menos em termos de show caíram os dois. Em disco, repito, o Nightwish deu de lavada.
Como sempre digo, toda vez que uma banda se separa começa a contagem regressiva para que ela se reúna, e isso irá acontecer, invariavelmente, com Tarja e o Nightwish. Pois eu, desde ontem à noite, sou órfão da formação clássica e a quero de volta o mais rápido possível. Com Anette Olzon, podem anotar, o Nightwish está liquidado. Fadado à decadência precoce e cruel.
Até a próxima, e long live rock’n’roll!!!
olha eu amo o som do ninght.mais…..eu curtia bem mais quamdo era com a formação velha!essa nova vocal deixa um pouco ao desejar!
bjssssssssssssssssssssss
by:elektra