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MARCOS BRAGATTO (RJ): ROCK, LONDRES E OLIMPÍADAS

LONDRES APONTA O ROCK COMO SEU PRINCIPAL PRODUTO DE EXPORTAÇÃO

Sempre disse que a guitarra é o invento mais importante do século 20, mas, agora, refaço. A guitarra é objeto mais importante dos últimos 3 mil anos. E não sou eu quem está dizendo, mas uma reles vinheta de apresentação dos Jogos Olímpicos de Londres

Meus amigos, a China está ganhando mais medalhas de ouro do que um dia Mutley sonhou com todas as trapaças do Dick Vigarista. Podem fazer a conta que os Estados Unidos – os trapaceiros da vez, que agora olham para o número total, não o de ouros – não conseguem mais ultrapassar os Vermelinhos. Eu mesmo, acreditem, já havia previsto isso no crepúsculo das Olimpíadas da Grécia, há quatro anos.

Não, meus amigos, não sou tão bom em jogos olímpicos como sou no esporte bretão, nem esta aqui é Bola é Bola Mesmo. Digo isso porque, no próximo domingo pela manhã, cerca de 1 bilhão de pessoas estará vendo, na TV, um dos maiores ícones da guitarra em todos os tempos. Ninguém menos que Jimmy Page empunhará sua guitarra na festa de encerramentos dos jogos olímpicos de Pequim. Como? Mas por quê? Pergunta o leitor escandalizado. No que eu respondo: Jimmy Page, o guitarrista do Led Zeppelin, um dos tripés da criação do heavy metal – junto com Black Sabbath e Deep Purple – é um dos ícones da cidade de Londres, a próxima sede dos Jogos, em 2112.

E não é só ele quem aparecerá, mas, também, o punk, a Abbey Road e Carnaby Street estarão lá, com o locutor anunciando as Olimpíadas de Londres como as Olimpíadas do Pop – com P maiúsculo e tudo. Saem as tradições orientais da China milenar e entra o rock, meus amigos. Não é lindo isso? Imaginem que essas competições existem desde 700 anos antes de Cristo, e quase três mil anos de história de Londres estão sendo resumidos no rock, na banda que ajudou a criar o heavy metal, no guitarrista empunhando a sua guitarra. Sempre disse que a guitarra é o invento mais importante do século 20, mas, agora, refaço. A guitarra é objeto mais importante dos últimos 3 mil anos. E não sou eu quem está dizendo, mas uma reles vinheta de apresentação dos Jogos Olímpicos de Londres.

Não custa nada repetir que o Comitê Organizador dos Jogos de Londres, seguramente composto por cidadãos ingleses, conhecedores de sua história, aponta o rock como o seu principal produto de exportação em todos os tempos. E, dentro do rock, enumera: 1) Jimmy Page, sua guitarra e o heavy metal; 2) O punk, que se musicalmente nasceu em Nova York, foi em Londres que ganhou proporções político-sociais globais; 3) A Carnaby Street, rua sensação da “flower power generation” do final dos anos 60/início dos 70; e, por último, 4) Os Beatles, que timidamente aparecem representados nas faixas pintadas no asfalto de Abbey Road. Notem que a ordem revela a dimensão, na opinião dos ingleses, de cada um desses fatos marcantes no mundo da música pop. Não sou eu, repito, quem está dizendo.

Observem que, na lista, nada há de indie rock, muito menos de Oasis, Blur e adjacências, ou qualquer grupelho de última hora que seja a sensação do momento. Não há Arctic Monkeys, Klaxons ou Bloc Party. DJs, nem pensar. Nem os Beatles, tidos com os inventores do pop, têm o destaque dado a Jimmy Page, um dos maiores guitarristas de todos os tempos, empunhando sua guitarra. Soberano, ele tocará “Whole Lotta Love”, acompanhado pela cantora pop Leona Lewis, porque, afinal, trata-se de uma cerimônia de Jogos Olímpicos, uma das coisas mais bregas de que se tem notícia, perdendo apenas, e por pontos, para os desfiles de escolas de samba – mas estes ficaram para o Rio 2016.

Meus amigos, Jimmy Page nunca foi uma pessoa qualquer. Certa vez o vi babar, literalmente, em cima de um palco. Por sorte, pude fotografar a cena. Sim, tenho a foto da baba de Jimmy Page escorrendo por sobre a sua guitarra. Mas por que babava o ícone da guitarra? Perguntam todos. Porque Page, possesso, encarnara a alma do Led Zeppelin, tocando com Robert Plant, sob o nome Page & Plant, em plena Praça da Apoteose, monumento cuja localização é encardida de samba até a fria armadura das peças de concreto. Pois a dupla, mais o bom e velho John Paul Jones e Michael Lee (o então baterista do Cure) encarnaram o Led Zeppelin em seu estado mais pleno: o de invasor e dominador de almas alheias. Tudo em prol do rock.

Jimmy Page não é, definitivamente, uma pessoa qualquer. A partir de domingo, entretanto, será muito mais que isso. Ou, por outra, não só ele. Mas Jimmy e sua guitarra, a dupla mais-que-perfeita, passará a ser a mais exata tradução do rock pesado, do rock, do pop, da música criada de Londres para o mundo, de Londres, da história de Londres dos últimos 3 mil anos. E, não custa repetir, não sou eu quem está dizendo, são os ingleses, que tão bem sabem defender sua cultura e tradições. Preparem-se que a Olimpíada do Pop vêm aí. Acompanhem a Cerimônia de Encerramentos dos Jogos Olímpicos de Pequim e tirem suas dúvidas. Não sou eu quem está dizendo, hein?

Até a próxima e long live Rock’n’roll!!!

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3 Comments

  1. Ouví muitos fãs decepcionados, quando descobriram que Jimmy Page estava babando, mas acontece que o Jimmy, além de um ótimo (o melhor) guitarrista, também é ser humano, e deve ter lá suas manias incontroláveis, ou seria apenas descúido.

    Conheço jovens em estado mental normal que quando empolgados com algo babam, é totalmente normal, é apenas a resposta da boca à uma sensação boa, produzir saliva.

    Quem nunca babou que atire a primeira pedra!

  2. Ouví muitos fãs decepcionados, quando descobriram que Jimmy Page estava babando, mas acontece que o Jimmy, além de um ótimo (o melhor) guitarrista, também é ser humano, e deve ter lá suas manias incontroláveis, ou seria apenas descúido.

    Conheço jovens em estado mental normal que quando empolgados com algo babam, é totalmente normal, é apenas a resposta da boca à uma sensação boa, produzir saliva.

    Quem nunca babou que atire a primeira pedra!

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