Alguns nomes transmitem bem o que a banda pretende fazer. Cätärro é um deles. A banda formada por Farofa (bateria), Aninho (baixo), Phillipe (guitarra) e Pedro (vocal) em Mossoró produz um som que foi definido como power violence. Para entender basta escutar. O hardcore mais tradicional ao seu lado é música de ninar. A secreção expelida, rica em impurezas, dá nome a banda que vocifera canções de cunho político e social. O quarteto de Mossoró se prepara para uma tour de 14 shows passando por 5 estados e mais o Distrito Federal. Isso se no meio do caminho não aparecerem outros. Embaixo do braço o cd de estréia “Dance Império, Dance!”, lançado pelos selos Hiroshima Records (RN), Estopim Records (BA), Läjä Records (ES), Nocaute (CE), Punch Drunk Recs (RS) e Capitão Lixo Discos (CE-RN). Confira a entrevista com Philipe Beckett.

Quanto tempo tem a banda?

A banda já era um projeto bem antigo de Pedro (vocal) e aninho (baixo) que tinha a intenção de fazer barulho. Isso era por volta de 2003. Eu lembro que quando eles me falaram do projeto era algo bem simples, tipo gravar com um violão e vocal uma fitinha k7 e sair vendendo por ai. Que nem muita banda de noise que a gente curtia na época. Daí o cara que tocava violão teve que ir morar em natal e eles me chamaram, quando realmente a banda tomou forma, a gente chamou Farofa que já tocava bateria comigo e começamos a compor em 2004.

E como se deu essa mudança do noise pra esse som mais elaborado e agressivo que vocês fazem?

Então, esse som que a gente faz a galera denomina de power violence. Que também a gente tem muita referência das bandas que criaram esse estilo: SPAZZ, Charles Bronson, Capitalist Casualties… E era um tipo de som mais “trampado”. Hahaha, que envolvia guitarra, baixo, vocal e bateria. Ao contrário do noise que você consegue fazer uma música até com um liquidificador e um gutural bem aprumado.

E como anda a cena da região? Existe um circuito nas cidades vizinhas ou se restringe apenas a Mossoró?

Porra, Mossoró tem uma cena de rock bem doida, não tem quem diga, mas lá tem muita banda de vários estilos. O que não ajuda muito é a estrutura que falta pra essas bandas. Por exemplo, hoje a gente tá passando por uma dificuldade grande pra encontrar lugar pra fazer show. Os lugares de antigamente estão quase todos fechados. Mas assim, a galera lá é muito envolvida nas paradas, a cena de metal é bem unida e eles sempre tão fazendo bons eventos por lá. Na parte hardcore/punk também cresceu muito o número de bandas, o que até me deixa surpreso (e contente ao mesmo tempo), por que há uns cinco anos era dificil você encontrar uma pessoal que curtisse Ramones. Mas hoje tem altos guris com moicano na rua, jaqueta de arrebite e pichando a cidade toda. Hahaha. E são bandas boas que eu boto minha mão no fogo pela gurizada. Isso também acontece nas cidades vizinhas, em Areia Branca, por exemplo, tem uma banda de punk horror já bem antiga que a gente paga muito pau, Os Inquisidores. E eles se dedicam tanto quanto a gente a essas paradas!

Me diz uma coisa, e essas bandas não vem pra cá porque? Falta incentivo, falta vontade?

Cara eu acho que está ligado com esse lance de estrutura que eu falei. Se essas bandas tivessem lugar certo pra ensaiar, gravar e tocar em Mossoró, ficaria mais fácil de elas serem reconhecidas e fazer contato com as cidades maiores. A gente sempre teve que fazer nossas gravações fora de Mossoró, se dependesse de esperar abrir um estúdio ou coisa parecida a gente ainda estaria ensaiando e tocando no circuito Mossoró e cidades vizinhas. Outra coisa é o contato que é importante, eu sinto um pouco de comodismo da galera lá de manter contato com outras cidades e se aventurar mais um pouco.

Aí entra a tour de vocês. Por onde vocês vão passar e como conseguiram esses shows?

A maioria dos shows estão sendo feitos por amigos nossos, que já passaram pra tocar em Mossoró ou a gente se conhece por curtir a banda deles. Mas os outros a gente chegou e perguntou se eles tinha interesse em fazer. E esse circuito já tá meio armado pra algumas bandas que já passaram por aqui. Daí foi mais fácil agilizar um interiorzinho perto de alguma capital que a gente já conhecia o pessoal. Mas o pessoal do hardcore é muito receptivo. Rola uma preocupação gigante em saber que a gente tá descendo sem conhecer nada e ficar desamparado por ai. Teve muita gente também que se empolgou muito com essa idéia, tipo a gente uma banda de bem longe ir tocar em Florianópolis, o outro extremo do país.

E qual a expectativa de vocês com essa tour? Tocar, encher a cara, se divertir, fazer mais contatos, encher o rabo de dinheiro?

Porra, uma das melhores possíveis. Aproveitar ao máximo esses lugares gelados, pra compensar o calorão de verão a verão de Mossoró, fazer amigos, conhecer aqueles que a gente ainda não se conhece pessoalmente, tocar com várias bandas que a gente gosta e fazer muito barulho por onde a gente passar. Mostrar que sertanejo também sabe fazer rock e não tem nada de matuto. Ah, e a gente tem um projeto de destruir o Palácio da República em Brasília =) hahaha.

Email: catarro666@hotmail.com
MySpace: http://www.myspace.com/catarro666
Comprar o disco: http://www.laja.com.br/paginas/index2.html

Confira por onde o Cätärro vai passar:

05/07 – Brasília/DF
06/07 – Goiânia/GO
10/7 – São Paulo/SP
12/7 – Poá/SP
13/7 – Caracapicuiba/SP
15/5 – São Paulo/SP
16/7 – Osasco/SP
17/7 – São Paulo/SP
18/7 – Rio de Janeiro/RJ
19/7 – Barra Mansa/RJ
20/7 – Itatiaia/RJ
25/7 – Florianópolis/SC
26/7 – Curitiba/PR
27/7 – São Paulo/SP