Vamos começar a mostrar aqui no site algumas das bandas que se apresentarão na segunda edição do Festival Nordeste Independente que rola em 8 cidades nordestinas entre o dia 07 e 16 de março. A edição de Natal vai reunir 15 grupos de de Brasília, Sãu Paulo, Fortaleza, João Pessoa, Recife e Natal. O destaque da edição é a presença do Rock Rocket dia 08 de março por aqui. Confira agora entrevista feita por Hugo Morais com o Calistoga, banda potiguar de rock.
O Calistoga nasceu em 2004 quando amigos que frequentavam a cena mais underground de Natal se juntaram para tocar seguindo influências comuns. Nos últimos três anos lançaram três singles. Para 2008 preparam um CD com 9 músicas que mostram a evolução musical da banda, fruto do convívio constante, da experimentação e da ajuda técnica em shows no DoSol. A banda é formada por Dante (vocal e guitarra), Henrique (guitarra e vocal), Gustavo (baixo e vocal) e Fernando (bateria).
Confira a entrevista com Gustavo Rocha:
Quando surgiu o Calistoga?
Calistoga surgiu no final de 2004.
E quais as principais influências da banda?
A gente gosta muito de bandas experimentais como Fugazi, At The Drive-in, The Mars Volta, Sparta e Hot Water Music. Mas a gente tenta não se prender muito a um estilo. Não temos problemas em sair misturando coisas. Faith no More também é uma grande influência nossa.
São influências não muito comuns nas bandas daqui. Isso reflete no fato de vocês fazerem poucos shows?
Talvez, pode ser um dos fatores, mas não penso assim. Acho que Natal não é uma cidade que te oferece muitos lugares para tocar, hoje na ativa mesmo temos só o DoSol. Galpão 29 e Estação Ribeira não acontecem tantos eventos. Mas acho que o Calistoga toca muito. Ano passado foram mais de 20 shows aqui em Natal e alguns em João Pessoa e Recife, acho um bom número. Também acho que a gente não tem muito público aqui em natal, pois o som que a gente faz não é tão comum aqui.
O som que vocês fazem realmente não é muito comum aqui. No primeiro EP achei as guitarras mais presentes, com riffs que colam. No segundo e terceiro, lançados virtualmente, percebi uma mudança no som, guitarras mais trabalhadas, mais “calmas”. Ocorreu isso mesmo?
Um pouco, não tem como falar que não mudou o som. Acho que a gente amadureceu bastante, aprendeu a timbrar melhor tanto em gravação como nos show. A gente está pesquisando e ralando muito para deixar cada vez o som do Calistoga ficar em um nível mais alto. Acho que agora que a gente se encontrou e isso vai dar pra ver com o cd que já está sendo finalizado. O EP New to Say vejo como uma transição do primeiro para esse último que sairá agora. Que está mais bem gravado e as músicas mais bem feitas. Mas não acho que a gente está mais calmo, em um show dá pra sentir bem isso.
Dá para ver você, Henrique e Dante sempre nos shows ajudando na produção. Isso sem dúvida ajuda a crescer. Falta isso as bandas? Essa preocupação com a qualidade da banda? Do som?
Acho que sim. Ainda falta muito para Natal ficar em um nível legal. Mas não estou dizendo que só tem coisa ruim, pelo contrário, eu estou bem contente com as gravações e bandas que estão aparecendo nesses últimos tempos, mas não é só isso… Ainda dá para melhorar muito e dá para ver claramente bandas perdidas em palcos médios como o do DoSol. Acho que as bandas deveriam se unir mais e trocar mais experiências, tentar aprender mais, isso ajuda a todos. Sem falar que ainda falta as bandas se venderem mais, terem um bom blog, se preocupar com identidade visual, gravação, presença de palco e o principal, ter um bom equipamento. A gente tá tentando aprender o máximo de coisas possíveis e sempre estamos abertos para trocar idéias com pessoas que vem de fora e pessoas locais com mais experiências que a gente, isso tem ajudado bastante a gente. A internet está aí e o que não falta é informação para todos. Essas coisas estão nos ajudando e um exemplo disso é que o nosso cd que está sendo finalizado foi gravado por nós mesmos, sozinhos, no estúdio DoSol. Para a gente foi uma experiência do caralho.
Fale um pouco como vem esse disco novo.
O Normal Peoples’s Brigade será o nosso primeiro cd. E contará com 9 músicas, sendo uma acústica. Na nossa opinião está sendo o nosso melhor trabalho e o mais bem feito, pois estamos fazendo com calma e estamos experimentando cada vez mais coisas, efeitos e métodos de gravação. Nesse novo trabalho tentamos unir sonoridades, tempos e harmonias estranhas, as vezes bem dissonantes com melodias e momentos de explosão. Colocamos teclados em alguns arranjos, escaleta e outros efeitos. E estamos ficando bem satisfeitos. A gravação já está sendo finalizada e só está faltando terminar o vocal em duas músicas para poder fazer a parte de finalização no Megafone.
Falta mais criatividade ou coragem as bandas para fazer discos “diferentes”?
Acho que não. Talvez um pouco. Mas depende muito da proposta da banda. Não adianta o cara sair misturando 200 coisas em uma banda se a proposta da banda é fazer um rock simples no estilo do Ramones. Mas sinto falta de bandas mais experimentais aqui em natal. Acho que falta um pouco disso por aqui, bandas como Fóssil e o Eu Serei a Hiena são ótimas bandas aqui do Brasil e poderia ter mais disso aqui em Natal.
E esses shows no Nordeste Independente? Vão aproveitar para tentar fazer mais algum show ou contato? A banda tem a intenção de fazer alguma turnê pelo nordeste?
A gente toca no Festival Nordeste Independente aqui em Natal e em Recife e será bem legal para a gente, pois vamos poder mostrar o nosso show novo em Recife para um público legal e fazer novos contatos. Sobre fazer uma tour a gente só tem vontade de sair por aí tocando. E não só nordeste, a gente está fechando uma tour em São Paulo que deve acontecer em abril, será o lançamento oficial do nosso novo cd. E já estamos falando com amigos que temos no nordeste para fechar algumas datas, estamos torcendo para que tudo dê certo e a gente possa sair por ai divulgando as nossas músicas novas.
O disco novo será lançado fisicamente ou só virtualmente?
O New Way to Say o nosso EP antigo, foi lançado virtualmente, mas também rolou o cd físico, a gente acredita nesse formato. É muito importante a banda ter um material para mostrar em festivais, shows e ter algo para trocar e tudo mais. O cd físico é uma das coisas que mais ajuda uma banda independente. Não podemos deixar de falar da facilidade das músicas na internet. Ajuda a vida de muitos e acho que os dois formatos tem que caminhar juntos. Tem dois sites ótimos para uma banda poder divulgar sua música, Myspace e Trama Virtual. Ajudam muito pela facilidade de mostrar tudo que a banda precisa com um único click. Lá você vê as músicas, notícias, letras, releases e tudo mais. Isso é muito bom. O nosso cd será físico e virtual e sairá até agora pelo Lado [R], Xubba Music e Dosol Records. A gente está batalhando para conseguir um selo que não seja do nordeste para ajudar em outros contatos, vamos ver no que vai dar. No mais, estamos felizes pois seremos lançados e apoiados por amigos de longas datas e rocks. Isso é muito massa, cada um ajuda com o que pode e a coisa vai andando. E é isso que eu acho mais importante a galera se unir para fazer a coisa ir para a frente.
Dá para rotular o Calistoga?
Eu rotulo como Rock, por que é o que a gente faz, o que a gente gosta e é o que a gente é, roqueiros. A gente gosta de experimentar e sair colocando coisas que achamos legal nas músicas. Gostamos muito de música e sempre estamos procurando coisas novas e diferentes. Mas acho que esse tipo de coisas todo mundo faz. Então podemos dizer que é só rock.
Realmente, o pessoal do Calistoga, tem muita preocupação com a qualidade do som, nas apresentações deles. Sempre vejo os meninos correndo de um canto a outro, pra testar como vai ficar os instrumentos.
Estou curiosa pra ouvir esse novo Ep deles.
Espero que saia logo.
Até.