http://coletivonoize.blogspot.com/2009/11/como-foi-festival-dosol-primeiro-dia.html
Parabéns à produção do festival, poucas vezes no meio do rock independente brasileiro um evento começa pontualmente às 15h30, não deu nem pra chegar para pegar a última música dos FLAMING DOGS. Segundo Hugo Morais (site O Inimigo), a banda teve pequenos problemas com o pedal do bumbo, o que deixou a apresentação meio tensa, mas a banda ainda vai ter muita chance no futuro breve, caso continue com seus riffs rápidos e rockão básico, uma espécie de versão natalense dos Hellacopters.
Na sequência, o DRIVEOUT tocou para um público pequeno, mandando seu recado para a turma que os chama de “emocore”. O vocalista Vini estava quase sem fôlego depois de cantar as composições que misturam dedilhados, paradinhas estratégicas, gritos e sussurros. O baterista da banda arrebenta tudo e mais um pouco. Para o VENICE UNDER WATER, a plateia já havia chegado em bom número no palco do Centro Cultural Dosol para observar e contemplar a sonoridade ianque que emana das cordas e vozes do agora quinteto. Leia-se Incubus, Sparta e quetais. Neste momento, o som estava muito bom para os vocais e as guitarras em menor volume, mas a banda deu seu recado, tocando as faixas de sua recém-lançada compilação.
No palco do Armazém Hall, uma figura um tanto quanto alienígena – vestido de uniforme verde ecológico, lencinho com caveira e capacete personalizado – e munido apenas de uma guitarra vagabunda e um notebook de última geração (olha o contraste!) cantava sobre estar cansado do mundo e queria “um barato novo”. Ele parecia mais um trintão/quarentão que a mãe não deixou que ele tocasse em banda de rock quando era adolescente e agora inventou de fazer uma banda de um homem só, de Minas Gerais, chamada de O MELDA. Primitivo e tecnológico ao mesmo tempo. Causou estranheza.
Na sequência, o show mais bem equalizado no primeiro dia, justamente a fusão de psicodelia, hard rock e Mutantes que os malucos do PLÁSTICO LUNAR montaram para dizer que viajaram de tão longe, Sergipe, e que tinham algo a dizer ali no palco do Dosol. O hit subterrâneo “Formato cereja” levantou o público com seus riffs setentistas de guitarra e pela execução perfeita e entrosada que a banda apresentou. Uma quase balada ao final deu o toque Arnaldo Batista que faltava. Showzaço.
Depois, no Armazém Hall, os catarinenses do CASSIM & BARBÁRIA mostraram competência para tocar no palco grande, tanto que já foram aos EUA e Canadá mostrar seu som, tentando hipnotizar a plateia com notas flutuantes de guitarras distorcidas e etéreas, sintetizadores antigos e um baixista gigante imóvel. Meio difícil classificar a sonoridade do quinteto, mas misture rock de garagem, Slowdive e os Bee Gees no começo de carreira (sério!) que você chega quase lá. Apresentação competente e com as pessoas aplaudindo.
Os BUGS tocaram no Dosol e explodiram tudo, inclusive os alto-falantes médios, que a partir da metade do show em diante daí mais funcionaram para nenhuma banda. De todo modo, mandaram o barulho de sempre, os riffs de sempre e os vocais nebulosos de sempre, tocando o material do novo EP recém-lançado. Da Bahia, vieram os doidões do VENDO 147, com uma clone drum (bateria com duas peles de bumbo, ou seja, um baterista toca de um lado e o outro no lado oposto!), virtuose instrumental e tudo instrumental. De onde veio a ideia de fazer um som ninguém sabe, mas que deu certo até demais, isso deu. O povo ficava olhando para os dois bateristas, um deles Djimmy (ex-Honkers), olhando o desempenho, potência sonora e sincronia de ambos enquanto o trio de cordas mandava um rock envenenado e rápido, que terminou com uma sequência de riffs em formato medley (Led Zepellin, AC/DC, Peter Frampton, Metallica e por aí vai) deixando todos em polvorosa. Também, nessa hora, apelaram e jogaram para a torcida! Mas o show foi bem recebido pelo público já bem antes desse final “rock arena”.
O que falar então de OS BONNIES? Mesmo com o som sem os médios já detonados, o quarteto manteve seu nível de selvageria e mandou ver no seu inocente rock’n’roll cinquentista, levando quem estava no Dosol a acompanhar a saraivada das guitarras “arranhadas” do quarteto, só faltando alguma menina da plateia para fazer um strip, mas o local estava tão cheio e quente que não nem bom pensar numa cena destas. Fizeram o de sempre, embora Olavo (baixista) tenha dito depois que o som estava muito embolado em cima do palco e eles ficaram meio receosos. Que nada! Rock no talo, mas sem os médios…
Quantos aos ruidosos REJECTS, tocaram em alto e bom som seu rock à la Mudhoney com voz rouca, bateria que mais parecia um trovão e riffs de guitarra mais graves do que máquinas de metalúrgica. Tudo bem equalizado, terminando com a já esperada versão para “Keep on rockin’ on the free world”, do Neil Young, primeiro canadense presente na noite. Também no final, jogaram a favor. Marcelo (baterista) disse que ficou faltando no final uma faixa nova que era a cara da banda, mas eles preferiram tocar essa. Ficou o clima de celebração roqueira.
Falar dos paranaenses dos SICK SICK SINNERS é tratar de psychobilly, surf music, Cramps, guitarra Gretsch e contrabaixo acústico de verdade (aquele da altura de uma porta e que já é o excesso de bagagem nas viagens!). Tocar toda essa insanidade no Dosol (de novo, sem os alto-falantes médios estarem funcionando) já seria um ato de selvageria antes de sair o primeiro acorde. Além disto, um microfone falhou, a bateria andou e o trio mostrou som de gente grande, não parando um segundo e mandando uma seqüência de riffs mal assombrados que caberiam em qualquer filme B ou do Tarantino. A plateia foi ao delírio, uma menina queria subir para cantar o tempo todo, um cara com chapéu de vaqueiro texano também estava no palco tentando fazer alguma coisa que não se sabe o quê, os mais agitados começaram a pular do palco em cima dos outros e a festa continuou até o final. Está aí uma banda animada para qualquer festa. Pode chamar os Sick Sick Sinners que não vai ter erro. Ponto para a produção que pagou o excesso de bagagem!
Quando você pensava que já tinha visto tudo, lá vem os baianos dos RETROFOGUETES incendiando o Armazém Hall com surf music, música circense e palhetadas fenomenais de guitarra que marcam a apresentação do trio, que parece ser um quinteto, tamanha é a potência sonora. Ganharam o público com um show animado, engraçado (a dancinha do baixista “Mago Merlin” é hilária) e dedicado às belas meninas de Natal. Tocaram mais duas faixas além do tempo estipulado, isso tudo com autorização do chefão do festival. Isso é que é moral!
críticos são engraçados! “O Danko Jones toca um rock sem muitas firulas (sem solos, dedilhados), mas que funciona, embora meus ouvidos já estejam bem treinados e não vejam muita novidade ou boas melodias em seqüência nos canadenses.” Amigo, seus ouvidos treinados e altamente especializados acabam por mostrar que de rock, você não entende nada mesmo. Abrs.