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ENTREVISTA: FOCA FALA DO DOSOLROCKBAR NA DYNAMITE

DOSOL ROCK BAR: UM INSTRUMENTO A MAIS PARA A CENA INDEPENDENTE DE NATAL

Sabemos que para uma cena independente se consolidar é necessário utilizar vários instrumentos que possibilite a inserção da música autoral, com autonomia e independência, em todos os setores da sociedade. Além de Festivais, uma cena deve ser alimentada constantemente com a circulação de shows independentes locais e de todo o Brasil, sendo importantíssimo a abertura de espaços fixos apropriados para receber esses shows. Casa de shows independentes é uma grande necessidade em várias regiões brasileiras. E circulando por vários pontos do país, pude conferir de perto algumas das maiores casas de shows do circuito independente como A OBRA (MG) e a DOSOL ROCK BAR (RN). Nosso amigo Anderson Foca, gerenciador do Festival DoSol e da DoSol Rock bar, concedeu-nos uma entrevista para falar um pouco sobre como a DoSol Rock bar influenciou a cena independente de Natal. A casa funciona há dois anos e foi inaugurada com um show histórico do Dance Of Days. Vale a pena conferir de perto essa estrutura. É mesmo ducaralho!

E.C: Foca, o que te fez priorizar a construção de uma casa de shows em natal?

Foca: Na verdade a Dosolrockbar encerra um ciclo que começou com a fundação do selo Dosol em meados de 2002. O bar é uma maneira de ter bandas autorias tocando num espaço adequado para um público interessado nisso. Priorizamos a construção do espaço pelo simples fato de não ter outra casa adequada para o público “rocker” de Natal.

E.C: O que mudou, na cena autoral de natal, após a construção do Dosol rock bar?

Foca: Olha, muita coisa mudou. Ter um rock bar na cidade é sinal de que a cena vai muito bem. As mudanças vieram primeiro de dentro para fora. As bandas passaram a ter um lugar adequado para lançar seus discos, movimentar seus shows, deixou a coisa mais profissional. O lance de fora para dentro foi que entramos no circuito de shows médios do Nordeste com muita força. Já fazíamos isso antes do bar como produtora, mas triplicamos depois que ele foi fundado. Isso nos tornou uma referência na região, o que nos deixa orgulhosos. Ter um rock bar com shows sistemáticos na cidade é sinal claro de evolução.

E.C: Sabemos que manter a circulação das bandas independentes periodicamente, é um claro sinal de compromisso com a cena local. Uma casa de shows vem para tornar essa ação permanente e não se escorar apenas em um Festival. Sabendo que ambos são importantes para uma cena sólida, diga quais as diferenças e os pontos comuns em se gerenciar uma casa de shows e um Festival, como o Festival DoSol?

Foca: Movimentar uma casa de rock numa cidade como Natal dá 10 vezes mais trabalho do que fazer um festival. tem que ter uma continuidade muito grande, tem que saber gerenciar bem as atrações, saber dar espaço para bandas novas, trazer bandas de outros estados para ter um referencial a cena, tem que matar uns dez leões por dia. Os pontos em comum são os contatos fora do estado que terminam ajudando na formação do festival e do bar. Uma história boa é que usamos o festival Dosol como uma espécie de aniversário do bar, uma celebração do que fazemos semanalmente dentro do bar. O dosol rockbar veio primeiro e praticamente deu oportunidade para que a gente resolvesse fazer uma grande festa independente uma vez por ano que é exatamente o festival dosol. Tanto que usamos o bar como um dos palcos do Festival.

E.C: O Festival DoSol consegue se bancar sozinho?

Foca: Não e sim. Podemos fazê-lo de vários formatos. Se fizermos o evento num âmbito regional e com menos atrações de outros estados, podemos fazê-lo sozinho sem maiores dificuldades. Mas ter uma representatividade nacional, imprensa, estrutura maior, é preciso ter patrocínio, senão não vira com grana do próprio evento. Mas é tudo questão de visão, o importante para nós é fazê-lo, grande ou pequeno sempre será um grande festa, um grande encontro e um grande evento. Como deve ser. Pelo menos para nós realizadores, cada um tira suas impressões em cada edição!

E.C: E o Do Sol Rock Bar? Acha que ele é promissor para poder investir num Festival com esse porte maior ou em outras ações ligadas cena independente?

Foca: claro! O bar é economicamente positivado, se paga, gera renda pro selo e nos faz partir para outros investimentos. Acho que não daria para gente pensar em ações do selo sem o bar hoje em dia! É praticamente nossa casa!

E.C: Então, para termos uma cena independente forte e autônoma, o ideal é investir em várias frentes mercadológicas, para se garantir um pouco em cada uma delas. E criar um mercado independente. Mas como começar tudo isso? De onde vem a receita inicial?

Foca: A minha receita inicial veio primeiro de algumas idéias que deram certo, como juntar verba de várias gravações de bandas amigas e comprar uma ilha em vez de pagá-la a um estúdio já composto. Acho que o cara que trampa com rock tem que ter senso de oportunidade como qualquer empreendedor e tem também que ter paciência para passos certos. Cada passo errado pode significar a perda de tudo num meio argiloso como o nosso. O ponta pé inicial nem sei como foi na verdade, mas lembro que tive muita coragem para fazer várias coisas no decorrer desse processo.

E.C: Não acha que nesse momento, caberia o incentivo do poder público em investir inicialmente para a formação desses núcleos independentes?

Foca: Acho importante. Mas acho também que é preciso separar ações individuais com ações de cunho coletivo. Acho que o Festival dosol tem que ser incentivado, é um projeto que envolve a cidade inteira, todos os selos, bandas, produtores, tudo. Mas o bar, eu acho que é uma ação muito individual, se o apoio vier ótimo, mas temos que dar um jeito de funcionar sem contar com isso.

E.C: Acha que seria necessário uma organização como a ABRAFIN para as casas de shows independentes do país?

Foca: Acho a ABRAFIN uma boa idéia principalmente para correr atrás de coisas mais coletivas, alguns apoios institucionais, ter voz mais ativa no minc e coisas do tipo. Agora, eu acredito num trabalho em grupo, quando o grupo tem pessoas capacitadas individualmente. Se formos homogeneamente bons, teremos resultados, se formos medíocres em nossa maioria associativa nada vai acontecer. Um outro ponto que deve se levado em consideração é que o Brasil é um país muito continental, muito grande. Organizações como a ABRAFIN tendem a andar um pouco mais lentas do que o normal por conta disso. Não sei se é necessário, mas que é muito importante estar numa associação como essa esta isso é!

E.C: A Dosol Rock bar está concorrendo ao Prêmio Dynamite. Fala um pouco de como é a estrutura do bar e como estimularia outras regiões a montar uma casa de shows…

Foca: No nordeste já existem mais duas casas geridas por produtores que vieram de bandas e selos. O Hey Ho rock Bar em fortaleza e a fábrica em Maceió. Acho que só o fato de poder receber os shows que estamos recebendo, já estimulamos outras capitais a fazer o mesmo. De cabeça e rapidamente, já passaram por aqui esses ano mais de 200 shows. Entre eles Autoramas, Astronautas, Dj Dolores, Cabruera, NX Zero, Wander Wildner, Darvin, Fresno, Mindflow, Chico Correa eletronic Band, Matanza, entre outros.

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