Clipping

ENTREVISTA COM O LUDOV NO SITE ROCK POTIGUAR (RN)

Nascidos na capital paulista e saindo do Maybees surge o Ludov, banda que tem como um dos principais hits a canção “Princesa”, que ganhou um Vídeo Music Brasil em 2004 na categoria melhor clip independente. O nome da banda vem do filme “Laranja Mecânica” (assistam a esse filme, é uma ótima pedida!). Uma derivação do nome do tratamento o qual o protagonista Alex era submetido, o “tratamento ludovico”. E foi assim que tudo começou. Eles lançaram o EP “Dois a rodar” que tinha a faixa “Princesa” que logo se tornou um hit abriu ainda mais as portas do mundo da música independente para eles. Após o EP, lançaram o bem recebido CD “O exercício de pequenas coisas”, que também deu mais hits, como o do belo clip “Kriptonita” e “Dorme em Paz”. Chegando a Natal para o seu terceiro show (isso mesmo, 3 vezes por aqui!), abrir o festival DoSol e lançar o seu “Disco Paralelo”, o Ludov mais uma vez vem confirmar sua forte presença em terras potiguares no dia 14 de julho. E foi com o guitarrista Habacuque Lima que o Rock Potiguar conversou via e-mail para saber um pouco mais da banda, dos vídeos, da música e do CD novo.

Rock Potiguar – Os clips de vocês fogem da obviedade que a maioria das bandas segue. Por exemplo, logo no primeiro vídeo (Princesa), vocês preferiram mostrar bem mais o som do que a banda numa animação que foi premiada pela MTV. Já em Kriptonita, a câmera tem uma tomada subjetiva. Em Dorme em Paz a imagem é meio tremida e na parte da música (e da letra) que há uma mudança, a imagem fica nítida, em sintonia com a evolução da música. Como se dá a concepção dos vídeos? Vocês se envolvam no processo das idéias? Qual a importância deles para a banda?

Habacuque – Os vídeos sempre foram muitíssimos importantes pra banda. Assim como a internet, o videoclipe é um meio de comunicação com um público que pode ainda não ter o disco ou até mesmo nem conhecer a banda. O prêmio com o clipe de princesa e o sucesso do clipe de kriptonita abriu muitas possibilidades de shows pra gente por todo o Brasil, e nesses shows percebemos claramente que as músicas que tiveram videoclipe veiculado são muito mais conhecidas pelo público.

O nosso envolvimento com os clipes depende muito de cada projeto. Em Princesa o diretor Ricardo Filomeno fez tudo e mostrou pra gente o vídeo já finalizado. Já em Dorme em Paz nós participamos muito do processo de criação e filmagem, procurando realmente outras maneiras de explorar a música. Tudo depende muito do diretor, e o importante pra gente sempre foi escolher os diretores que melhor se enquadravam pra cada canção. Tendo isso, o resto é confiança.

Rock Potiguar – O que vocês acham de ver suas músicas disponíveis para downloads em blogs e comunidades do Orkut? Vocês acham que isso prejudica ou acaba ajudando a banda, já que o CD não alcança todos os lugares? Sem falar que a grande maioria dos fãs que baixa, acaba comprando o CD depois nos shows ou nas lojas. Baixar música pela internet para as bandas independentes é vilã ou mocinha?

Habacuque – Eu particularmente acredito que quanto mais a música for ouvida e espalhada, melhor. A época em que vivemos já consolidou um sistema de compartilhamento da informação que não existia há alguns anos e que já faz parte do inconsciente das crianças/pré-adolescentes. Acho que não tem mais essa de “eu tenho, você não tem”.

A distribuição das músicas sempre nos ajudou muito, visto que cria um público para mais shows em cidades antes inatingíveis. E, como você citou na questão, ao chegarmos com o CD pra vender nesses shows, os fãs compram, se interessam, querem ter o seu autografado. Não impede a venda dos discos, intensifica até.

Rock Potiguar – Falando sobre Natal, como é a relação da banda com a cidade e com os fãs, já que vocês se tornaram presença obrigatória no Festival DoSol, seja abrindo a temporada ou sendo uma das bandas que se apresentam no festival?

Habacuque – Pois é, isso vem se repetindo nos anos que se passaram graças à boa vontade Anderson Foca, que sempre nos convoca pro evento. Inclusive devo dizer que ele é uma pessoa que merece todo o nosso respeito pelo trabalho musical que vem desenvolvendo em Natal. Já tocamos em muitas cidades do Brasil e é difícil encontrar alguém com tanta energia e capacidade de transformar sonhos em realidade como esse cara.

A cidade sempre nos recebeu muitíssimo bem, já fizemos muitos amigos, e pretendemos conseguir passar mais tempo por aí pra aproveitar melhor as praias e a boa comida. A recepção do público, a alegria, é tudo muito impressionante. Talvez por estarmos tão longe e ser tão raro conseguirmos chegar aí. Talvez porque o povo é exatamente assim, feliz.

Rock Potiguar – Disco Paralelo me pareceu que não tem esse nome à toa. O segundo CD está bem mais experimental que o primeiro, que era mais agitado e esse novo está com músicas mais calmas, mas que não deixam de ter um crescimento à medida que o CD segue. Quais foram as influências para DP?

Habacuque – Não saberia dizer especificamente as influências do disco.

O que posso dizer é que ele foi composto em um período de tempo pré-definido, em que decidimos nos sentar para realmente escrever o que viria a ser o disco. Só isso já faz com que ele seja bastante diferente do anterior, que era mais uma coleção das canções que já tocávamos antes.

Nesse período de composição, buscamos enriquecer as músicas trabalhando mais com parcerias (tanto internamente na banda quanto com pessoas próximas como o Fabio Pinczowski e o Felipe Machado). Assim acabamos montando um disco que tem conceito, mas que é expressado por diversos pontos de vista.

O nome Disco Paralelo é também o nome de uma das músicas e que indica, mais do que uma solução alternativa, um esforço em transformar em leveza o que poderia antes ser visto como trabalho.

No nosso caso, música é nosso trabalho, nosso prazer e nossa diversão. Assim foi gravado o disco paralelo.

Rock Potiguar – Outra coisa bastante curiosa sobre vocês é o diferencial no projeto gráfico dos CDs. Eles são bem diferentes do convencional e sempre mostram um design bem original. Qual a importância dessa parte de apresentação do material de vocês?

Habacuque – A importância de expandir a obra pra além da música.

Gostamos de trabalhar com imagens e sabemos o quanto são importantes no conceituamento de uma obra musical.

No caso do Disco Paralelo, o artista que fez a capa foi o Eduardo Filomeno, antigo baixista da banda.

Além de ser um ótimo designer, é um grande amigo que achamos que tinha tudo a ver com o disco.

Rock Potiguar – Como é o projeto Liga Leve? Como ele surgiu? Fale mais um pouco sobre eles.

Habacuque – Liga Leve é um projeto musical em que eu, Mauro e Fabio Pinczowski compomos e gravamos músicas sem muito planejamento, sem muito compromisso. O que costumamos fazer é decidir um tema para um conjunto de canções, ir pro sítio do Fabio e compor e gravar tudo lá em uma semana, dez dias. Foi assim que fizemos o álbum “Buena Onda” que está disponível na internet para download.

Diversão garantida, pra gente e para os ouvintes. Sempre que temos uma folga de shows, vamos pro sítio trabalhar essa nossa forma de “terapia musical”.

Rock Potiguar – Vi a entrevista da banda no Jornal da MTV esse mês e o Mauro falou que não esperava trabalhar com o Chico Neves tão cedo, que tinham planos, mas era uma coisa mais distante. Como ele foi parar na produção do DP? Como foi trabalhar com ele?

Crédito: Caroline Bittencourt

Habacuque – Bom, quando fechamos o acordo com o selo Mondo77 para lançar nosso disco, eles pediram uma lista com os produtores que gostaríamos de trabalhar. No topo da lista estava o Chico. Conseguimos entrar em contato com ele e descobrimos uma pessoa simples e acessível que fez de tudo para tornar viável a produção desse disco.

O trabalho foi feito com uma tranqüilidade incrível. Foi o disco que gravamos com mais calma e ainda assim fizemos tudo em apenas 9 dias! Depois mais algumas semanas para mixagem e masterização e lá estava o disco pronto, ainda melhor do que a gente imaginava.

O Chico estava no mesmo clima que a gente, com idéias de simplicidade e objetividade nos arranjos, o que fez tudo correr da muitíssimo bem.

Rock Potiguar – E as letras das músicas de DP? Vocês poderiam fazer um pequeno comentário sobre cada uma? Sobre cada uma? Hehehe (risos)

Habacuque – Acho interessante deixar abertas as possibilidades para os ouvintes tirarem suas próprias conclusões.

Acabei por descobrir que as músicas mudam muito de ouvido pra ouvido e é isso que as enriquece. Só de chegar no Rio de Janeiro para a gravação do disco (as músicas haviam sido compostas em São Paulo), as letras já mudavam de sentido, as imagens mudavam de figura e tudo ganhava novo significado.

O que eu poderia dizer? Acho a letra de “Rubi” linda. Mauro que escreveu e eu acho encantador ele ter feito essa comparação dos olhos antes diamante e depois rubi.

Em “A Espera” o Machado escreveu “o melhor que faço é fazer o que sei”. Acho que é um desses conselhos óbvios, que todo mundo já sabia mesmo antes de ser cantado, mas que é importante dizer pra si mesmo, como foi dito na música.

Rock Potiguar – Voltando a falar sobre Natal, vocês esperavam toda aquela recepção e alegria dos fãs no primeiro show em 2005 e na volta em 2006? E quais as expectativas para o terceiro show em terras papa-jerimuns?

Habacuque – Não sei se somos muito assustados, mas nunca chegamos aos lugares com muita expectativa quanto ao público. Dito isso, foi uma grande e excelente surpresa ter sido tão bem recebido por todo o Nordeste em nossos shows de 2005 e 2006. Os fãs aí são muito mais animados e fazem uma grande festa quando chegamos.

Dessa vez espero que não seja diferente. Temos um novo disco para apresentar, disco esse que requer um pouco mais de atenção do público, de concentração mesmo, mas acho que é isso que todos estão esperando, estão já preparados. É claro que não deixaremos de tocar músicas dos discos anteriores em versões alteradas, músicas que ficaram fora dos discos.

A finalidade é que todos divirtam-se muito, e isso eu tenho certeza que vai acontecer.

Quer saber mais? www.ludov.com.br

Prévia do Festival DoSol
Sábado (14/07) no DoSol Rock Bar
Às 17:00
Bandas: Ludov(SP), Eletro Bilhar, Os Criticados,
Adriano Azambuja (RN) e 2Fuzz (CE)
Ingressos: a venda no local ao preço de 10,00

 

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