A pauta da Dosol e do The Sinks em Fortaleza era grande e corrida. Nossa meta era fazer shows, gravar bandas, divulgar o selo e a cena potiguar e conhecer mais da cena cearense. Numa viagem tranquila de mais ou menos 8 horas chegamos em Fortaleza por volta de duas da tarde de quinta, dia 04 de outubro. Para nos receber na rodoviária estavam o Dado do Projeto Noise 3D e a Alinne, vocalista do Telerama. Nos juntamos a eles, almoçamos demos alguns telefonemas e fomos para casa da Joana, também do Telerama e por lá ficamos até a hora da nossa primeira pauta, o show do Sinks no Amici dentro do Projeto Noise 3D.

O Dragão do Mar é um show a parte, lugar altamente bem cuidado e moderno com vários pubs em volta, movimentação cultural intensa, um verdadeiro oásis de bom gosto cultural. O Amici é um desses pubs, um dos mais tradicionais da cidade. Nosso show estava marcado para perto da meia noite e ficamos assistindo o Flamengo ganhar do São Paulo num Maracanã lotado. Cerca de 60 pessoas entraram no pub para ver as bandas, entre elas várias amigos como Ziraldo (Ceará Music), Frizzo (Fóssil), Talles (Joseph K), entre outros. O Telerama começou meio tímido e se soltou mais pro final do show, o The Sinks fez um show bem redondo e a vontade no lugar e o Carango Abacaxi mostrou ser uma banda com bastante futuro. Saldo muito positivo no primeiro dia.

Segundo dia de shows do Sinks em Fortaleza com pauta marcada também na Tv União, emissora local bem parecida com a MTV, e na Fm Universitária. Depois de um rápido check in nos emails fomos almoçar por volta de uma da tarde e já ficamos direto para fazer TV, passar som e tocar no Órbita, outro excelente espaço de shows de Fortaleza, voltado para um público mais da balada. Na rádio ficamos no ar por mais de meia hora conversando sobre a cena independente, falando sobre rock e sobre o Sinks. Tocaram duas músicas nossas por lá “Little Girl” e “When We Come Back to You”. Muito proveitoso. Devido ao engarrafamento perdemos o horário da Tv e não conseguimos entrar no ar, uma pena. Rumamos direto pro Órbita com ajuda do Talles e passamos o som. Tomamos um mega baculejo de pelo menos 40 policiais dentro da casa e ficamos esperando a hora do show. Pausa pra dizer que casas como Noise 3D e Heyho rock Bar estão fechadas devido a essas ações de “cuidado excessivo” da polícia local. Para nós foi bem constrangedor.

O show no Órbita foi sensacional. Umas 500 pessoas na casa, cerca de 150 prestando atenção na banda em frente ao palco, som excelente e show colado. Foi muito bom! Vários outros amigos cearenses apareceram nesse dia, o brother Rafael (proprietário do Heyho, Erick do Fóssil e muito mais roqueiros amigos de estrada. Deu vontade de arrancar o cartaz do Weezer que tinha bem na minha frente decorando a casa!

Nosso terceiro dia, o último com pautas marcadas para o Sinks, acordamos demos telefonemas e fomos visitar a praia do Futuro com a Joana do Telerama, que nos acompanhou em 90% da nossa estada em Fortaleza. Dante, nosso vegan da banda, estava desejando um açaí falsificado daqueles que o povo bota granola (fake). Matou o desejo. Depois de algumas cervejas, refris e camarões nos encontramos com o Rafa Heyho que nos deu carona de volta. Por volta das 17h já estávamos a caminho do ginásio da Parangába, lugar enorme que estava abrigando o Panela Festival. O festival começou com apresentações variadas. Os shows que mais me chamaram a atenção foram o Plastique Noir, banda que toca um som gótico poderoso e avassalador (melhor show do evento inteiro), Josephk agora como um trio bem mais coeso, Red Run que esteve aqui em Natal na última edição do Festival Dosol e o Piron Heron uma das poucas bandas nordestinas e tocar o bom e velho hard core melódico sem cair na choradeira emo ou na gritaria metal core.

O Sinks foi a penúltima banda do Festival. Dos três shows esse foi o mais esquisito por conta do som do palco um pouco bagunçado (e também pela falta de costume da banda com palcos um pouco maiores) e pelo cansaço dos últimos dias. Fizemos mais amigos lá como o Tanísio, o pessoal do Bonecas da Barra, entre outros. Logo depois do show o Sinks voltou para Natal e eu fiquei para continuar minha saga alencarina dessa vez como produtor de rock independente.

O domingo foi off. Praia, casa do Talles, preparativos para gravação indo atrás de microfones (valeu Alencar) e coisas do tipo. O Panela Estúdio é um lugar muito legal com duas salas bacanas e estrutura ótima aos cuidados do Saron, também vocalista da Drive Sex.

Na segunda já acordei o povo cedo e começamos a registrar o segundo trabalho do JosephK. Como precisávamos fazer o trabalho render passamos o dia inteiro dentro do estúdio, inclusive na hora do almoço. Registramos todas as baterias e baixos nesse primeiro dia. No fim da tarde/começo da noite acertamos também uma produção pro novo trabalho do Red Run, que deve ser iniciado mais pro final de outubro. De noite não restou outra alternativa se não dormir o sono dos justos! Não era nem 22h…

A pauta da terça feira era corrida, tinha certeza de que não ia dar tempo de fazer tudo. Acompanhe. Acordamos muito cedo, 7 da manhã, aprontamos amplificadores e guitarras e começamos a gravar as guitarras do disco do JosephK. Perto das 11h da manhã já tínhamos metade dos takes finalizados. Sai correndo com Talles entrei num táxi e fui gravar um especial sobre o rock potiguar na TV União. Lá colocamos também vários clips locais na programação, conhecemos a diretoria da empresa e a estrutura. Programa gravado, almoçamos rapidamente, voltamos ao estúdio e registramos o resto das guitarras do disco do Josephk. Perto das 18h arrumei toda a minha bagagem e fomos pro último compromisso do selo em Fortaleza, ministrar palestra na faculdade particular local sobre empreendedorismo cultural a convite do Tanísio e do Coletivo Soma.

Tomei fôlego, comecei a falar s 8h30 e só paramos perto das 22h com quase 50 pessoas na platéia, foi excelente. Meu ônibus de volta era s 23h e só deu tempo de tomar uma água, se despedir da turma e retornar para Natal. Rock mode on!

Fortaleza sem dúvida é a capital do nordeste que tem a cena alternativa mais interessante e diversificada.Incrível e excitante. Esperamos voltar logo. Obrigado a todos que nos receberam, trabalharam, tocaram e trocaram uma idéia com a gente nesses dias.