Notícias

DICA DE FILME: HOMEM DE FERRO

Homem de Ferro, filme que estréia hoje no Brasil, estrelado por Robert Downey Jr. marca o início de uma nova era em Hollywood. Não apenas por ser a primeira adaptação para o cinema do personagem criado em 1963, por Stan Lee, sobretudo por inaugurar os trabalhos da Marvel Studios, uma holding de produção cinematográfica com orçamento inicial estimado em 700 milhões de dólares, criada para abrigar as adaptações dos seus HQs para o cinema. Agora a mãe (Marvel) lambe as suas crias sem ajuda de babás (outros estúdios).

Com os dados rolando na mesa, a Marvel apostou todas as suas fichas na estréia do primeiro blockbuster de peso em 2008. E se deu bem. A história do Homem de Ferro, alter ego do playboy Tony Stark, equilibra-se entre o filme de origem que é Batman Begins e a aventura com alguma moralidade do Homem-Aranha, para ser no fim das contas um filme muito, muito divertido, desses que valem o ingresso caro e a pipoca idem.

Homem de Ferro é na essência uma história de redenção, de como algo traumático leva alguém alheio às mazelas do mundo, a ser herói desse mundo e tentar consertar as bobagens que fez (mesmo por omissão) até então. Não por acaso o feito é realizado por um ator que renasceu das cinzas: Robert Downey Jr. É bom não esquecer que há pouco mais de dez anos fotos de Downey vestido com o indefectível macacão laranja das penitenciárias americanas eram estampadas em jornais do mundo inteiro, desentranhando seu envolvimento pesado com drogas.

A guinada, muito bem conduzida pelo improvável diretor Jon Favreau (Um Duende em Nova York), esmiúça com precisão a personalidade de Tony Stark e o que faz dele um dos personagens mais cool dos quadrinhos: o humor cínico, a vida desregrada de festas, bebidas e mulheres caminhando lado a lado com uma habilidade invejável para os negócios e a paixão por tecnologia.

Megalomaníaco (tendo sido criado sob inspiração de Howard Hughes, personagem que rendeu o filme O Aviador, de Martin Scorsese), Stark vê-se obrigado a cuidar dos negócios aos 21 anos, pouco depois da morte do pai. Exportando armas para o mundo inteiro e tornando-se cada vez mais rico, ele tranca-se uma bolha de “curtindo a vida adoidado”, que estoura numa viagem ao Afeganistão para apresentar um novo míssel ao exército americano, em ofensiva naquele país.

Seqüestrado por um grupo terrorista, que o obriga a construir uma réplica da arma apresentada aos americanos, Stark, com ajuda do também prisioneiro Yinsen, vivido por Shaun Toub (O Caçador de Pipas), desvia-se da obrigação e passa a construir o primeiro modelo do seu “traje”, um brutamonte com um poder considerável de destruição que o ajuda a sair da caverna onde é mantido refém. O que ele não contava era com o fato de encontrar, entre as armas nas mãos dos terroristas, milhares de exemplares da Stark Industries. E aí que acontece a epifania.

De volta aos EUA, Stark, tocado pela morte do companheiro de prisão e pelo fato de ter milhares de armas fabricadas por ele em mãos erradas, anuncia a paralisação da indústria e passa a se dedicar ao melhoramento da armadura anterior, com o intuito de reparar o próprio erro. É quando colide com os interesses de Obadiah Stane, vivido pelo excelente Jeff Bridges, a quem seu pai confiou os negócios até que o menino estivesse pronto para domar o império de armas e dinheiro. Afinal de contas, não é todo mundo que quer perder dinheiro por uma boa causa.

O herói divide-se então em duas frentes de batalha e para isso conta com a ajuda do amigo Rhodey, interpretado por Terrence Howard, e a inseparável secretária Peppers, na pele de uma belíssima e eficaz Gwyneth Paltrow.

Permeando a história estão ironias de alto quilate, humor cortante e uma mudança considerável de lado (não exatamente da água para o vinho; uma vez playboy, sempre playboy), embalada por uma trilha sonora poderosa que inclui AC/DC e Black Sabbath.

Diversão pura, que abre com chave de ouro a nova fase da Marvel e ainda brinda o espectador com uma última frase que nasce antológica, tanto quanto “Lucke, eu sou seu pai”, em Star Wars – O Império Contra-ataca. Curioso? Assista hoje, nos cinemas.

Iron Man, 2008, John Favreau

Previous ArticleNext Article

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *