Por Anderson Foca
O Festival Dosol 2017 está chegando ao fim e eu gostaria de contar para vocês o tamanho da bronca que é colocar um colosso desse na rua e também dividir alguns momentos de alegria e satisfação de estar fazendo isso. Uma constatação logo de cara: os fãs de música de Natal (e do Nordeste) amam o Festival Dosol e o aguardam com ansiedade, fato! Impressionante a quantidade de goodvibe que recebemos durante todos esses dias, antes, durante e depois de cada etapa de festival. É uma tremenda injeção de ânimo para quem está no limite do cansaço físico e mental. Dá aquele restart bom para você começar tudo de novo pro ano seguinte.
Ao todo um pouco mais de 7.000 pessoas acessaram a arena que montamos na praia e nossos sideshows antes e depois das atividades principais. Número muito expressivo para um período em que se vende cada vez menos ingresso, independente do artista que a gente coloque para tocar. Nunca nos baseamos em venda de ticket, nunca pautou nossa escalação o artista ser mais ou menos midiático, para gente importa muito que os shows estejam cheios mais para dar feedback para quem veio tocar no festival do que por prazer pessoal ou financeiro. A venda de ingressos pro Festival Dosol representa menos de 1/4 do valor final do projeto, ou seja, com pouca ou muita venda de ingresso não conseguiríamos fazer o festival sem patrocínio.
Pelo lado da viabilidade esse foi o ano mais difícil de realizar o festival nos últimos dez anos. Perdemos nosso principal patrocinador (a Petrobras que já estava com a gente há 8 anos), a evidente falta de grana geral atrapalhou muito conseguirmos outro master patrocínio e isso foi se arrastando no decorrer dos meses assombrando a nossa pré-produção praticamente até abrir as portas do festival sábado passado. Fizemos economia em praticamente todos os itens da nossa planilha em relação a outros anos, sempre prezando por manter a qualidade mas sem luxo e sem vaidade. Foi um exercício de criatividade, experiência e sagacidade para não terminar a edição endividado. Aí eu preciso agradecer muito aos nosso fornecedores, produtores e equipe que somaram com a gente nessa. Sem ter essa excelente relação que temos com todos eles impossível fazer isso. Dica quente: construa relações reais com os agentes que fazem parte da cena cultural, quando tiver orçamento pague o melhor possível, para quando não tiver a grana ideal poder barganhar e negociar melhor os itens do festival.
Quem segurou a onda real/oficial do Festival Dosol desse ano foram os artistas. Tivemos que fazer mil malabarismos para escalar geral pro festival. Ajudar as bandas que estavam em tours a chegar aqui, permutar serviços para pagar vários artistas locais, fechar mais shows para poder pagar menos em Natal. Várias construções, uma a uma com carinho e cuidado. Trabalhoso demais.
Um item que pouca gente sabe, que gostaria de dividir com vocês. Cada pessoa que recebemos no festival custa perto de 300 por dia (hospedagem, translados locais, alimentação, bebida, suporte adicional) e todo mundo sabe que o Festival Dosol é o rolé dos ditos “independentes” que mais recebe artistas no país e a gente ainda acha pouco. Queríamos receber bem mais! Vamos no limite com isso, sempre rola o “vamos chamar mais uma banda que ainda cabe”. Os artistas se importam com o Festival Dosol e a gente se importa em atender da melhor maneira possível todo mundo. Os artistas também são os maiores divulgadores da atividade, antes, durante e depois de tudo acontecer. Bandas como Francisco El hombre, Far From Alaska e Ana Muller (só para citar alguns) que já tem um público fiel em suas fanpages fizeram um excelente trabalho de divulgação junto com a gente. As bandas menos conhecidas deram show, mesmo com a fanbase pequena na cidade agitaram o quanto puderam seu público, foi demais! Também tem o outro lado dos artistas que divulgam muito pouco (ou nada) o lance, normalmente os mais caros. Isso é uma pauta que também precisa ser debatida com urgência num outro momento mais adequado.
Também fico feliz em ver a maturidade do público que tem acessado o Festival Dosol. Atento a tudo, aprecia o carimbó do Pinduca e a guitarra estribuchada do MQN com o mesmo vigor, isso deixa a gente a vontade para escalar qualquer estilo musical com a segurança de saber que ninguém vai ser julgado antes de tocar. Tem gente de camisa preta no axé greioso e camisetas floridas na rodo de pogo, uma maravilha!
Uma consulta para gente terminar esse texto. Será que vira começamos o Festival Dosol tipo 13h em vez de 17h? Aproveitar mais o dia que a madrugada? É absolutamente fantástico o climão da tarde ali na praia e seria demais que todo mundo fosse mais cedo. Fica essa pergunta para 2018. Já começamos a trabalhar, anunciamos os primeiros nomes e patrocinadores ainda esse ano. Somos todos só agradecimento por vocês terem trabalhado, assistido e tocado no Festival Dosol, é bom saber que vocês confiam no que trazemos para cidade. Nosso Festival Dosol “gourmetizado” mostrou que é preciso coragem para mudar, olhar pro passado com respeito e carinho e apontar pro futuro sem medo e confiando no trabalho. Quem não muda não anda, quem fica parado definha.
Em 2018 tem mais.
É simplesmente fantástico o que vocês fazem pelo pessoal daqui do Rio Grande do Norte. De alguns poucos anos pra cá venho acompanhando a cena potiguar e nacional e desde que fui pro meu primeiro show na Ribeira em 2012 eu só tenho paixão pelo Dosol. Queria poder dar um abraço em cada um que organizou e fez acontecer esse espetáculo na via costeira (e nos sideshows).
E que venha o próximo Dosol, tenho certeza absoluta que vocês não irão decepcionar.
Na próxima espero assistir ao festival, ano que vêm quero estar lá, e quanto ao horário sugerido eu concordo, mais cedo é melhor, parabéns a todos!!!