Fotos e Texto: A. Foca
No ano passado, nas horas finais da edição do APR, pensei e cheguei a conclusão de que o festival jamais ganharia clima sendo realizado no Chevrolet Hall. Esse ano pude perceber que felizmente eu estava totalmente errado. A segunda e última noite do evento foi excelente, encerrando uma edição que vai deixar saudades.
Com metade do público do primeiro dia (por volta de 2.500/3.000 pessoas) a noitada teve vários destaques. Os principais deles foram Retrofoguetes e Móveis Coloniais de Acajú.
O rock começou praticamente no horário com o Candeias Rock City (PE) tocando um glam rock gay divertido. Sem muito diferencial, destaco uma excelente balada que tocaram no meio do set e as presenças marcantes de Marcelo Gomão (guitar hero local e líder do Vamoz) e de duas strippers que fizeram a festa da turma com direitnho a peitinhos de fora e tudo mais.
O The Keith (PE) veio na sequência mostrando um pouco mais da nova cara do rock pernambucano. A principal referência dos garotos são os Strokes e nessa praia eles navegam bem. A banda tem muito futuro e se conseguirem se desvencilhar um pouco mais da sua maior influência vão crescer. Bom show!
O ataque baiano começou a fazer estrago no APR deste ano com o Vivendo no Ócio. O Portal Dosol esteve no BoomBahia 2008 e nas duas resenhas que fizemos constatamos o quanto a cena baiana de rock está legal. Lembro de ter ficado impressionado com o Vivendo do Ócio naquele dia, mesmo eles abrindo a programação. No Abril Pro Rock eles chegaram com ainda mais cancha e fizeram um dos melhores shows do festival.
Os também baianos Retrofoguetes fizeram uma das melhores apresentações do APR com seu rock instrumental afiado e consistente que deixa qualquer um excitado. É impossível ficar parado. No final o gênio da guitarra Morotó ainda teve a manha de tocar uma música clássica do Dick Dale usando uma inacreditável guitarra baiana. Foi arrebatador!
O Heavy Trash, projeto de Jon Spencer (aquele do Blues Explosion) deixou o clima festivo continuar com um rockabilly certeiro mas um pouquinho repetitivo. O show demorou a engrenar mas terminou num climão bacana. A curiosidade da apresentação foi que o técnico de som também tocava stell guitar e guitarras adicionais só que sem ser de maneira escondida, tinha luz para ele e tudo na cabine de som. E muito gente (eu fui um) preferiu ficar vendo o cara em ação de perto. Bem bom.
O Volver veio na sequência com o show que teve mais receptividade do público em toda a noite (mais até que o Marcelo Camelo). O set baseado no segundo disco do grupo fluiu bem com todo mundo cantando e celebrando junto com a banda. Não duvido que tenha pego de surpresa até a produção do APR tamanha a receptividade. Minha predileta do set foi Mister Bola de Cristal do primeiro álbum. O grupo agora ruma para SP e fixa residência lá tentando mais visibilidade pro trampo. Tirando pelo APR tem tudo pra dar certo.
O Vanguart fez, como sempre, um show esteticamente muito bonito e com ótima sonorização, só que isso não empolgou em nenhum momento a platéia que ficou bastante dispersa na hora do show dos cuiabanos. Isso se deve ao fato do Vanguart estar sendo “vendido” como uma banda grande do pop rock nacional sem ter “hits” suficientes para segurar a fama. As atenções ao grupo só retomaram o trilho na hora da sensacional “Semáforo”. Nem Fred04, convidado de honra do grupo, resolveu a peleja.
A melhor apresentação do APR 2009 veio em seguida com o show novo no Móveis Coloniais de Acajú. Foi uma coragem muito grande da sensacional banda candanga abdicar de seus hits para mostrar ao público as músicas do disco novo que está para sair. O show continua certeiro, André está cantando muito bem e a cozinha está afiada como nunca. O que já era excelente continua lá com as metaleiras quentes e ótimas canções. Foi uma festa completa e o melhor momento deste segundo dia de APR.
O Mundo livre foi a penúltima banda a se apresentar no Chevrolet Hall e aproveitou o clima festivo deixado pelo Móveis para fazer uma bela apresentação que teve duas partes: a primeira tocando músicas novas e bacanas do trampo que está por vir (aliás, com um flerte bem eletrônico como o Mundo Livre jamais foi) e a segunda tocando hits, um atrás do outro me deixando rouco de tanto cantar! Foi legal cantar “Livre Iniciativa” com o Miranda atrás de mim vendo no que se transformou o disco que ele produziu no começo dos anos 90. Clássico absoluto de uma banda com 25 anos de carreira.
Para fechar essa sensacional edição do APR 2009 subiu ao palco Marcelo Camelo que veio pela segunda vez em Recife mostrar as músicas do disco “Sou”. A apresentação me pareceu com menos força do que a que vi no Goiânia Noise no final do ano passado. Mesmo assim não tem como passar batido nas belas canções e na forma com que o cantor é acompanhado pelos Hurtmolds. Bom de ouvir e bom de ver num clima de fim de festa que até combinou.
O Abril Pro Rock mostra fôlego, mesmo com a crise que teima em atrapalhar os rumos da cultura brasileira e mantém o slogan de ser uma dos maiores e melhores festivais de música indie do Brasil. Que venham os próximos