Foto: Caroline Bittencourt
Texto: Hugo Montarroyos
Seria praticamente impossível repetir o feito do Cordel do Fogo Encantado no ano passado. Mas a Original Olinda Style não ficou muito longe.
Ficou também para o último dia aquele que foi o pior show do RecBeat: o do mexicano Cabezas de Cera. Foi também a noite em que o Cidadão Instigado fez um show irrepreensível. E que o acreano Caldo de Piaba deixou todo mundo confuso.
No último dia, a noite começou mais cedo, por volta das 19h, com a apresentação de Adiel Luna e Coco Camará, vencedor do polêmico Pré-Amp, que o credenciou, entre outras coisas, a abrir a última noite do festival. É inegável que são bons, e ver o público todo dançar coco fez lembrar dos antológicos shows de Coco Raízes de Arcoverde no RecBeat. Ao ser informado que seu tempo já tinha esgotado, Adiel saiu-se com essa: “aqui em cima o tempo já está esgotado. Mas aí embaixo a gente pode fazer o que quiser”. E fizeram. Desceram e tocaram no meio do público, para alegria de gringos ensandecidos com suas filmadoras e câmeras digitais. Bonito de ver.
Na sequência veio Mestre Galo Preto, em show didático em que explicou as várias ramificações do coco e suas formas de dançá-lo.
Por ser o último dia de carnaval, já havia muita gente no Paço Alfândega durante a apresentação do trio instrumental acreano Caldo de Piaba. A maioria reagiu de forma hipnótica ao som deles. Quem já os conhecia ficou sem entender o porquê da saraivada de covers que tocaram. Será que acharam que era o que o público queria no carnaval? Ou queriam se mostrar mais acessíveis? O fato é que a banda continua fiel à sua proposta, que é a de eletrificar os ritmos locais, dando-lhes um acabamento mais pesado. E foi no mínimo divertido ouvir “O Caminho do Bem”, da fase Racional de Tim Maia, em versão tão inusitada. Nem os Beatles escaparam. Show divertido, mas que teria sido mais interessante com o repertório autoral.
O cidadão instigado foi fodasso mesmo.