Por Foca

CARIRI ROQUEIRO DESTE MEU BRASIL
Mais um show lotado dos Camarones dentro do projeto Rock Cordel

A cidade que mais representa o esteriótipo do nordestino nato que mistura alegria, vida simples, histórias fantásticas e religiosidade sem dúvida é Juazeiro do Norte, capital do Cariri e capital do sertão cearense. De Sousa na Paraíba para lá o que se vê na estrada são lindos visuais, caminhos belos, serras, pessoas e comunidades numa verdadeira aula ao ar livre. 170 km de história.

Saimos um pouco tarde de Sousa e terminamos chegando atrasados para a passagem de som dos Camarones em Juazeiro. Com um pouco de conversa e com o atraso da banda que abriria o show conseguimos deixar tudo pronto, tomar um banho e esperar tranquilos a apresentação. A estrutura era exatamente igual ao Centro Cultural BNB de Souza: teatro para 170 lugares e sonorização e luz excelentes. O A Trigget To Forget, banda metalcore cearense, chegou muito atrasada e nem passou o som para começar a apresentação deixando as coisas um pouco emboloadas no P.A. A banda, visivelmente cansada, deu tudo de si e fez um show correto para quem curte o estilo. O destaque ficou para o excelente vocalista Léo.

Na sequência veio o Camarones e repetiu o que tinha feito no dia anterior, mas com um show mais atabalhoado. Mesmo assim muito bom e muito apludido pelo público meio “metal” que ficou para vê-los. Aliás essa tour dos Camarones foi marcada pela total diversidade de palcos e bandas que tocaram junto com os potiguares. De novo, praticamente os 170 lugares do teatro estavam tomados pelo público que acompanha o Rock Cordel.

Depois do show cruzamos diversas manifestações religiosas e romarias na terra de Padre Cícero até acharmos um hotel para descansar. A viagem do dia seguinte seria longa e o rock não poderia parar…

RODADA DUPLA EM FORTALEZA
Dois shows no mesmo dia no meio do carnaval alencarino

Eram 04h30 da manhã quando levantamos ainda cansados para embarcar pro maior trecho da nossa tour. De Juazeiro para Fortaleza são aproximadamente 570km e isso signigficava passar 8 horas dentro da van (sem nenhum problema adicional) sem direito a muitas paradas. Aprontamos tudo e às 05 da matina já estávamos na estrada. Dormi o tempo todo mas nas poucas vezes que acordei vi que estava chovendo muito forte. Como previsto, chegamos em Fortaleza quase duas da tarde e fomos direto pro shopping comer algo e encontrar com Felipe Gurgel (baixista do O Garfo) que nos hospedou no excelente bairro da Aldeota.

Devidamente limpos e alimentados, partimos para Centro Cultural BNB de Fortaleza, curiosamente o que tem a menor sala de todos os centros do BNB, com capacidade para 130 pessoas sentadas. Deu para ver o Sibberia de Sergipe com um pop rock competente antes de nos aprontarmos pro show. Mais uma vez, assim como nos outros centro culturais a casa estava cheia, com pessoas em pé e o show do Camarones rolou com naturalidade e já totalmente azeitado pela estrada. É engraçado de ver algumas músicas evoluindo no decorrer dos dias. A que mais cresceu nessa sequência de shows foi o reggae/dub “Deleite”.

Depois de nós veio o Caco de Vidro (CE) tocando só Pink Floyd mas já não tínhamos muito tmepo porque outro shows nos aguardava, desta vez no Acervo Imaginário do Dragão do Mar.

Para chegar no local do segundo show foi novela! Tudo engarrafado, vários blocos de carnaval na rua, Paralamas tocando de graça num parque. Resultado: uma Babilônia só! Depois de quase uma hora, chegamos ao excelente Acervo Imaginário. Passamos o som e ficamos esperando dar a hora da apresentação. Um pouco depois da meia-noite começamos com umas dez pessoas dentro da casa (que não deve ter chegado a trinta até o fim do show). A ausência de público não intimidou a banda que fez um set até mais longo do que os outros shows da tour animando bastante os poucos presentes.

Terminado o rock desmontamos tudo e passamos mais de uma hora perambulando pelo bairro da Aldeota até encontramos o prédio em que estávamos. Já eram 3h da matina e completaríamos quase 24h no ar desde a saída de Juazeiro. Fim da Gig cearense e o começo da volta para casa. Antes disso, Mossoró estava no nosso caminho…

A MINHA VIDA É TIRAR ONDA
Pedro do Mahatma Gangue rouba a cena no último show dos Camanores na tour

Espirituoso, inteligente, desencanado e interessante. Essas são só algumas das características de Pedro, organizador do último show da Camarones Tour pelo interior. O baixista do Mahatma Gangue (e também vocalista do Catarro) parecia criança tocando e se divertido ao som dos cinco grupos que passaram pela chuvosa tarde/noite mossoroense.

Pausa para contar um pouco de como foi o local das apresentações. O Naldir Drinks fica no Centro de Mossoró e não cabe mais que 50 pessoas ao mesmo tempo. Na verdade é um bar bem antigo de uma família que mora ao lado (e que ficou assistindo as apresentações o tempo todo). Assim como no primeiro dia em Caicó, todos os shows foram realizados com os equipamentos que levamos na viagem, então além de tocar montamos e demos assitência a todos os grupos da noitada. Tudo ligado numa tomada só!

A primeira banda que estava marcada para chegar às 17h, só apareceu às 21h (é sério) e o Camarones acabou abrindo os trabalhos fazendo o melhor show de toda a tour. Destaque para as danças exóticas do Pedro ilustrando as canções (aguarde os vídeos no DOSOLTV)! Os Inquisitores de Areia Branca vieram na sequência com um Horror Punk doidasso. O Mahtama Gangue veio em seguida com a tímida Ingrid na guitarra contrasatndo com a maluquice tosqueira do Pedro do outro lado. Surf, tosco, atrevessado, mau feito e imundo. Muito bom! A banda atrasada, o Ataque Mental, chegou e tocou um set de punk rock mais old scholl. Por último veio o Velociraptors mandando um rockão bem na linha do Forgotten Boys e afins. Show que mais gostei e que faz minha cabeça para fechar a surra de rock do fim de semana.

Deu tempo de desmontar tudo, pegar um açai aberto, conversar um pouco com os amigos mossoroenses e dormir. Final de tour com mais de 2.000 km rodados, muitas amizades novas, bandas parceiras, lugares desbravados e conheciemento para o currículo. Saldo altamente positivo! que venham as próximas…