Natal, Notícias

CLIPPING: LEIA AGORA – ENTREVISTA COM FOCA NO CORREIO DA TARDE (RN)

Por Renata Marques
Crescem cada vez mais circuitos de música fora do eixo Rio-São Paulo. Explode pelo Brasil inteiro festivais, organizados por coletivos independentes. Em Natal, um dos que mais promovem ações desse tipo é o Centro Cultural Dosolrockbar, que nesse e no próximo sábado (19 e 26 de janeiro) está realizando o “Festival Novas”, reunindo 20 grupos de Natal e Recife.
Este é o segundo sábado do evento, quando sobem ao palco as bandas Elastano, Hora Absurda, Declite, Superia, Cretinos e Decreto Final.

No último dia, 26 de janeiro se apresentarão Domben, Alter Ego, Nuda (PE), Tabacos de Guevara (PE), Bandini, Omega 3 e Sobre Rosas e Diamantes.

O DoSol prepara também mais dois festivais para os meses seguintes: “Chamada Rock”, durante o Carnaval e o “Festival Nordeste Independente”, em março. Esses eventos acontecerão simultaneamente em outros locais do país, através de uma mobilização virtual geral.

Por trás destas realizações existe uma equipe, formada desde 2000: Ana Morena e Anderson Foca na administração, Marlos Ápyus na web, Caio Vitoriano no designer, Dante Augusto no estúdio e Cledson no Dosolrockbar. Em entrevista, Anderson, fala sobre os festivais, como essas realizações que fortalecem Natal como um dos polós fora do eixo do mercado musical nacional, da facilitação da internet na plataforma da música,além e da idéia de lançar um livro em breve.

Entrevista Anderson Foca

Correio da Tarde: Quais as linhas de atuação do Dosol hoje?

Anderson Foca: O DoSol hoje é um selo virtual, um portal de música, produtora de shows e vídeos, um casa de shows e um estúdio. O site teve uma mudança drástica porque passou a ter notícias, notas e entrevistas com gente do Brasil inteiro. Antes ele era um espaço só para falarmos do selo e das nossas ações. O número de visitantes aumentou em quase 1.000% nestes três primeiros meses e tem sido bem legal para nós os resultados. Deveremos lançar via DoSol Net Label alguns trabalhos que estão em fase de mixagem como o Drunk driver, calistoga, entre outros…

Qual a proposta do Festival Novas? Qual a sonoridade e o perfil das bandas que vão participar?

É uma continuidade que o Centro Cultural Dosolrockbar dá a novos grupos desde sua inauguração em 2004. Já promovemos o Festival Furadeira, o New Generation e agora o Novas, todos no intuito de ver em ação novos grupos, dar espaço para eles num lugar legal e com boa estrutura. Não há critérios de seleção exatamente porque são bandas novas e não se deve exigir ou tosar nada nessa fase, cada um vai lá e mostra o que sabe. Só não gostamos que as bandas toquem muitos covers e pedimos prioridade em músicas autorias. A sonoridade é bem eclética!

Promover pequenos festivais tem sido uma boa fórmula para movimentar a cena da música ?

Há muitas maneiras de movimentar a cena. Acho que aqui no DoSol nós experimentamos todas. Produzimos cds com bandas com alguma experiência, dvd com quem já está no mercado, shows com bandas começando, festivais. Isso tudo movimenta a cena.

Ainda neste primeiro trimestre você pretende organizar mais dois festivais, que acontecerão em simultaneidade com outras cidades. Como é esse dialogo, organização e divulgação com produtores do resto do país?

Nossa ação no carnaval local chama-se Chamada Carnavalesca do Rock e vai para sua segunda edição. Acontecerá na segunda-feira no palco do Centro Histórico, bem perto do Beco da Lama. Reuniremos oito bandas locais. Teremos novidades como o Barbiekill, Sinks e os Camarones Orquestra Guitarrística, som mais pesado com o Ravanes e Verdade Suprema e rock durão e melódico com Brand New Hate, Distro e Arquivo. Em relação ao ano passado aumentamos em quase 100% o número de atrações. Essa ação é integrada ao Grito Rock Brasil que rola durante o carnaval, mas toda a parte da produção da Chamada é da DoSol em parceria com a Capitania das Artes. O Festival Nordeste Independente começou bem pequeno no ano passado sendo realizado em duas cidades: Natal e João Pessoa. Esse ano queremos chegar a cinco ou seis e movimentar cerca de 70 bandas da região.

Para realizar esses eventos você recebe algum tipo de apoio? O que lhe instiga?

A dificuldade é comum a qualquer empreendimento: falta de giro, problemas de caixa e coisas do tipo. Mas a gente faz eventos como estes porque é nosso trabalho e é o que sabemos fazer. Só o carnaval tem apoio da Capitania das Artes. Os demais são feitos sem patrocínio e com o dinheiro dos custos sendo movimentado com a bilheteria.

O Dosol é o único espaço alternativo em Natal que realiza atividades permanentes. Recentemente dois locais, parceiros nessa empreitada: a livraria limbo e a loja de cds Velvet fecharam. Como você enxerga isso?

O público não tem culpa. Ele reflete o que pensa e o que gosta. Nós não podemos nos esquecer que estamos trabalhando com o novo, com um movimento que vai contra o que está estabelecido. Acho que olhando assim é mais fácil detectarmos ações educativas que possam deixar lugares como esses funcionando. Formar público por exemplo é que fazemos com o DoSol há quase sete anos. Os governos também deveriam nos ajudar nisso porque está ligado diretamente à educação. Memória e vanguarda são as duas coisas da qual as secretarias de cultura deveriam atuar com mais força!

De acordo com o balanço feito no site, 2007, ficou no zero a zero. Quais os planos para 2008 ?

Agora a briga é a manutenção do que já fazemos e isso é o mais difícil. Nossa meta atual é transformar o Centro Cultural DoSol Rock Bar num centro de cultura e interatividade com a população, um espaço vivo de cultura de vanguarda. Subutilizamos o local nesses quase quatro anos de uso e agora queremos além de fazer shows, promover outras ações durante o dia. Um livro sobre nossa curta história também é um projeto para esse ano. De resto é tudo igual, vários lançamentos, festivais, shows e ações em todos os cantos da cidade!

O que pretende reunir no livro?

A idéia é reunir tudo que produzimos nesses quase sete anos de atividade e contar um pouco da nossa história e por tabela contar um pouco da história do rock recente de Natal.


A Internet tem sido um herói e um vilão para a música. Se por um lado é fácil ter acesso ao material gráfico das bandas, por outro existe ainda um impasse sobre os diretos autorais. Como músico e produtor, como você encara isso?

Acho que a música tem sua plataforma em mutação desde que o mundo é mundo. No período moderno já tivemos compactos, lps, vídeo lasers, cd, dvd e agora hd (virtuais ou físicos). Os órgãos de direitos autorais estão aí para acompanhar estas mudanças. Agora a facilidade gera quantidade por isso que estamos passando por uma mudança filosófica. Quanto mais fácil for gravar um disco e colocar sua música para todos ouvirem mais a humanidade do show vai fazer diferença, porque vai separar os bons dos sem talento (aproximados perigosamente pela tecnoogia).

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