Festival Família Ravanes
Élida Mercês
Repórter – elidamerces@oi.com.br
O final de semana será de reencontros, lembranças e solidariedade. Treze dias depois da trágica morte do vocalista da banda Ravanes, Arenilson Régis de Medeiros, o “Chapula”, durante um show realizado no dia 13, em Pedro Velho, doze bandas potiguares realizam o “Festiva Família Ravanes”, no DoSol Rock Bar, na Ribeira.
O produtor cultural e proprietário do bar, Anderson Foca, explica que o evento acontecerá nos dois dias, a partir das 16h, com valor do ingresso a R$ 3,00. “As bandas se reuniram para pagar o som e a verba arrecadada será destinada família do Chapula, que passa por dificuldades financeiras. Além disso a banda conquistou uma boa projeção tocando no palco do bar”, diz.
Wesley Rafael de Souza, 18, é o baixista da banda e revela que tanto os integrantes do grupo, como a família do vocalista, estão felizes com a força que estão recebendo das pessoas que fazem o cenário musical potiguar. “Para nós é muito importante esse apoio porque o Chapula era nosso irmão. Somos mais que uma banda, somos uma família. Crescemos juntos, trabalhamos juntos e estávamos realizando o nosso sonho juntos”, ressalta.
Há um ano a banda Ravanes estava com a formação atual, tinha feito o pré-lancamento do CD demo durante o Festival do Sol, realizado no início do mês, show que marcou a banda e o público presente. “Conversamos e decidimos que vamos continuar tocando porque é o nosso sonho, mas a formação continuará a mesma. Não entra e nem sai ninguém, vamos apenas reorganizar as posições para que algum de nós possa assumir o vocal. Provavelmente será um dos guitarristas, o Clayton”, afirma Wesley.
A idéia de realizar um evento para ajudar a família do Chapula, observa Wesley, surgiu pelo fato do músico ser o suporte da mãe e da irmã. “A mãe dele é diarista e ele ajudava com as coisas da casa, cuidava da irmã, fazia a comida, trabalhava para ajudar a manter a casa e elas perderam esse suporte”, lamenta o amigo.
Chapula foi sepultado no cemitério do bairro Bom Pastor e completaria 21 anos no dia 29 de setembro. “O aniversário dele é três dias depois do meu. Faço 19 no dia 26. Estaremos presentes no ‘Festiva Família Ravanes’, que tem este nome por fazer referência nossa relação de amizade desde a infância, mas não estamos programados para tocar. Quem sabe se, tomados pela emoção, possamos subir ao palco em homenagem ao nosso amigo”.
O acidente
No dia 12 de agosto de 2006, algumas bandas de Natal foram para Pedro Velho há, aproximadamente, 70 km da capital do Estado, participar de um festival de música, todos ainda sob o efeito da segunda edição do “Festival DoSol”. Segundo uma pessoa que acompanhava os músicos, mas prefere não se identificar, os problemas começaram já na ida, visto que os ônibus que levariam os grupos até a cidade não foram pagos pela produção. “Só conseguimos chegar Pedro Velho, porque nos reunimos e pagamos do nosso próprio bolso, porque de fato queríamos participar do evento. Mais um vez eu vi músicos e pessoas que amam a música pagarem para mostrar seu trabalho. Mais uma vez foi a música, a vontade de tocar que falou mais alto”, afirma.
Segundo ela, a chegada na cidade confirmou a desorganização da produção e a completa falta de estrutura do evento. “Não tinha estrutura de palco, não tinha amplificador para guitarras, não tinha mesário, porque o rapaz que estava na mesa não sabia operá-la, não existia proteção adequada para o palco, caso chovesse, como de fato choveu, dentre outras coisas. Mesmo assim todas as bandas tocaram”, revela.
Já era manhã de domingo quando o show da banda Ravanes começou. “Chapula entrou ao palco gritando ‘bom dia’ e animou as poucas pessoas que ainda estava no local, além dos amigos. Na última música lembro que ele falou: ‘esta é a nossa música de trabalho está no CD que está chegando e se chama Tormenta’. A música começou, quando de repente, já quase no final da música (última do show) eu vi na minha frente ele cair de costas no chão segurando com as duas mãos o microfone junto ao peito. Nessa hora todo mundo correu para cima dele com o objetivo de ajudar, enquanto eu gritava para saírem de cima e deixa-lo respirar já que ninguém sabia que estava acontecendo. Foi quando um dos um dos meninos percebeu que ele estava levando um choque elétrico e puxou na hora o cabo do microfone”, relata a amiga do vocalista.
Assustados com a situação, conta ela, alguns tentavam reanima-lo através de massagem torácica e respiração boca-a-boca, até que o levaram para o hospital, que ficava na mesma rua. “Acho que da hora que aconteceu até o momento do socorro no hospital não passou mais de cinco minutos. Foi tudo muito rápido. No hospital, tentei acalmar os meninos da banda que estavam passando mal, chorando sem parar, até que resolvi falar com um médico ou enfermeira que pudesse me dar uma informação mais precisa que pudesse acalmar os meninos, mas o que me disseram foi que ele não tinha resistido e já estava morto. Parecia um pesadelo terrível, baixei a cabeça e comecei a chorar, não sabia como conseguiria dar a notícia para os amigos que esperavam ouvir tudo menos aquilo”, diz.
“Depois foi só tristeza, muita tristeza, desespero, pessoas gritando, pessoas passando mal na enfermaria enquanto eu e alguns dos amigos falávamos com os policiais explicando o que tinha acontecido, para que as providências fossem tomadas e o local fosse modificado. Esperamos que as autoridades não deixem as pessoas responsáveis pela produção e pelo som do evento impunes a esse absurdo que infelizmente causou a morte de um rapaz jovem. A imagem dele no palco cantando e morrendo na nossa frente fazendo o que amava segurando o microfone com as duas mãos junto ao peito, nunca mais vai ser apagada das nossas memórias”, enfatiza a amiga.
Entretenimento e
responsabilidade
A falta de condições e de espaços bem estruturados para as bandas se apresentarem, levou o produtor cultural Anderson Foca a investir em seu próprio bar. “Precisamos ter cuidado e valorizar os bons lugares. Sobre o que aconteceu como Chapula não tenho muito o que dizer porque não estava lá, mas acho que é mais uma oportunidade para tirarmos os picaretas que só pensam em ganhar dinheiro sem oferecer uma estrutura com o mínimo de responsabilidade tanto com os músicos, como com o público”, afirma.
Foca ressalta que as pessoas devem querer ter um retorno financeiro sim, mas desde que de maneira correta. “Aqueles que quiserem investir de maneira responsável são bem vindos, até porque as bandas já não ganham e para tocar com um som ruim é completamente sem lógica, porque não agrada o público e estraga todo o trabalho que foi feito anteriormente, por isso enfatizamos que não podemos descuidar dessa parte. No DoSol já cancelamos bons shows por causa de chuva forte, da mesma maneira que fazemos questão de abrir as portas para as bandas novas e trazer grupos de fora, para que os daqui saibam o que está sendo produzido fora”, observa.
Confira a Programação
Sábado – 26 de agosto
Mouth Fish
Ak-47
Nicoff
FrozenInside
Nadark
ITEP
Psicomancia
Domingo – 27 de agosto
Silver Face
Procly
Rock-over
Zero8quatro
Bigorna
Boda Rocco
Trauma
Serviço:
O que? Festival Família Ravanes
Quando? Sábado e Domingo,
a partir das 16h
Onde? DoSol Rock bar
Quanto? R$ 3,00
Evento muito bom, principamente qndo a banda Ravanes tocou… Muita gente se emocionou assim como eu q tive q segurar as lágrimas… Espero q apesar do acontecido, a banda Ravanes ñ acabe.. Pois seria mais uma perda para a cena Músical de Natal….
Força Família Ravanes… Estamos eternamente com vcs….