Clipping

CLIPPING – FESTIVAL DOSOL NA ROCK PRESS (RJ)

Entrevista

ANDERSON FOCA

Athos Moura

O festival dura três dias, sendo cada dia para um estilo e tem a média de 15 atrações por noite. Os destaques desta edição são algumas das bandas mais competentes do cenário independente brasileiro como: Cachorro Grande, Moptop, Zefirina Bomba, Rock Rocket, Ataque Periférico e Matanza, além de uma atração internacional, os australianos do The Nation Blue.

A estrutura do festival este ano será diferente. Quais são as mudanças?
A principal mudança na verdade é estética. Diminuímos o espaço físico do Festival para aproximar mais as bandas do seu ambiente natural, para isso estamos utilizando para o show dois locais (um do lado do outro) que já tem estrutura de show pronta além de serem galpões bem bonitos. Um deles é o próprio dosolrockbar, que a galera já conhece bem por aqui, o outro, é um local novíssimo que vai ser inaugurado no festival, com capacidade para 2 mil pessoas. Utilizaremos a Rua Chile, que é em frente aos dois galpões, área com banheiros, bares, lanchonetes para atender bem o público esperado.

A edição 2007 terá o número recorde de bandas potiguares, isso foi proposital?
Sim. O Festival Dosol já tem esta tendência desde a sua primeira edição que é contemplar a cena local. Na verdade, o festival é feito para isso, botar a cena potiguar em ação junto a cenas de outros estados, trazer visibilidade para as bandas e proporcionar intercâmbio. Temos quase trinta bandas locais tocando nas prévias e no festival, é um número recorde de participação de bandas locais em festivais desse porte no estado.

Como foi feita a escalação das bandas para esta edição?
Recebemos material do Brasil inteiro e também viajamos bastante para ver shows, festivais e eventos. Dessa forma trocamos idéias, conhecemos bandas e com essas experiências escalamos o festival, faltaram só umas bandas do norte do Brasil, cuja vinda ainda não conseguimos viabilizar, mas de resto todas as regiões estão com representantes no evento, com destaque para a cena nordestina, em peso na programação.

Além dos shows o festival terá outras atividades, fale a respeito.
Fazemos um ciclo de palestras chamado Pensando Música, que recebe alguns representantes de vários lugares do Brasil para debater e discutir os rumos da música independente nacional. Gente como o Paulo André, de Recife, Fabrício Nobre, de Goiânia, Fabiana Batistela e Alexandre Mathias, de São Paulo, já passaram por aqui contando suas experiências e debatendo com músicos e produtores locais. São nesses eventos que várias coisas bacanas são discutidas e colocadas em prática no decorrer do ano.

A organização ainda esbarra em problemas como falta de incentivo e patrocínio?
Essa choradeira é geral, mas não acredito em cultura sem sustentabilidade. Acho que o que temos que fazer é criar um público, marcar um espaço para a música independente. Os editais, patrocinadores diretos, leis de incentivo são importantes e devem ser utilizados principalmente para que você possa mostrar o novo e formar platéia. Agora, o compromisso de fazer um festival desse porte ou de outros que rolam Brasil afora não pode depender só de patrocinadores ou de incentivo público, eles têm que acontecer de qualquer maneira porque são muito importantes. Quem faz festival só porque tem um bom patrocínio não tem compromisso com a música independente. Tem uma frase do Fabrício Nobre muito adequada para ocasiões como essa, que diz que “ser independente é estar em ação independente de qualquer coisa”. O Festival DoSol e as ações da DoSol em geral seguem essa filosofia.

O DoSol não se resume ao festival e tem uma programação durante todo o ano e também é um selo e um estúdio. Qual a importância que você atribui ao DoSol no Rio Grande do Norte e em todo o Nordeste?
É difícil falar de dentro, mas só o fato de existirmos há quase seis anos já considero que seja um fato de extrema importância porque mostra que mesmo numa capital pequena como Natal é possível fazer um trabalho com qualidade e que tenha sustentação própria, sem depender de terceiros. A gente tem gritado para os vizinhos fazerem o mesmo, se autoproduzirem, tornarem-se gerentes dos seus sonhos e aos poucos estamos colhendo resultados importantes. Viver de rock ou de música é uma escolha difícil, mas o que não é difícil hoje num país desigual como o Brasil? Então bola para frente que as coisas acontecem!

O festival é ligado à Associação Brasileira de Festivais Independentes (Abrafin). O que a associação discute em suas reuniões e quais os frutos que ela já colheu?
O Festival Dosol é um dos sócios fundadores da Abrafin. Nas reuniões discutimos calendários, trocamos informações importantes sobre o gerenciamento dos eventos, entre outros assuntos. Tivemos uma atividade muito importante dentro do Minc que gerou pela primeira vez na história um edital para festivais de música independente patrocinado pela Petrobrás e que vai ser extremamente importante para a solidificação destes eventos em todo o país.

Tem várias coisas legais acontecendo por conta das discussões da associação e acho que a tendência é conseguir muito mais. Mais de 200 mil pessoas passam pelos festivais independentes durante o ano todo, temos muita representatividade e isso que queremos fortalecer com a associação.

Faça o seu convite aos leitores para comparecerem na edição deste ano do Festival DoSol.
Natal é uma cidade linda, sugiro que vocês a conheçam e vejam muitas das melhores bandas do rock independente nacional dias 3, 4 e 5 de agosto. Saca aí a programação:

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