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CLIPPING – ENTREVISTACOM FOCA NA REVISTA GOIANA DECIBÉLICA

Entrevista com o Anderson Foca para a revista Decibélica
Por Leo Rockefeller

Nos conte um pouco sobre sua trajetória como produtor, músico e fomentador da cena independente do nordeste.

Bem, eu comecei fazendo shows em 96/97, tinha uma banda que se chamava Ravengar e já nessa época achava que se quiséssemos fazer algo relevante nós mesmos tínhamos que produzir. Depois fui ampliando a experiência em outros projetos. Passei a fazer parte de um projeto chamado ?Oficina? que teve muita visibilidade por aqui em Natal. Aproveitei o espaço, fundei o selo DoSol e fui detectando algumas coisas que poderiam facilitar o trabalho. Abrimos primeiro uma sala de ensaio, depois ela também virou uma sala de gravação. Partimos para a abertura do dosolrockbar. Depois de um ano fizemos o festival para ser o fomentador do que já estávamos fazendo e por último fundamos a dosolimage que é um braço da dosol que trabalha com design e filmes. Resumidamente é mais ou menos isso nossa trajetória. Esse trabalho terminou reverberando em outras capitais do Nordeste e do Brasil. É visto como um pólo onde algumas coisas funcionam no mercado independente e isso deixa a gente muito orgulhoso, de ser de alguma forma um referencial para quem quer empreender nessa área.

E o que mudou na cena cultural independente como um todo, desde o começo de toda essa estruturação?

Mudou da água pro vinho. Natal passou um período muito grande sem ter um grande lançamento de cds, bons shows de rock independente e outras coisas que seriam primordiais para uma cena. Com a vinda da DoSol, junto com o trabalho da Mudernage, Solaris e outros selos locais, mostramos que tinha e ainda tem espaço para que possamos construir uma carreira, mas que para isso precisávamos ser mais capacitados, mais profissionais naquilo que pretendíamos ser. A dosol preza por isso. Nossos discos são muito bem gravados, capinhas bacanas, os shows são bem feitos, com ótima estrutura. Isso termina incentivando os outros combos de produção a quererem melhorar também. Essa corrida pela qualidade começou no ano 2.000 e vem só aumentando a visibilidade da cena até hoje. Acho que nós últimos 5 anos crescemos mais do que a média da cena independente nacional por aqui. Basta ver os festivais, os selos e o número de produções que tem saído daqui.

Sabemos que a cena do nordeste já produziu muitas bandas de qualidade, algumas referências até n exterior. Qual foi a banda mais expressiva nacionalmente que o doSol produziu nesses cinco anos?

As ações do selo são muito voltadas para a fomentação do mercado local. O doSol tem a premissa de trabalhar sempre com bandas novas, fomentar a novidade. Não temos a pretensão de fazer com que as bandas tenham visibilidade nacional, acho que fazemos parte de um processo de crescimento delas. O próprio Allface, que é a minha banda, tem lançado discos com outros selos em parceira, porque ficou num tamanho que extrapolou os limites do selo. Mas ajudamos a carreira de muitas bandas bacanas como General Junkie, Jane Fonda, entre outras. Cada lançamento que fazemos é uma vitória conquistada. Estamos chegando em 30 discos lançados e para um selo numa cidade como Natal isso é realmente expressivo.

E sobre o festival doSol.Quais foram os melhores momentos?Como é organizar um festival como o de vcs.

O Festival teve um edição pequena em 2003, dentro de um bar local chamado Blackout. Em 2004 quando abrimos o bar tivemos contato com todo mundo da cena independente, pessoas que já conhecíamos, mas que não tínhamos a oportunidade de trabalhar. Então juntando o know how que adquirimos no bar resolvemos fazer de vez o Festival em 2005. Foi uma correria ter num festival. Matanza, Mukeka, mombojó, Gram, vários amigos da cena local nordestina e suas bandas e algumas bandas de outras regiões. Terminou que o evento teve uma visibilidade incrível para o primeiro ano e em 2006 cresceu mais ainda, ganhando um dia e recebendo mais de 40 bandas. Fazer festival é o ápice da carreira de um produtor que trabalha com rock independente. Conhecemos pessoas, trocamos experiências, aprendemos a lidar com situações inusitadas, ou seja, é o grande teste que vai dizer se você está preparado para o rock na minha opinião. Em 2006 recebemos mais de 150 pessoas de fora em Natal e isso é muita coisa também. O público foi excelente e queremos no mínimo repetir a façanha em 2007! O Festival doSol também serve para comemorar o aniversário do bar e sem o bar provavelmente não teríamos o festival como ele é.

Para Natal, o festival serviu como um ponto de encontro de idéias, sonoridades e ações.O que realmente chama a atenção é o comprometimento do dosol em relação aos custos das bandas que se apresentam no festival.

Olha, acho que festival é exatamente para isso, para ser um ponto de encontro de idéias, sonoridades, ações dentre outras premissas importantes. Aqui no dosol nós procuramos trazer sempre pessoas e bandas que tenham a ver com a filosofia que trabalhamos por aqui. No dosol 2006 acho que chegamos num formato muito perto do ideal, chamando bandas de quase todas as capitais do nordeste, vários artistas de outras regiões, imprensa altamente especializada e por ai vai. Fique feliz de ter o ?casting? que tivemos nesse ano e isso faz com que a gente tenha certeza que estamos fazendo e investindo na coisa certa. Sem a preocupação principal que é as bandas não tem sentido fazer um festival por isso pagamos os custos de todas elas para virem ao evento e se sentirem prestigiadas como deve ser.

Como em vários outros festivais independentes pelo pais, nada sai do papel sem o apoio municipal. Como tem sido a obtenção de apoio por da iniciativa pública?

Não temos apoio municipal direto e acho que conseguiríamos, lógico que bem menor, fazer o festival sem as leis de incentivo. O que tem aqui são leis de incentivo a cultura tanto municipal quanto estadual. Elas liberam parte da verba de alguns impostos para os produtores culturais e por ai vai. Então são dois caminhos penosos, o primeiro é de aprovar o projeto e o segundo é de conseguir. o patrocinador privado. No dosol tivemos a parceria do Banco do Brasil na primeira e segunda edição e eles já acenaram positivo para 2007. Isso nos deixa muito orgulhosos de saber que por 3 anos seguidos uma empresa como o BB confia no nosso trabalho. Em 2006 a Ambev também ajudou com uma cota menor. Acho que podemos fazer o festival com ou sem lei. Com lei é melhor, podemos fazer um treco massa, maior, mais estruturado. Sem lei, abrimos o bar e fazemos lá dentro mesmo, porque não?

Como está a situação do circuito independente do nordeste Brasileiro fora natal ? Há um diálogo entre os produtores, festivais, bandas?

Sim, há um diálogo bem interessante. Temos uma lista de discussão muito atuante na net. O nordeste independente e por lá agilizamos tours, trocamos figurinhas sobre contatos e shows e informações sobre bons (e maus produtores). Sem contar que hoje o circuito de shows do nordeste é um dos mais cobiçados pelas bandas independentes. Acho que o momento é bom! E pode melhorar ainda! As casas de rock como o ?hey ho? em fortaleza, o dosol em natal, o ?fábrica? em maceió são importantíssimas nesses circuito.

Sabemos que o publico do sul do brasil é bastante bairrista, muitas bandas aclamadas país afora não possuem a mesma receptividade nos palcos sulistas. Como é o publico do nordeste?

Aqui as pessoas são quentes e receptivas, basta perguntar a qualquer banda que já veio por aqui que eles vão te confirmar. É um público exigente também mas bem participativo

Qual foi o melhor show do festival dosol em sua opinião e qual foi o melhor festival independente que vc já foi?

Difícil falar qual foi o melhor show do festival: retrofoguetes, matanza, mukeka, ludov, dead fish, devotos, jane fonda, mqn, dusouto. Teve vários grandes momentos.Na verdade o evento em si é um grande momento. Agora, oe melhores festivais: O Abril Pro rock no final dos anos 90 foi foda. E o goiânia noise do ano passado que toquei com o Allface foi um dos melhores eventos indies que já presenciei. O caos Natal, evento que rola paralelo a micareta de Natal em dezembro na edição de 2004 foi muito foda tbm, rolou lá no dosolrockbar e foi muito bom!

Qual o significsdo da Abrafin e do circuito fora do eixo pra vc?

As duas associações mostram o quanto somos sérios e queremos viver do que mais gostamos que é o rock, isso é uma premissa básica. Ninguém aqui está brincando de fazer rock, queremos crescer r ter voz no ministérios , nas secretarias de cultura porque nós representamos e fomentamos a renovação da música brasileira. Acho que estamos num caminho muito sólido em busca do nosso espaço e essas associações são fundamentais para que possamos atingir esses objetivos. Sozinhos somos só roqueiros em seus estados, juntos somos uma massa que fala e é consumida por muitas pessoas. Nos tornamos representativos em âmbito nacional e isso deve trazer frutos futuros!

quais são as perspectivas e planos futuros pro festival dosol?

Olha para 2007 pretendemos pelo menos repetir o que conseguimos fazer em 2006, renovar nossos patrocínios, ter a visibilidade que tivemos. O formato já está consolidado e já sabemos o que funciona e o que não funciona no evento. Só de conseguir realiza-lo de novo em 007 já vai ser um grande feito, independente do tamanho! Tenho um sonho de trazer uma banda gringa, um artista indie legal, dar essa informação ao público de natal. Vamos tentar mais essa façanha

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1 Comment

  1. Kebravala:Lançamento de single promete trazer o álbum mais underground da Surf Music litorânea.
    Banda de Terra de Areia,Rio Grande do Sul, Brazil,que está desenvolvendo um estilo chamado Surf Reggae Power,que contém uma diversidade de estilos,como reggae,rock and roll,surf music,entre outros,a banda é formada pelos seguintes integrantes:Xandy Matos(Vocal),Rafael Boff(baixo),Johannes Schwartzhaupt(guitarra),Diovane Guazelli(guitarra),Sílvio Huyer(percussão e voz),Guilherme Tietbohl(Teclado) e João Perusso(bateria),a banda vem fazendo seus shows com uma grande ênfase no som Groove e na dinâmica em que executam as músicas,também estão no momento em processo de gravação e composição de seu primeiro álbum .O link abaixo é do single que vai estar presente em seu álbum de estréia,que já pode retratar bem o propósito da banda.Fiquem espertos que logo,logo o CD está saindo do forno.
    Soundcloud.com/kebravala/xandy-irons-os-kebravala-minha-consciencia

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