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CLIPPING: DJ DOLORES E CIRCUITO ROCK DOSOL NA TRIBUNA DO NORTE 02

À procura da batida brasileira
Yuno Silva – Repórter

“Do careta ao doidão”, dificilmente alguém fica indiferente música produzida pelo sergipano radicado em Recife Helder Aragão. Quando ele liga sua aparelhagem, faz vibrar até o mais impassível dos mortais. Exagero? Então experimente ficar parado durante o show do DJ Dolores (codinome de Helder) e a Aparelhagem, atração principal do Circuito Rock DoSol que agita a Ribeira nesta sexta-feira, a partir das 22h. A noite no Rock Bar da rua Chile também conta com participação da banda potiguar Experiência Ápyus (bossa nova, rock e mpb, tudo junto) mais o set do DJ Magão. Os ingressos custam R$ 8.

Apesar do prefixo “DJ”, Dolores extrapola definições herméticas e ultrapassa as bpm’s eletrônicas. Acompanhado de guitarra, percussão e metais de acento nordestino, o DJ produz a base e as texturas sonoras com a ajuda de sintetizadores vintages, samples e vitrola. O lado orgânico dessa simbiose traz os músicos Lucas dos Prazeres, Isaar França (vocal e percussão) e Francisco “Forró” Amâncio — mas Isaar é a única remanescente dos tempos da “Orchestra Santa Massa”, banda que gravou com Dolores o festejado CD “Contraditório?”, lançado em 2002.
Como a formação da Aparelhagem é completamente diferente da Orchestra, o show em Natal será conduzido pelo repertório registrado no álbum que leva o nome da banda, lançado em 2005 pelo selo Azougue Discos, disco devidamente testado e aprovado pelo público europeu.

A tendência de compartilhar trilhas abertas

Helder Aragão, que norteia seu trabalho a partir de experimentos étnicos e fusões rítmicas, também contabiliza participações nas trilhas sonoras do média “Enjaulado”, de 1997 (lançado em CD), e dos longas-metragens “Narradores de Javé” e o recém-lançado “A Máquina”. A trilha de “Narradores de Javé” acaba de chegar s lojas sob os cuidados do coletivo paulista “Instituto”, responsáveis pelo lançamento do CD “Piratão”.

“Neste trabalho (Javé) resolvi testar uma tese muito preciosa: compartilhar as músicas com outros produtores (entre eles Kassin e B Negão) para multiplicar pontos de vista”, disse Helder TRIBUNA DO NORTE, por telefone.

“Não precisamos mais do meio físico para comercializar músicas, e o mercado está aprendendo a lidar com essa nova situação. Uma das tendências desses novos tempos é compartilhar trilhas abertas, em vez de um mp3/wave fechado. Dessa forma, outra pessoa pode usar as músicas com maior liberdade, e o interessante é que nos tornamos co-autores das novas composições”, estusiasma-se.

Artista com fama nas pistas internacionais, Dolores informou que está vindo de uma breve passagem pela terra do Tio Sam: “Em 2005, fizemos algumas temporadas na Europa e no início deste ano a meta é nos dedicarmos ao Brasil. Estamos em turnê pelo Nordeste, que inclui Natal, Salvador, Maceió, João Pessoa e Recife. O mais engraçado, é que no meio disso tudo tive datas marcadas em Nova Iorque, ou seja, saio de lá no meio da neve e desembarco aqui, no meio do verão em Aracaju”, brinca.

Entre suas aventuras, DJ Dolores lembra de um episódio no México em dezembro do ano passado: “Fomos, eu e Lirinha (do Cordel do Fogo Encantado), participar de um festival em Guadalajara. Sei que o evento acabou não rolando, mas, como já estávamos por lá, não perdemos a viagem para conhecer a gastronomia e a música local”, contou — toda a história pode ser conferida no blog djdolores.blogspot.com.

Quanto ao nome Aparelhagem, trata-se de uma expressão popular, tipicamente brasileira (principalmente no Norte do País), para definir ‘sound system’. “Gosto mais da cultura ‘tecnobrega’ do que da estética musical propriamente dita”, adianta.

Serviço
Shows com DJ Dolores e a Aparelhagem, a banda Experiência Ápyus e o DJ Magão. Hoje, a partir das 22h, no DoSol Rock Bar, rua Chile, Ribeira. Ingressos R$ 8. Informações 3642-1520.

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