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CLIPPING – CIRCUITO ROCK DOSOL NA ROCK PRESS!

O rock em Natal até 2005 não existia em janeiro e fevereiro. Mas Anderson Foca (Festival DoSol, DoSol Rock Bar, DoSol Records) resolveu apostar em alternativas diferentes do axé, pagode e forró que imperam por essas bandas o ano todo, especialmente com mais força no verão. Ele criou o Circuito Rock DoSol para continuar o que as bandas locais fazem durante todo o ano e ainda trazer algumas atrações nacionais ao palco do DoSol Rock Bar. Rock Press bateu um papo com Foca sobre o Circuito e o rock local.
Por Hugo Morais

Entrevista AndersoN Foca / Circuito Rock DoSol

Hugo Morais

Dez, doze anos atrás, era difícil virem bandas grandes a Natal. Até que vinham, duas ou três ao ano; as menores, de médio e pequeno porte, não. Não havia quem apostasse nelas. Ainda chegamos a ver Raimundos e Planet Hemp no início, mas já estouradas, sem muita frescuras. Hoje, as independentes já passam por Natal com freqüência. As da cidade tocavam em eventos obscuros, sem divulgação, naquela época as produções e locais para se tocar podiam ser chamados de underground.

Hoje isso acabou. Existem dois grandes festivais na cidade (MADA e DoSol), pequenos festivais e produtores que arriscam trazer nomes menores, mas não menos famosos em tempos internéticos. A banda que surgiu ontem já é sucesso? Por que não sair em turnê? E porque não ir até o Nordeste? Com a revolução digital e barateamento de material, com a facilidade de acesso aos meios de gravação e divulgação, as bandas começaram a se multiplicar no estado.
Durante o ano existem eventos quase todos os fins-de-semana. E para todos os gostos. Mas nem tudo são flores. Quando chegava o fim do ano, a época das festas natalinas, o rock na cidade entrava em estado de letargia. Era aquele marasmo. O jeito era ficar esperando até março para as coisas voltarem a funcionar. Confira abaixo o papo com o criador do Circuito Rock DoSol, Andersom Foca.


Como surgiu a idéia do Circuito Rock DoSol?

No primeiro ano em que o bar ficou aberto, em 2004, nós fechamos no verão. E foi péssimo financeiramente porque você fica com uma estrutura que é cara e fixa. E aí quando planejamos não fazer, vimos que deveríamos ter feito, mas já era tarde. Não dava tempo de articular, porque você sabe, por exemplo, se for no fotolog do bar tem a programação de março já lá, e nós estamos na primeira semana de janeiro ainda. E março já está montado porque é só assim que dá certo, fazendo com boa antecedência. Então percebemos que tínhamos uma demanda de shows para o final do ano, mas essa demanda não podia ser meia boca, tinha que ser um negócio legal porque você concorre com viagem da galera com outros shows, com esses axés de verão que todo mundo vai, alguns eventos gratuitos que rolam durante o verão. Sacamos que ou fazíamos um treco pra nos fuder, legal, ou então melhor nem fazer. E aí em 2005 eu fui pro Goiânia Noise e na volta eu já pirei a cabeça pra tentar montar o Circuito como todos conhecem, que na verdade é uma série de shows como normalmente é no bar.
Na programação normal do bar dificilmente tem Forgotten Boys e uma semana depois Autoramas, por exemplo. Tem sempre um espaço de duas, três semanas entre um show nacional e outro. Procuramos dar uma enxugada nesse espaço e fazer toda semana. Nessa correria conseguimos fazer DJ Dolores, Wander Wildner, Autoramas, NX Zero, Pactum, Astronautas, foi bem legal. Pra esse ano decidimos adiantar um mês porque o carnaval é curto, é no meio de fevereiro, e teríamos pouco tempo para fazer o Circuito. E uma semana antes do carnaval eu vou ao Porto Musical em Recife. Então eu tinha que terminar o Circuito antes.

Começamos em dezembro com a noite Indie Disco ótima com Michel (Heberton), que foi a primeira do Circuito com Mellotrons e Bugs, teve uma casa cheia com Matanza, depois teve o TPM, rock feminino, depois dois New Generation, o festival de Rodrigo (Cruz, Rock Potiguar Produções) que foi bem legal e demos uma parada na última semana de dezembro e primeira de janeiro e retornamos dia 13 de janeiro com o New Generation. Depois dia 20 com Luxúria, 26 com Torture Squade, 27 com Rock Rocket, Astronautas na primeira semana de fevereiro, um show com várias bandas cover de metal dia 9 e estou tentando ver se eu faço Autoramas dia 11 de fevereiro.

O primeiro Circuito Rock DoSol teve apenas produção da DoSol ou já houve parcerias?

O Pactum não foi nosso, já teve parceria. Porque, na verdade, o Circuito se propõe a prestar o show em janeiro e fevereiro, independente de quem faça, não é uma coisa feita por mim, pode ser feita por mim também, se ninguém fizer eu vou fazer. Na verdade a gente dá uma estrutura de assessoria de imprensa e tenta englobar esses shows todos num mesmo período. É uma forma de não deixar sem rock?n?roll em dezembro, janeiro e fevereiro. Já demos um salto em relação ao ano passado, quando fizemos com dois produtores, esse ano estamos fazendo com quatro. É uma forma de dizer que shows nesse período dão certo.

Fale da importância do Circuito pro rock local e para as bandas locais.

Eu acho que o rock não pode parar, não ter um hiato é o principal. Antes do bar abrir, antes do Festival DoSol, o que me incomodava era as bandas passarem o começo do ano até maio ensaiando e gravando para tocar no MADA. E depois do MADA dava uma parada geral porque o cara não tinha incentivo para fazer mais nada de importante. Hoje tem o MADA no primeiro semestre, tem o DoSol no segundo, tem o Circuito que rola em dezembro, aí já começam a aparecer várias galeras fazendo shows, tem Rodrigo metendo a cara, fazendo os eventos dele, outros caras. Dá um ritmo. Por exemplo, o MQN tá inteiro aqui nesse momento. O Áudio 3 está aqui. O Léo, do Rockefellers, tá aqui, o Pedrinho, do Vamoz, de Recife, tá aqui. A cidade é um pólo de turismo muito forte e os rockeiros também vêm para Natal nesse período. E a gente não tinha uma opção para oferecer pra esses caras, uma opção legal, boa, do turista, do cara de fora poder ver qual é a do rock na cidade. Então se tu pára um negócio no mês que tem mais gente de fora na cidade é um treco meio sem explicação.


Os festivais de verão imperam pelo Nordeste com axé, pagode, forró e bandas de rock mais pop. O Circuito Rock DoSol privilegia as bandas independentes de rock, qual o critério para a escolha das bandas?

A gente meio que não escolhe, a gente aproveita as bandas que estão vindo naquele período. Ano passado foi bem eclético porque demos a sorte de várias bandas estarem disponíveis naquele período, teve de NX Zero a Dolores, Wander Wildner, Astronautas. E este ano foi a mesma coisa. Não ligamos pro Luxúria e dissemos: – Luxúria, vocês vão tocar aqui dia 20. Não, o Luxúria tinha uma turnê pelo Nordeste nesse período de janeiro e nós puxamos. Tinha o Canto dos Malditos que não deu para vir, mas tava marcado. Quer dizer, não é uma escolha nossa. Claro que fazemos no perfil do bar. Se o Capital Inicial estiver passando pelo Nordeste nada acontece. A gente não vai fazer o show, eles têm o lugar deles lá, a galera que curte, mas não é a nossa. No bar é o esquema que todo mundo já conhece, que é banda independente, banda média. Na verdade não precisa ser independente, bandas médias. Se o Leoni quisesse fazer um show no bar eu não ia achar ruim não, tem gente que gosta, eu não gosto tanto. Eu faria
o show dele, cabe lá, é legal, tem uns caras que curtem e por aí vai. É uma escolha por demanda, a gente tem esses artistas nesse período e juntou todos eles no Circuito.


Das bandas locais que tocaram no Circuito ano passado e surgiram em 2006, qual a que tem mais chance de deslanchar?

Cara, a banda do ano para mim foi o Fliperama. É uma banda simples, de pessoas simples, com um som simples, mas que gravou um puta CD e eu tive o prazer de produzir. Muito divertido o CD, no esquema deles, no tipo de som que eles fazem, é um dos melhores do Brasil, na minha opinião. O som deles é meio Carbona, Havana 77, Gramofocas, aquele bubblegum. E eu acho que no estilo deles estão muito bem. Foi a banda que mais pegou nesses últimos tempos. Aconteceu um contratempo com eles no Matanza, não puderam tocar, e eles vão tocar com Rock Rocket. E outras que já estão inseridas no mercado da cidade, como Zero8Quatro, Allface, Jane Fonda e outras que sempre tocam nos nossos shows. E tem algumas novidades. Nós estamos fazendo várias bandas que saíram do New Generation. O AK 47, o Influenza, essas bandas saíram do New Generation já no ano passado e começaram a gravar demo, ganharam corpo.

Uma novidade legal é que no dia 13 de janeiro, que foi o primeiro dia do Circuito em 2007, lançamos o CD virtual do New Generation, com bandas que saíram de lá. Aí tem desde Revolver, Ravanes, Calibre, Fliperama e mais uma penca de bandas novas que passaram esse período de final de ano gravando. É uma forma da gente dar um pouco mais de espaço para essas bandas novas. Botar o cara no estúdio, pro cara gravar, ir melhorando ao poucos.

Tem mais alguma coisa a ser fechada? Você falou Autoramas…

O Autoramas foi convidado a tocar no Porto Musical, em Recife, e estamos tentando fazer, mas está difícil porque temos nossa antecedência e também eu não vou estar aqui. Não gosto muito de fazer show de banda de fora sem eu estar aqui. Fica meio atabalhoado, o pessoal fica meio inseguro, a minha equipe. Mas de repente rola, os caras são de casa. Mas é o único show que ainda pode fechar. O resto tá fechado, a programação tá bem legal, o que rolou e o que ainda vai ter. Acho que está bem representado.

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