O rock em Natal até 2005 não existia em janeiro e fevereiro. Mas Anderson Foca (Festival DoSol, DoSol Rock Bar, DoSol Records) resolveu apostar em alternativas diferentes do axé, pagode e forró que imperam por essas bandas o ano todo, especialmente com mais força no verão. Ele criou o Circuito Rock DoSol para continuar o que as bandas locais fazem durante todo o ano e ainda trazer algumas atrações nacionais ao palco do DoSol Rock Bar. Rock Press bateu um papo com Foca sobre o Circuito e o rock local.
Por Hugo Morais
Entrevista AndersoN Foca / Circuito Rock DoSol
Dez, doze anos atrás, era difícil virem bandas grandes a Natal. Até que vinham, duas ou três ao ano; as menores, de médio e pequeno porte, não. Não havia quem apostasse nelas. Ainda chegamos a ver Raimundos e Planet Hemp no início, mas já estouradas, sem muita frescuras. Hoje, as independentes já passam por Natal com freqüência. As da cidade tocavam em eventos obscuros, sem divulgação, naquela época as produções e locais para se tocar podiam ser chamados de underground.
Como surgiu a idéia do Circuito Rock DoSol?
O primeiro Circuito Rock DoSol teve apenas produção da DoSol ou já houve parcerias?
O Pactum não foi nosso, já teve parceria. Porque, na verdade, o Circuito se propõe a prestar o show em janeiro e fevereiro, independente de quem faça, não é uma coisa feita por mim, pode ser feita por mim também, se ninguém fizer eu vou fazer. Na verdade a gente dá uma estrutura de assessoria de imprensa e tenta englobar esses shows todos num mesmo período. É uma forma de não deixar sem rock?n?roll em dezembro, janeiro e fevereiro. Já demos um salto em relação ao ano passado, quando fizemos com dois produtores, esse ano estamos fazendo com quatro. É uma forma de dizer que shows nesse período dão certo.
Fale da importância do Circuito pro rock local e para as bandas locais.
Eu acho que o rock não pode parar, não ter um hiato é o principal. Antes do bar abrir, antes do Festival DoSol, o que me incomodava era as bandas passarem o começo do ano até maio ensaiando e gravando para tocar no MADA. E depois do MADA dava uma parada geral porque o cara não tinha incentivo para fazer mais nada de importante. Hoje tem o MADA no primeiro semestre, tem o DoSol no segundo, tem o Circuito que rola em dezembro, aí já começam a aparecer várias galeras fazendo shows, tem Rodrigo metendo a cara, fazendo os eventos dele, outros caras. Dá um ritmo. Por exemplo, o MQN tá inteiro aqui nesse momento. O Áudio 3 está aqui. O Léo, do Rockefellers, tá aqui, o Pedrinho, do Vamoz, de Recife, tá aqui. A cidade é um pólo de turismo muito forte e os rockeiros também vêm para Natal nesse período. E a gente não tinha uma opção para oferecer pra esses caras, uma opção legal, boa, do turista, do cara de fora poder ver qual é a do rock na cidade. Então se tu pára um negócio no mês que tem mais gente de fora na cidade é um treco meio sem explicação.
Os festivais de verão imperam pelo Nordeste com axé, pagode, forró e bandas de rock mais pop. O Circuito Rock DoSol privilegia as bandas independentes de rock, qual o critério para a escolha das bandas?
A gente meio que não escolhe, a gente aproveita as bandas que estão vindo naquele período. Ano passado foi bem eclético porque demos a sorte de várias bandas estarem disponíveis naquele período, teve de NX Zero a Dolores, Wander Wildner, Astronautas. E este ano foi a mesma coisa. Não ligamos pro Luxúria e dissemos: – Luxúria, vocês vão tocar aqui dia 20. Não, o Luxúria tinha uma turnê pelo Nordeste nesse período de janeiro e nós puxamos. Tinha o Canto dos Malditos que não deu para vir, mas tava marcado. Quer dizer, não é uma escolha nossa. Claro que fazemos no perfil do bar. Se o Capital Inicial estiver passando pelo Nordeste nada acontece. A gente não vai fazer o show, eles têm o lugar deles lá, a galera que curte, mas não é a nossa. No bar é o esquema que todo mundo já conhece, que é banda independente, banda média. Na verdade não precisa ser independente, bandas médias. Se o Leoni quisesse fazer um show no bar eu não ia achar ruim não, tem gente que gosta, eu não gosto tanto. Eu faria
o show dele, cabe lá, é legal, tem uns caras que curtem e por aí vai. É uma escolha por demanda, a gente tem esses artistas nesse período e juntou todos eles no Circuito.
Das bandas locais que tocaram no Circuito ano passado e surgiram em 2006, qual a que tem mais chance de deslanchar?
Uma novidade legal é que no dia 13 de janeiro, que foi o primeiro dia do Circuito em 2007, lançamos o CD virtual do New Generation, com bandas que saíram de lá. Aí tem desde Revolver, Ravanes, Calibre, Fliperama e mais uma penca de bandas novas que passaram esse período de final de ano gravando. É uma forma da gente dar um pouco mais de espaço para essas bandas novas. Botar o cara no estúdio, pro cara gravar, ir melhorando ao poucos.
Tem mais alguma coisa a ser fechada? Você falou Autoramas…
O Autoramas foi convidado a tocar no Porto Musical, em Recife, e estamos tentando fazer, mas está difícil porque temos nossa antecedência e também eu não vou estar aqui. Não gosto muito de fazer show de banda de fora sem eu estar aqui. Fica meio atabalhoado, o pessoal fica meio inseguro, a minha equipe. Mas de repente rola, os caras são de casa. Mas é o único show que ainda pode fechar. O resto tá fechado, a programação tá bem legal, o que rolou e o que ainda vai ter. Acho que está bem representado.
Pessoal, onde, quando e quem vai tocar neste porto musical, citado na entrevista?