Ninguém pode parar o rock
Rodrigo Levino
Que o rock é por natureza algo transgressor e dissidente, isso todo mundo já sabe. A fórmula para unir isso ao pop, e deixa-lo palatável a todos os gostos, é que é sempre um desafio. Que poucos conseguem, frise-se.
É assim que podemos definir a banda carioca Autoramas: transgressora e palatável. Depois de longos três anos longe dos palcos natalenses – a última vez foi no MADA 2003 – eles estão de volta cidade, e num show imperdível. Formada em 1997, por dissidentes ou egressos de bandas importantes do rock brasileiro dos anos 90, do mainstream e do underground, o Autoramas consegue agradar a gregos e troianos, com sua mistura bem dosada de punk rock, surf music, jovem guarda com letras divertidas e inteligentes.
A objetividade do som da banda é descarada. Não há rodeios, está tudo lá, feito receita de bolo: empatia, carisma, peso e diversão, acima de tudo.A banda é comandada por Gabriel Thomaz, um sobrevivente da cultuada Liltte Quail and The Mad Birds, um dos destaques da cena brasiliense da década passada, que em holofotes passou longe dos seus antecessores oitentistas, mas em atitude não deixou dívidas a pagar.
Além de Bacalhau, um dos que não suportaram a pressão em 1997, quando o Planet Hemp ganhou da justiça brasileira o prêmio de bode expiatório dos maus costumes, o power trio conta com o baixo poderoso e distorcido de Selma Vieira, ocupando o lugar que já foi de Simone, ex-D.A.S.H. Despretensiosos com o seu “rock pra dançar”, a banda vem nesses quase dez anos, consolidando uma carreira estritamente alternativa, apesar de ter lançado em 2000 o disco Stress, Depressão e Síndrome do Pânico pela gravadora Universal.
Eles amealharam muitos fãs nessa época, quando as rádios do ramo foram invadidas pelas músicas Fale Mal de Mim e Carinha Triste. Rendeu ainda uma turnê invejável de quase uma centena de shows, atravessando o país, com direito a Rock in Rio III. Não é pouco, mesmo.Em 2001, com o disco Vida Real, a banda segue para uma pequena mas proveitosa turnê no Japão, onde mais tarde seria lançado um disco exclusivo para o país, o Full Spead Ahead.
Mas quem nasce e gosta do “undigrudi”, sabe que seu lugar é longe das majors, levantando as guitarras dos independentes e nem por isso menos qualificados. Assim, em 2003 a banda lançou pelo selo goiano Monstro Discos, o aclamado Nada Pode Parar os Autoramas. Colando na seqüência-receita de riffs grudentos, melodias de fácil absorção e letras cada vez mais bem humoradas e cáusticas, o grupo deu um chute certeiro e desde então colhe os frutos do ótimo disco, elogiado pela crítica e chacoalhado pelo público.Repetiram o exaustivo número de quase cem shows em 2005, em festivais e apresentações solo, com passagens pela Argentina, Uruguai e Chile, e ainda descolaram três prêmios no último Vídeo Music Brasil, da MTV, com o clipe da música Você Sabe. Moral, e não é pouca.
Quer mais motivos para dedicar a sua noite de sexta-feira ao rock’n’roll? Sobem ainda ao palco do Circuito DoSol Rock, as bandas potiguares Peixe Coco e Os Bonnies. As duas bandas vêm de ótimas fases, consolidando o nome no meio indie e divulgando a música do RN por aí. O Peixe deu um mergulho e tanto em 2005, com uma turnê pelo sul do país que rendeu quase vinte shows, mostrando sua mistura de funk, dub, rock, seguindo uma linha distorcida de influências que vai de At The Drive In a Queens of The Stone Age. Em português, claro.
Já Os Bonnies dispensam apresentações. Depois de performances destruidoras – literalmente – em festivais potiguares e bares idem, a banda com seu rockabilly selvagem continua divulgando o disco homônimo, que já rendeu elogios por uma penca de jornalistas especializados de todo o país. Justos, diga-se de passagem.
Para quem não sabe ainda, o show de amanhã também pode servir para os fãs comemorarem o convite feito banda, para tocar num dos mais conceituados festivais de rock brasileiros, o Bananada, em Goiânia.
Então tudo certo. Seja punk ou jovem guarda, querendo se divertir, dançar e curtir numa boa, o caminho é um só: DoSol Rock Bar. Porque se ninguém pode parar os Autoramas, imagine então acompanhado do Peixe Coco e d’Os Bonnies.
Serviço:
Circuito Rock DoSol
Com Autoramas (RJ), Peixe Coco e Os Bonnies
Quando: Amanhã
Hora: 21h.
Onde: DoSol rock Bar, Ribeira
Quanto: R$8,00