Camarones na estrada, mais uma vez
Sérgio Vilarsergiovilar.rn@dabr.com.br
Shows têm início por São Paulo amanhã, sendo Sococaba a primeira cidade contemplada. Foto: Nicolas Gomes/Divulgação |
O Camarones Orquestra Guitarrística está de malas prontas para mais uma série de shows que marcam o começo da tour 2012 do grupo instrumental potiguar. O quinteto é hoje a banda mais organizada para este tipo de empreendimento. Na última turnê foram 180 shows fora das muralhas potiguares em todas as regiões do país e na Argentina. O périplo se repete nessa nova viagem. As regiões Norte, Nordeste, Sudeste e a Sulamérica estão nos planos.
Para além do talento já reconhecido em mídias nacionais e locais, há uma explicação para o alcance conquistado pelo Camarones em apenas três anos: a articulação com os movimentos independentes, notadamente o Fora do Eixo, responsável por boa parte do circuito da atual turnê da banda. Se a troca oferecida pelo FDE, de espaço para apresentações e divulgação no lugar de cachês, é válida, O Camarones mostra que sim e só em março inicia 13 compromissos fora do RN.
Já na primeira parte da tour o Camarones cumpre datas nos estados do Amazonas,Pará, Rio Grande do Norte, Paraíba e São Paulo. A banda também ultrapassa os limites do país e vai até o Uruguai e Argentina. “Juntamos dois anos de shows e a gravação de dois discos. A parada no fim do ano foi estratégica para podermos planejar e criar novas metas. Estamos muito empolgados com esse novo momento”, diz Léo Martinez, guitarrista da banda
DVD
Além dos shows o Camarones prepara o lançamento do seu primeiro DVD. No conteúdo do trabalho terão tours reports acumuladas em dois anos de atividade, takes ao vivo, clips e um show que será gravada na próxima terça-feira, na Casa da Ribeira, dentro do Projeto Cena Aberta. O produtor e integrante do Camarones, Anderson Foca, conta mais da turnê e do projeto de gravação do DVD da banda.
Agenda de março
Quinta, 8 de março, Sococaba (SP)
Sexta, 9 de março, Sesc São José dos Campos (SP)
Sábado, 10 de março, Grito Rock, Bauru (SP)
Domingo, 11 de março, Casa Fora do Eixo (SP)
Terça, 13 de março, Grito Rock na Casa da Ribeira (RN)
Sexta, 16 de março, Vitrola Bar em Campina Grande (PB)
Domingo, 18 de março, Pogo Pub em João Pessoa (PB)
Quinta, 22 de março, palestra sobre gestão de carreiras, em Manaus (AM)
Quinta, 22 de março, Amazonas Rock, Manaus (AM)
Sexta, 23 de março, TV Cultura, em Belém (PA)
Sexta, 23 de março, Fuxico, em Belém (PA)
Sábado, 24 de março, Rádio Cultura em Belém (PA)
Sábado, 24 de março, CDL Capanema (PA)
Domingo, 25 de março, Bragança (PA)
Entrevista >> Anderson Foca
“Existimos para gerar movimentação cultural na cidade”
O Camarones talvez seja a banda potiguar com mais regularidade em turnês fora do Estado, mesmo ainda jovem, com apenas dois (três?) anos. A que se deve isso?
Acho que a gente concentrou uma força de trabalho muito grande quando começamos com a banda e indo direto ao ponto, invertendo a lógica da maioria das bandas: a gente faz discos para fazer tour e não o contrário. No Brasil há muito a estética da divulgação de discos em shows. A gente percebeu que poderia inverter essa lógica, então nossos discos são desculpas para estarmos na estrada o tempo todo. Essa combinação inicial deu bem certo e estamos até hoje colhendo os frutos.
Até que ponto a relação estreita do Dosol com o movimento Fora do Eixo colaborou neste sentido?
O Dosol tem uma relação estreita com combos culturais das mais diferentes áreas e combinações desde sempre. É nosso grupo de interesse no trabalho e que gera uma enorme network. O movimento Fora do Eixo é um deles e admiramos bastante a política colaborativa que o movimento vem desenvolvendo nos últimos seis anos. Quanto ao Camarones, utilizamos bastante a plataforma do FDE para fazer shows, principalmente em cidades que seriam impossíveis tocar se não fossem eles. Jamais tocaríamos, por exemplo, em Sete Lagoas (o show foi excelente) se não tivesse um coletivo Fora do Eixo lá. Outras bandas como Monster Coyote, Talma&Gadelha e agora o Red Boots também seguem na mesma tendência se utilizando do network do Dosol. É para isso que existimos, né? Para gerar movimentação cultural na cidade e no país.
O circuito de apresentações do Camarones, hoje, já foge (ou quer fugir) desse vínculo com o FDE?
O Camarones anda em todos os circuitos que simpatizam com nosso som. Já tocamos em festival só de música instrumental e em festivais de hard rock/metal com igual entusiasmo. Nossas tours não se limitam aos contatos que temos com o Fora do Eixo, então nunca fugimos (nem queremos fugir) de nada a respeito. Somos um grande ruby cultural que se interessa por música no Brasil. E nisso tem o FDE, Sistemas S (Sesc, Sebrae, Sesi), os festivais independentes, as casas de show… Atuamos em todas essas frentes por igual.
Conquistar outros espaços fora desse circuito quer dizer, necessariamente, ter vida própria fora do movimento?
Acho que há uma confusão de entendimento sobre o que é que esse tipo de movimento. Não existe está dentro e está fora. Você aciona e se relaciona com os movimentos culturais (qualquer um) quando achar que é válido, quando quer contribuir ou quando quer acessar algum equipamento cultural. Temos vida própria desde o primeiro dia que fundamos o grupo, somos independentes, traçamos nosso caminho e trabalhamos muito para criar espaços pra nossa música independente de qualquer movimento cultural existente (inclusive do Dosol).
O DVD do grupo será produzido por quem?
O DVD tem vários conteúdos dos últimos três anos: clips, tour reports, takes ao vivo e na terça, dia 13 de março gravaremos a ultima parte do vídeo no show da Casa da Ribeira, dentro dessa tour. Deve sair no final de março/começo de abril.
Você já tem quase 20 anos de carreira musical. Qual o sonho de Anderson Foca?
Já vivo o meu sonho. Agora é tentar passar mais tempo possível vivendo ele, né? (risos). Não é fácil, cada ano os desafios aumentam e a coisa fica mais difícil. Novos desafios surgindo. Mas seguimos em frente.