Por Bruno Nogueira
Nevilton é do Paraná. As vezes é o nome desse cara no canto direito, mas também é o nome da banda dele. Talvez a idéia soasse mais arrogante se não fosse um nome tão esquisito. A música que ele me entregou em um CD-R envolto numa folha de papel já parecia ser incrivelmente pop e promissora, mas de uma forma que jamais poderia provar o quanto incrível seria o show no dia seguinte ao primeiro encontro no Festival Calango, em Cuiabá. É excelente no grau para sair da amarra independente e viciar quem escute, com um pacote completo de boas letras e poesias.
A gente sabe que a música existe em qualquer canto do mundo, mas é difícil imaginar que venha até do Amapá. O Mini Box Lunar vem de lá e, o melhor, em 2009 não precisaram se mudar de lá para São Paulo para poder rodar em alguns festivais chave como o Goiânia Noise e o Se Rasgum (no Pará) que fizeram chamar atenção pelo som deles. A banda é, como já foi melhor definido por outros, o resultado mais provável caso os Mutantes fosse surgir apenas hoje. A referência psicodélica faz a comparação inevitável, mas o som do Mini Box tem personalidade própria. Ainda falta uma boa gravação para eles, mas isso se resolve em 2010.
Caldo de Piaba vem do Acre, longe assim. São uma banda instrumental que mistura Carimbó com a guitarrada do Pará. Mas a mistura que eles fazem ainda passa por ska e brega, samba rock e Beatles. As releituras são uma parte importante do trabalho do Caldo que, na medida em que começa a aparecer na programação de festivais, também leva a composição tradicional do Acre para novo público. São uma daquelas bandas que, quando você vê ao vivo, precisa de uns três ou quatro minutos para se recompor.
Aliás, instrumental vai deixar de ser uma tendência para se tornar uma regra próximo ano. A Vendo 147 consegue o que parecia impossível: ser relevante, sem vocalista, na terra do Retrofoguetes. O espanto vem do impacto ao vivo, com duas baterias siamesas destruindo tudo. É rock sem firulas, com um repertório que vai do surf ao skate nos nomes e referências visuais. Vai se acostumando ai com a música deles – e das outras três bandas acima – que elas vão aparecer na grande maioria da programação dos festivais. Possivelmente até mais que isso…
Bruno, li sobre o Levilton na Rolling Stone, certa vez. Me pareceu interessante, vou ver qual é. Quanto ao Vendo 147, é muito massa, aprovadíssima a banda do garoto Dimmy.
NEVILTON É FODA. UM SUPERGRASS QUE CANTA EM PORTUGUÊS.