De: João Pessoa-PB
Selo: Independente
Para quem gosta de: Superguidis, Muse
A Nublado é uma banda que está trazendo vida nova para a cena independente da Paraiba. Até então, passear em um show ou festival de rock de lá era perceber que a maioria das referências dos grupos locais tinham ficado no meio dos anos 90. Quando então, no meio da programação, surge alguém pedindo licença para tocar um cover do Superguidis, o potêncial para troca de informação já cresce um monte. É uma turma que está atenta ao que acontece no restante do país e disposta a participar disso. E, assim como os compadres gaúchos, com a tão necessária maturidade pop.
Mas transformar uma cena local vai além de simplesmente tocar boas músicas e atualizar as referências. A banda está no centro de novidades em proporções quase épicas para a cidade, fundando um dos primeiros coletivos de música da Paraíba, reunindo esforços para diminuir os custos de ensaios, shows, etc. Não bastasse, decidiram também não esperar mais uma solução de terceiros, articulando o próprio festival e assumindo os prejuizos de abrir uma casa de shows para esse tipo de banda. Tudo isso como um dos braços do Coletivo Mundo, que ainda reune outros amigos para ajudar a cidade sair do marasmo.
A banda tem três vocalistas. É formada por Fábio Viana (guitarra e voz), Andrei (baixo e voz), Rayan Lins (bateria e voz) e Alberto Nanet (guitarra). Foi formada em 2008 e, com seis meses, lançou um primeiro EP de três faixas. O nome veio de uma das antigas tentativos dos integrantes em formar uma banda e acabou ficando, por casar com a propostas de músicas com um clima mais denso. Nesse primeiro suspiro de vida, eles chegaram a chamar atenção do Jamendo, o site colaborativo de música, que em uma coluna da casa destacou o grupo como uma das promessas da música no Nordeste do Brasil.
Esse potêncial ficou claro mesmo com o segundo EP do grupo, “Vôo Livre“. Produzido, gravado e mixado no estúdio DoSol em Natal, as músicas deram uma lapidada final na cara do som da banda, com uma pegada ainda mais pop e vozes com forte efeito viciante. As quatro faixas carimbaram o passaporte deles para os primeiros shows fora de casa, passando por Natal, Recife e Fortaleza. Conversei com a banda sobre essas expectativas e o momento atual que eles estão:
Sempre pergunto isso, porque acho a melhor maneira de conhecer uma banda. O que vocês gostam de ouvir? E o que tem ouvido ultimamente independente de ter gostado ou não?
RAYAN: Gostamos de ouvir muita coisa, de jazz a grunge (Carol, amiga e agora produtora é que adora quando rola isso), soul, funk, samba, música brasileira de 70, rock alternativo, indie rock, british rock e os clássicos do rock. Ah, Andrei gosta de Caetano Veloso, já eu não suporto! Mas 99% das vezes a gente se entende. Ultimamente eu não tenho baixado muita coisa, passei a escutar música quase apenas enquanto dirijo. Quando vou atrás de algo é coisa velha, nada de novo… baixei o primeiro disco de Betty Davis, gostei demais! Um pouco de funk e soul tem me agradado bastante, mas ainda não parei pra baixar muita coisa. Tenho ouvido coisas brasileiras antigas também.
Som novo que tenho escutado é quase sempre de bandas independentes nacionais, Macaco Bong é uma que vez ou outra to colocando o disco no carro ou no Espaço Mundo pra rolar. Gosto muito de Queens of the stone age, Radiohead, Weezer, Sonic Youth, Jorge Ben e os clássicos como Beatles, Led Zeppelin, Bob Dylan, Hendrix, Who
Fábio tem ouvido bastante Death Cab for Cutie, mas também curte Beatles, Stones, Led Zeppelin, Nick Drake, Radiohead, Interpol, Strokes. Já Andrei, que curte Radiohead, Coldplay e Travis, tem começado a ouvir mais jazz e música brasileira dos anos 70. Por fim, Alberto tem escutado muito electrorock, além de muito groove que tem sido apresentado por Daniel Jesi, do Burro Morto.
Como é ter uma banda em João Pessoa? Tem muitos lugares para tocar, as pessoas vão até os shows e apoiam a cena local? Vocês estão satisfeitos com a cidade?
RAYAN: Ter banda em João Pessoa é igual a todo canto, se você quer apenas ter um hobby, impressionar umas gurias e tocar para os amigos. Pra quem quer levar a música a sério, a cidade não tem sido o melhor dos cenários. Temos poucos lugares pra tocar, muitos aparecem e fecham em menos de um ano, mas o maior problema que vejo é o público, apático e desinteressado.
E é da insatisfação com esse cenário que montamos o Coletivo Mundo, com o intuito de atrair as pessoas envolvidas de qualquer maneira com qualquer manifestação artística independente e que tem vontade de trabalhar para mudar esse cenário.
ALBERTO: O publico daqui é complicado, você vê na rua, nas escolas particulares da praia, uns rockeiros, roupas estilosas, visual hype, só que essa galera prefere ficar em casa assistindo show pelo youtube do que sair e prestigiar quem é da cena. Contudo sou muito satisfeito com minha cidade, no sentido de que faço parte de um grupo que está trabalhando para modificar essa visão do publico, para criar e fortalecer uma cena decente em João Pessoa.
O Nublado está começando a ensaiar os primeiros passos dentro do circuito de festivais independentes. Qual é a expectativa de vocês em relação a isso? O que esperam conseguir tocando fora de casa?
RAYAN: É muito bom ver isso acontecendo, cria-se realmente uma expectativa, mas temos os pés no chão. Sabemos que temos muito chão pra correr, somos uma banda nova e o que mais queremos é evoluir sempre, nas composições, nos shows. O que esperamos é que nossa música chegue a mais pessoas e que elas realmente gostem do que estamos fazendo, esse é o primeiro passo pra que possamos viver disso.
ALBERTO: Para mim que estou no barco agora é fenomenal. Esse lance é importante porque é nessa hora que começa a aumentar a responsabilidade com a banda. Tocar fora de casa é bom demais, porque é uma vibe diferente, é outro espaço e você saca que sua musica ta expandindo, você começou a chamar um atenção legal e por isso aparecem as oportunidades. Agora, tem essa de ter que ralar mesmo, tanto pra estar se garantindo no palco como pra estar representando bem toda uma galera que trabalha junto com a gente.
A banda tem recebido pequenos sinais de que pode ir além das outras “bandas de fim de semana”, com destaques em sites especializados nacionais (Trama Virtual) e internacionais (Jamendo). Se isso acontecer, vocês encaram? Até onde esse papo de banda é sério para vocês largaram emprego e viverem de música?
RAYAN: Espero por isso desde que comecei a tocar bateria nas panelas da minha mãe! É para isso que fazemos música, viver dela seria algo maravilhoso e resultado de muito trabalho. Eu já larguei meu emprego e atualmente me dedico às atividades do Coletivo Mundo, do Espaço Mundo e do Nublado. Já tivemos sérias conversas sobre isso e realmente queremos viver de música, pois é o que mais satisfaz a todos nós!
ALBERTO: Cara “até onde” não da pra responder, porque não tem. Eu estou decidido a viver de musica e não importa o resto. Largar o emprego é mínimo, além disso tem todo o rojão que você tem que aguentar pra viver nessa. Isso para mim é sério, seríssimo. Não dá para trabalhar para outra coisa. Eu tenho um trampo que me garante uma grana legal, mas na hora que preciso, eu largo e caiu na pista. Sem pestanejar.
FÁBIO: No meu caso, seria a única forma de atingir alguma satisfação profissional e reconhecimento. Tenho estudado para concursos públicos pensando em garantir uma grana no fim do mês, mas para investir na banda. A prioridade é a música!
Tudo isso (repercusão, festivais, etc) está acontecendo ainda no lançamento de um EP. Como está a programação de vocês? A banda pensa em lancar um disco, ou pretende ficar só nos singles? Como estão se organizando em relação a isso?
RAYAN: Queremos lançar um disco, mas só quando tivemos suporte para isso. Uma gravação profissa e uma distribuição legal, se isso vai ser com recursos próprios ou através de algum selo/gravadora, não importa. Enquanto isso vamos lançando apenas EP’s. O próximo deve sair fim desse ano ou começo do próximo. Esse ano é para trabalhar em cima da divulgação do “Voo Livre”. Temos muita vontade de tocar fora do Nordeste e sentir como é essa experiência, levar nosso trabalho mais longe…
FÁBIO: Certamente gravaremos albuns mais pra frente, mas para isso é preciso ralar muito: tocar pelo brasil, amadurcer o instrumental e as composições, conhecer melhor como funciona todo o esquema. As músicas desse primeiro álbum devem ser a soma ou uma seleção entre todas as músicas feitas nesse caminho.
ALBERTO: Devemos seguir com a apresentação legal desse EP, fecha umas viagens e tentar alcançar um pouco mais distante no país; mostrar o som mesmo, investir pra que as pessoas conheçam o nosso som.
Banda irada demais!!! É nós amanhã em recife!!!!
Ihull!!
Não é o tipo de som que curto =/, nem de longe, mas concordo com eles no que diz respeito que o público daqui, a maioria, é apático e desinteressado… Muita modinha e pouca participação!!!