Os últimos dois meses foram decisivos na forma como vamos consumir música no futuro. Desencadeado pela decisão da banda Radiohead em deixar que o público decida quanto vale seu disco, várias ações foram desenvolvidas de forma muito acelerada, reconfigurando a própria cadeia produtiva da música. Paralelamente, esse foi o tempo que a maior plataforma social de música no mundo, o site de relacionamentos MySpace, se instalou no Brasil. Passado esse primeiro impacto de novidades, a Folha de Pernambuco conversou sobre as mudanças com o jornalista Luiz Pimentel, Diretor de Conteúdo e um dos elaboradores do MySpace Brasil (http://br.myspace.com)
Criado em fevereiro de 1999, o MySpace chegou a marca de 100 milhões de usuários em 2006, se confirmado como principal rede social do mundo. Em apenas um ano, esse número dobrou, e com uma média de crescimento de 200 mil novos usuários por dia, o site já tem mais de 200 milhões de pessoas cadastradas. A grande maioria desse número é de bandas e músicos em geral. “Um portal como o MySpace fazia falta enorme aqui. Quer dizer, sempre tivemos MySpace, mas com ele em inglês ficava sempre uma plataforma distante”, comenta Pimentel. “Quando lançamos a versão em português, havia 55 mil bandas brasileiras, agora triplicou o número de registros e de acessos ao site”.
O MySpace é uma ferramenta poderosa. Nos Estados Unidos, turnês inteiras são fechadas e novos artistas contratados por selos e gravadoras através do site. Uma das estratégias mais vitoriosas, já em implementação no Brasil, é a articulação para que artistas lancem o disco primeiro no MySpace (para ser ouvido apenas) antes do CD físico chegar às lojas. “Nós estamos fazendo uma tonelada de lançamentos”, celebra Luiz Pimentel. Só no mês de janeiro, a plataforma serviu de ponto de partida para o novo clipe do Sepultura e dos discos das bandas Nitrominds, Carbona, Hill Valleys, Miss Kittin, Nada Surf e Bullet for My Valentine.
Sobre a forma como vamos passar a consumir música, os números dão ao MySpace posição central para o olho do furacão da música digital. “São 270 milhões de perfis no mundo inteiro, 120 milhões de visitantes diferentes por mês, 10 milhões de bandas no MySpace. São uploadeadas (enviadas) 10 milhões de fotos todos os dias, 100 mil vídeos, e os números não param de crescer. Você não tem limite de amigos, nem de fotos nem de vídeos, tem um blog acoplado ao seu perfil, um instant messenger com skype gratuito, pode ouvir músicas, assistir vídeos de todos esses artistas e adicionar todo esse conteúdo ao seu próprio perfil, que é inteiro customizável”.
Por ser uma ferramenta que permite interação com outros sites, o MySpace tem uma experiência positiva de remunerar artistas pelo download de música através do serviço Snocap. “O usuário que gosta, vai lá e compra a faixa por uma vitrine, por trás, ele está comprando do Snocap”, explica Pimentel. É similar ao que acontece com a Trama e sua plataforma Trama Virtual e ao mais recente serviço lançado pelo site Last.FM, com diferença de uma escala global – já estão sendo implementadas versões indiana e russa do site.
No momento, esse é o principal entrave para o Brasil. “Aqui há essa dificuldade de editores, mas vamos chegar a um modelo justo para os artistas, para que valorizem a própria obra”, comenta Luiz. “Na verdade, as bandas acabam inserindo o MySpace nas gravadoras, pois de modo geral elas gostam e usam. A maioria dos perfis de bandas, daqui e de fora, é tocado pelos próprios artistas. E nós somos amigos das gravadoras no sentido de que acabamos promovendo artistas”, completa.
Enquanto não chega a um acordo com os jogadores principais da indústria fonográfica, o MySpace Brasil se aproxima de outras frentes que também estão provocando mudanças no cenário nacional. Em breve, eles devem anunciar uma parceria com a Associação Brasileira dos Festivais Independentes (Abrafin). “Nosso universo com o da Abrafin é o da música boa. Aqui não existe jabá, ninguém nunca sequer fez menção de falar para eu colocar tal banda, nada disso. Então, estamos juntos. Falta formalizar o melhor para ambos, afinal isso é o princípio de parceria”, conclui.
Bandas fecham turnês internacionais pela plataforma
Uma das definições desse novo mercado de música é que ele funciona totalmente através de nichos. Uma banda que encontraria poucos seguidores no Recife, por exemplo, consegue juntar público considerável pelo Brasil com muito mais facilidade e encontrar pares na Europa na distância de um clique. É o caso da banda de trash-death metal Project 666 (www.myspace.com/project666metal), de Olinda. “Uma das vantagens é que a banda recebe visibilidade no mundo todo. Para nós, que fazemos um som que visa tocar na Europa, o site já rendeu comentários de produtores e bandas de lá”, comenta o baterista da banda, Eduardo Martins.
Situação parecida com a da banda Astronautas (www.myspace.com/osastronautas). Depois de fechar o circuito de festivais independentes no Brasil, eles começam a mirar no exterior e o MySpace é um dos principais passaportes para o exterior. “Temos realizado contatos muito importantes, dentro e sobretudo fora do Brasil”, conta o vocalista André Frank. “Produtoras, agenciadores, bandas, estamos montando nossa turnê européia inteira a partir do MySpace”, completa.
Olá Bruno,
Vejo que sabe muito sobre o como atuar no myspace.
Sabe me dar alguma dica de como fazer meu lançamento do cd?
http://www.myspace.com/carlosdiasshow.
Um abraço.
Carlos