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UM NOVO BEM-VINDO A PEDRO MENDES

Por Foca

Acendia um alerta do zap como outro qualquer e fui lá conferir. O amigo cultural Rodrigo Bico me chamando pro papo, dei cabimento e ele diz: – estou conversando aqui com Pedro Mendes e a gente queria ver a possibilidade do Dosol trabalhar no novo álbum dele. Fingi que estava tudo bem, fiz a egípcia, mas por dentro o coração bateu forte. Pedro Mendes participa da minha primeira memória afetiva da música em Natal, primeira pessoa que reconheci como artista potiguar quando meus pais escolheram a cidade para morar em 89. Alto, estiloso, boêmio e poderoso com a voz e o violão em punho. Era o que chamávamos de ARTISTA. Isso se confirmava quando o via em ação, já defendendo músicas próprias e interpretando gente da sua geração, quase sempre pretos que nem ele, mostrando o Nordeste do reggae, samba-reggae e MPB de acordo com cada ocasião.

Quando abri os primeiros arquivos de “Escute Aqui”, álbum que lançaremos por esses dias, senti o peso da sua longa jornada toda ali. Me veio a enorme responsabilidade de ajudar na narração de uma carreira que é como nossas vidas, cheias de aventuras, amores, dificuldades, derrotas e superação. E pouca gente narra Natal com seus defeitos e qualidades como Pedro Mendes Brasileiro. O desafio era viver a vida de agora, 2020. Fazê-lo competir novamente, depois de sérios problemas de saúde que foram cruciais para tanto tempo sem um novo álbum. “Escute Aqui” sai 30 anos depois de “Um Pedro A Mais”, seu último álbum de estúdio lançado em 91.

Conversamos, divagamos e fui fechar as canções, me sentindo inseguro de editar ideias iniciadas por gente como Sérgio Farias, Silvio Franco, Erick Firmino, entre outros bambas que entregaram suas habilidades nas gravações. Logo eu, um empírico, sem nenhuma habilidade motora, formatando esse nível de informação para esse tipo de artista. A vida é mesmo uma aventura.

Pedro Mendes passeia pelo mundo em “Escute Aqui”. Vai para Bologna num baião com a mesma habilidade que narra o Boi de Parintins em outra faixa, até encontrar seu Barro Vermelho debaixo de um jambeiro aqui mesmo em Natal. Autor do hino não oficial da cidade, a incensada canção Linda Baby, Pedro conta como ama Natal e diz que na cidade “ninguém se dá muito mal”. Na semântica da frase dá até para discordar dele, mas no aspecto vivo da análise de uma composição, acho mesmo que essa letra é um grito de esperança por dias melhores. Dias melhores pra Pedro e para todos nós.

Mesmo parecendo padecer, a arte sempre ganha. Um novo bem-vindo para Pedro Mendes que se renova a cada dia que nasce. Axé.

 

Foto: Luana Tayze

 

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