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AS ALEGRIAS E FRUSTRAÇÕES DA VOLTA DO CIRCUITO CULTURAL RIBEIRA

Por Anderson Foca

Vamos ter três etapas “pocket” do Circuito Cultura Ribeira esse ano. Abrimos uma chamada pública pra selecionar 40 atividades e mais de 500 artistas inscreveram seus projetos.

Quero aproveitar e fazer alguns apontamentos. Eu não fiquei muito empolgado pra essa volta reduzida do Circuito, por razões muito claras. A primeira era que a gente não ia ser capaz de fazer o que já tinha feito antes. A última leva do CCR em 2018 tinham 40 atividades por edição em oito etapas, por isso quase todo mundo que se escrevia terminava de algum modo sendo chamado pra se apresentar (a grande maioria). Pro público, a volta do circuito vai ser igual sempre foi: festiva, bacana, gratuita e no bairro histórico da Ribeira. Já pra produtores e artistas, pela falta de grana – e por tabela de espaço – ela é frustrante.

O Circuito Cultural Ribeira não é do poder público, antes fosse. Organizamos as coisas do CCR exatamente pra chamar atenção pro centro histórico, pra pressionar e mostrar que com orçamento podemos gerar energia, espaço para novas tendências, diversão, alegria e roda econômica em volta da cultura. A incrível interação e alegria do público com a atividade, junto com a balde de água fria que é não conseguir por a grande maioria dos artistas que se inscreveram em ação mostra que PRECISAMOS DE MAIS ORÇAMENTO PRA CULTURA POTIGUAR EM TODAS AS ESFERAS. Tá aí a prova da demanda reprimida. Com um agravante, o circuito não é do poder público, não somos nós que vamos resolver essa pendenga. Mas fazemos o que dá pra fazer dando nosso melhor, o que considero muita coisa.

Outro lance sobre produzir ações culturais quando você também é artista é a expectativa versus a DURA realidade. Eu sou músico, compositor, canto, toco e produzo ações culturais. Tudo o que faço na área é pra ter e gerar espaços, que lá no começo da minha carreira em 97 servia só para mim (produzir pequenos shows da minha banda e coisas do tipo) e que depois foi virando uma combo que atende a coletividade também como o Festival Dosol e o próprio Circuito Cultural Ribeira (entre outros). Faço questão de me apresentar nos espaços que ajudo a criar pra coletividade. Artistas que também produzem são guerreiros do corre cultural. Acho justíssimo que se apresentem em espaços que ajudam a criar. É por isso que minha mana Valéria Oliveira toca nas edições do MPBJazz, que os festivais de samba da Ribeira Boêmia tem show deles em todas as edições, que as atividades carnavalescas da Beju Produções recebam os incríveis Frevo do Xico e Fobica do Jubila e por aí vai com inúmeros exemplos de todos os tipos e tamanhos espalhados pela cidade.

Toda essa galera tá no corre dobrado, as vezes triplicado de tocar, produzir, organizar e afins. As vezes até abrindo mão de um artístico de qualidade, cansados de ter que fazer tudo (perdi as contas de quantas vezes cantei rouco com minhas bandas no Festival Dosol). Não é o mundo ideal e provavelmente nunca será. É como já disse lá em cima: expectativa versus a dura realidade. Nem precisava estar explicando o óbvio, mas as vezes é preciso.

Ainda não decidi se estou feliz ou frustrado com a volta do Circuito Cultural Ribeira. A vontade de hoje é nunca mais fazer o projeto, mas como toda vontade, dá e passa.

Acho que é isso. Sigamos!

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